23 de novembro de 2018

Transcistada

Foto: Bianca Ursini

Quantas identidades cabem em mim? Essa é a provocação e o impulso inicial para a criação da performance multimídia "Transcistada", que abarca a diversidade ao falar da intersecção entre várias formas opressão, que incluem gênero, raça, forma e classe social. O espetáculo tem duas apresentações gratuitas na Fábrica de Cultura do Capão Redondo, nos 7 e 8 de dezembro.
O coletivo une experiências individuais para levar para a cena discussões acerca dos corpos periféricos, corpos queers e aqueles que rompem as fronteiras de gênero e de padrões sociais, residentes geralmente em contextos de alto grau de violência e que trazem nas diferenças uma forma potente de (r)existência.
Durante a performance o público é convidado a entrar em uma grande caixa preta, imergindo no universo de Transcistada. A música inspirada nas práticas de meditação oriental conduz o espectador por diferentes ambientes habitados por corpos que narram através da dança e das projeções de vídeo um pouco de suas histórias. O objetivo é trazer a urgência de discussões sobre empatia, humanização do olhar e a inclusão para manter-se viva quando se é o alvo de investidas de extermínio no contexto urbano periférico.
O trabalho inicia com Manifesto Transcistada, no qual a performer Jup do Bairro (parceira da rapper Linn da Quebrada em shows pelo Brasil e pela Europa) se coloca como um corpo negro, gordo e travesti. Em outro momento, Carolina Santos, uma jovem mulher cis e negra, pinta uma grande tela em branco com seu cabelo afro, enquanto são projetados poemas e imagens de mulheres ícones históricos do feminismo negro, que foram silenciadas.
Kitty O’Reis, que se coloca como um corpo em transição, imprime marcas de seu corpo banhado por tinta em um grande tecido branco estendido no chão, deixando marcas em uma superfície antisséptica. E Alef Carvalho, homem cis, gordo e nordestino, usa da massa da tapioca para cozinhar e para criar a tinta que o banha ao mesmo tempo que o alimenta, assim como corpos fit urbanos.
O processo criativo contou com a colaboração e provocação cênica da atriz e diretora trans Renata Carvalho (O evangelho segundo Jesus – Rainha do céu). Os temas foram debatidos a partir de relatos pessoais e de estudos bibliográficos de personalidades importantes nas lutas de igualdade em direitos e deveres civis e sociais.
Fábrica de Cultura do Capão Redondo – Sala Multiuso – Rua Bacia de São Francisco, s/n - Conj. Hab. Jardim São Bento. Temporada: dias 7 e 8 de dezembro, às 19h; e dia 9, às 18h. Ingressos: grátis.