22 de dezembro de 2016

Presto


Criativo, divertido e com humor de sobra, o curta-metragem Presto trabalha uma história bem estruturada e eficaz. A história tem ritmo e a trilha sonora é um personagem à parte. Na trama, o coelhinho só queria comer a cenoura enquanto o mágico precisava fazer sua apresentação. Uma delícia de se ver!

21 de dezembro de 2016

O Orgulho da Rua Parnell

Foto: Eliana Souza

O espetáculo inédito no Brasil O Orgulho da Rua Parnell, do dramaturgo inglês Sebastian Barry, estreia no dia 14 de janeiro às 20h na Verniz Galeria. A direção é de Darson Ribeiro.  A peça é uma compilação de monólogos interconectados – interpretados por Alexandre Tigano e Claudiane Carvalho - onde um casal relata minuciosamente o resultado caótico de uma relação de amor que foi ceifada por um ato medonho de violência por parte do marido. A encenação utiliza a ambientação natural da galeria como cenário e plateia e narra 10 anos dessa complicada e também bela história de amor. Em movimentos delicados – quase paralisados – as personagens descrevem entre lágrimas, risos, tesão e orgulho tudo o que os levou à situação atual. São lembranças pesadas e até insanas, mas permeadas de um amor sem igual. A peça revela o grau de perigo, quase sempre perniciosamente velado, que existe na paixão e o estrago que isso pode provocar, caso esse sentimento seja sublimado ou potencializado em substituição às vontades próprias, fazendo do egoísmo uma arma fatal. Na obra de Barry as limitações e o controle das emoções vêm no formato de prosa, ao mesmo tempo áspera e macia. Joe Brady é um ladrãozinho insignificante que tem o apelido de “homem-meio-dia”. Ele e sua esposa Janet vivem na periferia de Dublin, na Irlanda, e apesar da vida marginalizada mantêm orgulho de seu lifestyle, como ocorre com a maioria das personagens de Sebastian Barry. No enredo, a derrota que marcou a desmoralizante desclassificação da Irlanda na Copa do Mundo de 1990, na Itália, cobrou seu preço. E parece que para o casal Joe e Janet a cobrança veio com juros altíssimos. O déficit desses dois foi maior do que o da seleção naquela noite. Alguns anos se passaram e agora eles revelam a intimidade de um amor eterno, mas também a ruptura desastrosa do casamento. Sobre o tema “violência contra a mulher”, o diretor ressalta os altos índices e o número de prisões e de mortes que vêm aumentando em vários países, incluindo o Brasil, culminando no dilaceramento familiar. “A sociedade dá pouca atenção para o fato. O teatro tem a função de alertá-la. Desta forma, o Conselho Estadual de Defesa da Mulher, por meio de sua Presidente Rosmary Correa foi o primeiro a credenciar esse projeto”, comenta Darson.

20 de dezembro de 2016

Dramaturgia em áudio 3D para celulares


A ExCompanhia de Teatro, fundada e dirigida por Bernardo Galegale e Gustavo  Vaz, comemora cinco anos de história e lança em janeiro de 2017, pela Internet, um aplicativo gratuito: O Enigma Voynich, que leva a dramaturgia do palco para os celulares. O lançamento está previsto para o dia 31. O trabalho mistura narrativa ficcional, grafite digital e áudio 3D: as cenas devem ser vivenciadas com os olhos fechados, utilizando fones de ouvido. O aplicativo, compatível com os sistemas iOS e Android, é indicado para maiores de 16 anos. A série foi produzida através da tecnologia de áudio binaural, que recria a sensação de tridimensionalidade do espaço, possibilitando ao ouvinte a percepção das cenas com profundidade sonora realista, simulando um acontecimento ao vivo ao reproduzir os sons de forma idêntica à própria captação pelo ouvido humano. A direção de produção sonora ficou sob a batuta do músico e produtor de som Gabriel Spinosa. O primeiro contato com O Enigma Voynich é visual, a partir de desenhos em grafite digital que situam o local onde a ação transcorre e mostram a posição em que a cena deve ser escutada – de pé, sentado, deitado.  Esses desenhos foram criados especialmente para o projeto pelo artista visual Achiles Luciano. O audioespectador acompanha a aventura como se estivesse “dentro da dramaturgia”, vivenciando a trama, sempre em primeira pessoa, ao se transformar no personagem José, historiador especialista no manuscrito Voynich – um livro ilustrado misterioso, indecifrável, escrito há mais de 600 anos. José se envolve em uma detetivesca trama sobre a decodificação do manuscrito ao mesmo tempo em que descobre estar perdendo a memória, encarando emocionantes situações de ação e suspense. A história se passa ao longo de 32 anos da vida do personagem central (de 1983 a 2015). No transcorrer do audioseriado, algumas cenas só podem ser acessadas em bibliotecas municipais, como a Mário de Andrade, a Sérgio Milliet (no CCSP) e a Viriato Correia. É preciso ir pessoalmente ao local para continuar acompanhando a série. Nesse caso, o aplicativo usa uma ferramenta de geolocalização para desbloquear os episódios, automaticamente. Um luxo quando a tecnologia e arte se unem num conceito pra lá de inovador! Após o lançamento do aplicativo, a ExCompanhia de Teatro promoverá, no mês de fevereiro, uma oficina gratuita de grafite digital com o Achiles Luciano, no Teatro do Centro da Terra.


19 de dezembro de 2016

O enigma de Espinosa


De Irvin D. Yalom, o livro O enigma de Espinosa tem personagens interessantes, envolvente e peculiares, a exemplo do próprio Bento Espinosa. A narrativa envolve o leitor dentro de um drama verossímil e vigoroso para a época em questão. Não há grandes recursos literários, mas a narrativa prende. A quebra dos capítulos, ora mostrando a vida de Bento Espinosa, ora mostrando Alfred, traz uma morosidade inevitável para toda a narrativa. Que, a propósito, é exatamente a época mais atual da história, a de Hitler. Parece, por vezes, enfadonha, o que deixa uma certa lentidão ao texto. Na história, quando o jovem Alfred Rosenberg, de 16 anos, é chamado a comparecer à sala do diretor de sua escola devido a suas ideias antissemitas em um discurso apresentado aos alunos, ele é forçado, como punição, a memorizar passagens sobre Espinosa na autobiografia do poeta alemão Goethe. Rosenberg fica chocado ao descobrir que Goethe, seu ídolo, era um grande admirador do filósofo judeu do século XVII Baruch Spinoza. Após se formar, Rosenberg permanece atormentado pelo 'enigma de Espinosa' - como poderia o gênio alemão Goethe ter como inspiração um membro de uma raça que Rosenberg considera tão inferior à sua, e a qual ele está determinado a destruir? O próprio Espinosa estava acostumado a punições. Devido a suas opiniões religiosas heterodoxas, foi excomungado da comunidade judia de Amsterdã em 1656, com então 24 anos, e banido do único mundo que ele conhecia. Embora tenha tido uma vida breve e humilde, vivendo isolado de tudo e de todos, ele é responsável por obras que mudaram o curso da história. Um livro interessantíssimo. Leiam!

16 de dezembro de 2016

Reestreia OVONO

Foto: Leekyung Kim

O espetáculo OVONO volta em cartaz no dia 7 de janeiro de 2017, às 20 horas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, onde permanece em cartaz até o dia 6 de fevereiro. A montagem tem texto e direção assinados pelo artista multimídia Ricardo Karman, reconhecido por montagens ousadas e inusitadas, fundador da Kompanhia Centro da Terra. A peça é uma aventura de ficção científica, satírica e filosófica, na qual um gigantesco osso vindo do espaço está prestes a destruir a Terra. A única esperança do planeta é Ovono, o mais perfeito cérebro artificial já criado, mas esta “máquina” está aprendendo a pensar, a ter sentimentos, e pode não estar preparada para a difícil missão de destruir o objeto ameaçador e salvar a humanidade. O enredo discute a ambição pelo progresso tecnológico no decorrer da evolução da civilização. Com uma linguagem multimídia inusitada a encenação ousa em técnicas de vídeo maping com projeções em suportes esféricos e infláveis (seres e imagens criadas digitalmente por Adnomi, especialmente para a peça). Ricardo Karman e a Kompanhia do Centro da Terra levam para o teatro uma reflexão fundamental sobre os rumos do progresso e o ônus do desenvolvimentismo irrefreável em nossa época. OVONO é híbrido de teatro, mímica, vídeo e animação computadorizada: as personagens interagem em perfeita sincronia com animações digitais, cujas vozes são dubladas ao vivo pelos atores na coxia, criando uma dinâmica cênica que mistura o real e o virtual - linha mestra da pesquisa de 27 anos da Kompanhia. O cenário é um inflavel, onde fica uma calota (globo) que recebe a projeção de várias cenas, inclusive a “forma sugerida” do cérebro Ovono. Quase todas as cenas ocorrem dentro desta estrutura, quando os atores têm a voz amplificada para que o som seja perfeito. 

15 de dezembro de 2016

O Terno


Para hoje acontece a apresentação do cd “Melhor do que Parece” no Centro Cultural São Paulo do grupo O Terno. O grupo tem viajado pelo Brasil para lançar o seu terceiro disco autoral, lançado em setembro. O último show da temporada acontece no CCSP composto por trompete, saxofone e trombone, que participou da gravação do álbum. É bom que se diga que este álbum traz letras mais filosóficas, com críticas à sociedade contemporânea. Também conta com novos arranjos. “Considerar O Terno como banda de rock já é um pouco ultrapassado. Nós fazemos o nosso som misturando gêneros e estilos”, realça o baterista Gabriel Basile. Confira um pouco do trabalho desses talentosos meninos no clipe "Depois que a dor passa." Uma delícia!


14 de dezembro de 2016

A Mão do Meio - Sinfonia Lúdica


A Companhia de Danças de Diadema apresenta o espetáculo infantojuvenil A Mão do Meio - Sinfonia Lúdica no dia 16 de dezembro às 19h, na Praça da Moça, centro de Diadema. A apresentação integra a programação do 4º Natal Iluminado da cidade, que nesse ano vem com o tema Vila do Papai NoelA montagem traz um enredo retrata a experiência da descoberta do corpo, das mãos e dos pés. É uma história de gestos contada por meio da dança, incluindo algumas cenas com o artifício da luz negra. Bailarinos e público embarcam na fabulosa aventura de uma “mão” que - fascinada por todo tipo de movimento - parte em busca de descobrir o corpo e, pouco a pouco, torna-se uma verdadeira colecionadora de gestos.  Segundo os coreógrafos, o espetáculo é uma sinfonia lúdica composta por movimentos, sons e luzes que faz o público mergulhar em um mundo feito poesia, onde situações do cotidiano se transformam em mágica num piscar de olhos, onde gestos simples provocam imagens surpreendentes e sensações inéditas. A apresentação é gratuita. Prestigie!

13 de dezembro de 2016

Espaço para Coletivos


O Teatro do Incêndio vai abrir sua sede para receber dois coletivos teatrais, durante quatro meses de 2017, para que possam desenvolver trabalhos de pesquisa e ensaios. Os grupos poderão utilizar uma das salas da sede da companhia, por período acordado, e terão apoio financeiro no valor de R$ 16 mil pelo período. Esta iniciativa é parte do projeto A Gente Submersa, contemplado pela 29ª edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, e destina-se exclusivamente a grupos que, há pelo menos seis meses, não tenham sido contemplados por nenhum edital. “O intuito é possibilitar que os grupos continuem organizados, sem paralisarem suas atividades, já que o número de coletivos que realizam um trabalho de pesquisa continuada é muito maior que o total de editais oferecidos atualmente em todas as esferas”, argumenta Marcelo Marcus Fonseca, diretor e fundador da Companhia Teatro do Incêndio. As inscrições devem ser feitas no período de 15 de dezembro de 2016 a 10 de janeiro de 2017,unicamente pelo portal SP Cultura, http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/projeto/2194/#tab=inscricoes, onde pode ser acessado o regulamento e o edital completo de A Gente Submersa. Os grupos selecionados serão informados até o dia 27 de janeiro, quando serão convocados para reunião no Teatro do Incêndio a fim de formalizar a parceria. O período da residência artística será de 1º de fevereiro a 2 de junho. As datas não serão prorrogadas, dando lugar a outros coletivos em novo período de ocupação que deverá ocorrer após o encerramento deste edital. Como parte da parceira, ao final da residência, os coletivos contemplados participarão de uma semana de experimentação com os atores do Teatro do Incêndio, dentro do projeto Poesia Cênica Conjugada, aberto gratuitamente ao público.

12 de dezembro de 2016

A adoção de Julia


Adoramos a entrevista e recomendamos a palestra gratuita dela nas escolas. Tema polêmico tratado com amor.

Tantos medos e outras coragens


O livro infanto-juvenil Tantos medos e outras coragens, de Roseana Murray é uma delicia de se ler. Uma literatura completa que leva o leitor a uma reflexão sobre os tantos medos que existem dentro de nós: alguns bobos, outros de tamanhos diversos e ainda há os óbvios, os comuns. Na narrativa, tem gente que morre de medo de bicho, mas não se incomoda com o escuro. Tem gente que morre de medo do escuro, mas mata qualquer aranha. Medos e coragens cada pessoa tem de um jeito, e todas as pessoas têm. Este livro conta, no verso exato, como é importante que eles existam, dando para a vida tantos desafios e tanta emoção. A autora é antes de tudo uma poetisa nata. Brinca com inteligência de quem sabe o que faz com a escrita. Um verdadeiro encanto poder lê-la. Vale à pena!

9 de dezembro de 2016

Ride Along


O filme Ride Along ou Policial em apuros (2014) já inicia com uma daquelas ações das boas, mas logo perde o ritmo e não entrega o que vende. Há pitadas cômicas, personagens clichês e história previsível. Na narrativa, Ben (Kevin Hart) trabalha como segurança em um colégio, e namora a bela Angela. Quando o namoro se torna sério, ele pensa em se casar com ela, mas antes tem que enfrentar o irmão protetor dela, James (Ice Cube), um policial linha dura. Para entregar a mão de sua irmã a Ben, James faz uma proposta: os dois vão sair em patrulha juntos, durante 24h. Se ele provar ser digno de entrar na família, receberá a aprovação para o casamento. Curiosidade: antes mesmo de estrear nos cinemas, os produtores de Ride Along já anunciaram a intenção de realizar uma sequência, Ride Along 2. Assista o trailer!


8 de dezembro de 2016

Howl


História dinâmica onde a direção e cores traduzem o mais intimo dilema vivido entre mãe e filho. Os aprendizados e as reações frente aos obstáculos tão surreais, propositais ou quem sabe verídicos. Um luxo!

7 de dezembro de 2016

2º Festival Curta Campos do Jordão


Entre os dias 9 e 11 de dezembro acontece o 2º Festival Curta Campos do Jordão, no Espaço Cultural Dr. Além com exibição dos filmes de curta-metragem que foram realizados pelos alunos da Oficina de Cinema do Cineclube Araucária em 2016. Cada sessão – sexta e sábado, às 19h30, e domingo, às 18 horas – será aberta por um uma animação convidada. São elas: Até a China, de Marcelo Marão, Macacos Me Mordam, de César Maurício e Sávio Leite, e Pintas, de Marcus Vinícius Vasconcelos. Entre os curtas jordanenses que serão exibidos estão: Cirandas e Trilhas, de Thereza Carvalho, A Construção da Arte por Reynaldo Calles, de Cervantes Sobrinho e Lucíola Figueiredo, Torta de Banana, de Roberto Tavares, Jazz na Linha, de Cervantes Sobrinho, Pé na Tábua, de Lucíola Figueiredo, 12:51, de Bruno Kubart, Paixão Pelo Cinema, de Manoel Coutinho, Peponi: Lenda ou Mito?, de Cervantes Sobrinho e Lucíola Figueiredo, Campos de Helena, de Bertina Aparecida dos Santos, Metanoia, de Renan Riso, Dias de Glória, de Cervantes Sobrinho e Lucíola Figueiredo, entre vários outros. No encerramento do Festival, serão anunciados os títulos escolhidos por um júri formado por profissionais do setor audiovisual para receber o Troféu Araucária 2016 de Melhor Curta Documentário, Melhor Curta de Ficção e Melhor Curta de Animação, além do melhor filme jordanense eleito pelo voto do público. Prestigie! Os ingressos são gratuitos.


6 de dezembro de 2016

Ex-Têncil: práticas urbanas de inter-invenção


No próximo dia 11 de dezembro, às 15h, o Núcleo Educativo da Casa das Rosas fará um curso sobre o estêncil. O estêncil - gravura expandida - é uma técnica de pintura surgida na Ásia que migrou à arte de rua devido a sua versatilidade de produção e velocidade de ação. O estêncil está presente no universo da intervenção urbana, do graffiti e de outras ações poéticas que reinauguram o pensar a cidade como transfiguração. O grupo irá produzir moldes gráficos e realizar uma ação coletiva em superfícies urbanas. as inscrições são por ordem de chegada pelo e-mail educativo@casadasrosas.org.br ou presencialmente na recepção da Casa. A atividade pode ser feita por interessados a partir de 13 anos e só tem 15 vagas.

5 de dezembro de 2016

Tempo de amar


A composição e os recursos de linguagem que o autor escreve denuncia já de cara a grande obra literária que o leitor irá encontrar folheando Tempo de amar, de Autran Dourado. As entrelinhas nos envolve pela arte praticada com eximia maestria. A estrutura da história nos instiga e o final nos surpreende ainda mais pelo ano de publicação: originalmente no ano de 1952. Os personagens têm seus perfis psicológicos bem delineados e as palavras escolhidas a dedo. Uma obra literária, de fato! Na narrativa, Ismael é um homem que prefere o brilho das recordações de infância ao presente grotesco. Quando era criança, no início do século XX, tudo parecia perfeito: a próspera Fazenda dos Mamotes, onde seu avô, o coronel Eupídio Silveira, abrigava toda a família; o açude onde tomava longos banhos com a irmã, Ursulina, e a prima, Tarsila; o cheiro do bolo de fubá da avó, dona Ritota; as brincadeiras típicas da idade. Mas tudo isso foi ladeira abaixo depois do dia em que sua irmã morreu afogada bem na sua frente, aos 9 anos, sem que ele tivesse a iniciativa de tentar salvá-la. Era sua característica apatia começando a dar sinais. O trágico incidente levou embora não apenas a vida de Ursulina, mas também a inocência de Ismael. Com isso, veio a percepção de que nem tudo ao seu redor era tão belo quanto parecia. O avô, que enterrava suas emoções o mais fundo que podia, esvaziava todo o seu silêncio e sua tristeza no ventre de uma mulata sustentada por ele. A avó sabia disso e tentava não se importar. O poder de seu sobrenome era cada vez menor em Cercado Velho, sua cidade natal, no interior de Minas Gerais. Sua tia Evangelina, recém-egressa de um casamento realizado contra a vontade dos pais, sonhava ver a filha Tarsila casando-se sem amor, como alguém que cumpre um dever apenas por cumpri-lo – para ela, o amor é uma erva daninha, um vício destrutivo que só serve para desencaminhar as pessoas. Ainda assim, Ismael prefere a nostalgia à realidade. Nenhuma alegria consegue inundar Ismael por muito tempo. E isso vale também para Paula, que ele namora escondido. Ela é a chacota da cidade, por ser filha de uma ex-prostituta e não saber quem é seu pai. É nesse emaranhado de vidas apáticas, sem sentido e sem amor, que se desenvolve a história. Antes de Tempo de amar, Autran Dourado já havia publicado outros dois livros: Teia, em 1947, e Sombra e exílio, em 1950. E em 1995, os personagens de sua estréia como romancista voltariam no também reeditado Ópera dos fantoches, que mostra Ismael já no início da velhice, relatando sua vida ao escritor João da Fonseca Nogueira, personagem presente em várias histórias do autor. Um livro que, literalmente, vale muito à pena ler!

2 de dezembro de 2016

Untamed


O curta-metragem em animação Untamed é envolvido em drama e mistério. Muito bem dirigido, o curta é repleto de simbolismos. Na narrativa, Sally, uma menina introvertida de 15 anos, se lembra de seu pai-lobo na cidade de Nova York como um trompetista de jazz brilhante e talentoso. Para onde foi o pai dela? E ele ainda pode ser encontrado em algum lugar dentro do Lobo? Vale à pena assistir!

1 de dezembro de 2016

Gui Amabis


O músico e produtor paulistano, Gui Amabis, em seus arranjos, tenta valorizar sempre os detalhes, as texturas e os espaços. Seu trabalho é reflexivo, instigante e meio que misterioso. Neto de imigrantes portugueses, seu primeiro trabalho solo, o belo e melancólico “Memórias luso/africanas” foi lançado em 2011, com participações de Céu, Criolo, Lucas Santtana e Tulipa Ruiz. Na sequência veio “Trabalhos carnívoros”: pura reflexões sobre as relações humanas a partir de um ponto de vista  pra lá de biológico. Divirta-se na apresentação de "Swell". Vale à pena conhecê-lo.