30 de março de 2018

L'homme de chevet


Quer assistir a um belíssimo filme? O francês "L'homme de chevet" ou "Cartagena" (2009) é um deles. Os personagens são fortes e tem dilemas verossímeis. As sutilezas nos diálogos vão costurando uma narrativa coerente e encantadora. Há uma bela construção de personagens e mundo. O desenvolvimento da história é coesivo e tem crescentes conflitos e resoluções. A fotografia é ordinária. As interpretações aproximam a audiência do drama. Na narrativa, após um terrível acidente, Muriel decide nunca mais sair de casa. Leo, um ex-boxeador sem sorte é contratado para cuidar dela. Pouco a pouco, ele lhe ensina a redescobrir o lado bom da vida e o amor.

29 de março de 2018

Maurício Einhorn - 80 Anos de Gaita

Foto: Divulgação

De 13 a 15 de abril acontece o show "Maurício Einhorn - 80 Anos de Gaita", com entrada franca. Considerado o maior gaitista brasileiro, o genial Einhorn – no auge de seus 85 anos – comemora oito décadas dedicadas à gaita com show autoral. O músico apresenta-se acompanhado por Alberto Chimelli (teclados), Luis Alves (baixo acústico) e João Cortez (bateria). Antes da apresentação do dia 14 de abril, haverá exibição, às 18h, do documentário "Mauricio Einhorn – Estamos Aí", dirigido por Rodolfo Novaes, sobre a vida e obra do artista.

O harmonicista é tido também como um dos melhores do mundo, tendo tocado com artistas do naipe de Sarah Vaughan, Nina Simone e Herbie Mann, entre outros. Com presença marcante no movimento bossa nova, ele compôs os clássicos "Batida Diferente" (com Durval Ferreira), "Tristeza de Nós Dois" (com D. Ferreira e Bebeto), "Estamos Aí" (com D. Ferreira e Regina Werneck) e "Alvorada" (com Arnaldo Costa e Lula Freire).

Formou com o violonista/guitarrista Hélio Delmiro e o baixista Arismar do Espírito Santo um trio dos mais requisitados nas noites cariocas, além de ter músicas gravadas no Brasil e no exterior por Tom Jobim, Leny Andrade, Herbie Mann, Paquito d’Rivera, David Fathead, Newman, Lino Nebbin, Cannonball Adderley e outros. Entre seus principais parceiros destacam-se Johnny Alf, Eumir Deodato, Sebastião Tapajós, Durval Ferreira, Arnaldo Costa, Alberto Arantes, Bebeto, Marco Versiani, Alberto Chimeli e José de Alencar Schettini.

O repertório do show é formado por composições próprias: “Já Era” (parceria com Eumir Deodato); “Valsa para Marina”, “Conexão Leme”, “Te Olhei” e “Chorinho Carioca” (parcerias com Alberto Chimelli); “Modd”, “Artimanhas”, “Travessuras” e “Conexões” (parcerias com Alberto Araújo); “Acalanto” e “Please Could You Play Again” (com Lars Bo Enselmann); “São Conrado” (com Carlos Alberto Pingarilho), “Ao Amor” (com José Schettini); “Tema de Amor” (com Sebastião Tapajós); e “Tristeza de Nós Dois” (com Durval Ferreira e Bebeto Castilho).

O espetáculo acontece de sexta a domingo, às 19h15. No dia 14 de abril, por conta da exibição do documentário "Mauricio Einhorn – Estamos Aí", o evento se iniciará às 18h. A CAIXA Cultural São Paulo fica na Praça da Sé, 111 - Centro - SP. O show é gratuito!

28 de março de 2018

Forushande


A história do drama francês "Forushande" ou "O apartamento" (2016) é interessante e surpreende. A película tem personagens plurais e verossímeis. Além disso, conta com bons plots e uma bela ideia original. A direção é justa. A trilha sonora é assertiva. Na narrativa, Emad (Shahab Hosseini) e Rana (Taraneh Alidoosti) são casados e encenam a montagem da peça teatral "A Morte de um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. Um dia, eles são surpreendidos com o alerta para que eles e todos os moradores do prédio em que vivem deixem o local imediatamente. O problema é que, devido a uma obra próxima, todo o prédio corre o risco de desabamento. Diante deste problema, Emad e Rana passam a morar, provisoriamente, em um apartamento emprestado. É lá que Rana é surpreendida com a entrada de um estranho no banheiro, justamente quando está tomando banho. O susto faz com que ela se machuque seriamente e vá parar no hospital. Entretanto, é o trauma do ocorrido que afeta, cada vez mais, suas vidas. O filme foi um recorde de bilheteria no Irã. Durante a produção inicial, Asghar Farhadi postou um anúncio em um site de mídias sociais pedindo para que as pessoas enviassem audições em vídeo de si mesmas. Milhares de iranianos atenderam ao pedido na esperança de aparecer no filme do diretor. Um filme que vale à pena assistir!



27 de março de 2018

The Boss Baby


Com ideia original pra lá de criativa, "The Boss Baby" ou "O poderoso chefinho" (2017) tem também uma direção assertiva. A animação tem personagens encantadores, engraçados e inventivos. A história é bem desenvolvida, conta com bons diálogos e boas pistas e recompensas. O humor é na medida apropriada. Na narrativa, um bebê falante que usa terno e carrega uma maleta misteriosa une forças com seu irmão mais velho invejoso para impedir que um inescrupuloso CEO acabe com o amor no mundo. A missão é salvar os pais, impedir a catástrofe e provar que o mais intenso dos sentimentos é uma poderosa força. Uma curiosidade: Quando o Poderoso Chefinho diz "Cookies are for closers" (Os biscoitos são para os mais chegados), ele faz uma referência à famosa frase de Alec Baldwin em "O Sucesso a qualquer preço" em que ele dizia "Coffee is for closers!" (O café é para os mais chegados).


26 de março de 2018

Auto da Compadecida


Mesmo em sua simplicidade, a escrita do texto teatral "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, tem requinte e brilhantismo. Com um humor imprescindível, a obra retrata histórias populares do Nordeste com ingenuidade e encanto. A cada página é impossível o leitor não se dar prazer ao riso. Digo e afirmo: um riso arguto. A peça teve sua primeira encenação em 1956, em Recife. Nas entrelinhas, há de se falar um pouco de tudo: sobre a moral, subserviência, julgamento, discussões teológicas, materialismo, discriminação, preconceito, misérias e fraquezas. O diálogo é eminente.

Na história, a peça é narrada pelo palhaço. Chicó e João Grilo tentam convencer o padre a benzer o cachorro de sua patroa, a mulher do padeiro. Como o padre se nega a benzer e o cachorro morre, o padeiro e sua esposa exigem que o padre faça o enterro do animal. João Grilo diz ao padre que o cachorro tinha um testamento e que lhe deixara dez contos de réis e três para o sacristão, caso rezassem o enterro em latim. Quando o bispo descobre, Grilo inventa que, na verdade, seis contos iriam para a arquidiocese e apenas quatro para paróquia, para que o bispo não arrumasse problemas. A partir daí, João Grilo se aproveita das situações sempre a seu favor e Chicó se revela um covarde e mentiroso. 

A história é repleta de peripécias, como o enterro do cachorro, o instrumento capaz de ressuscitar mortos e o gato que “descome” dinheiro. Uma verdadeira sátira aos poderosos que critica a hipocrisia presente na sociedade através do tipos como o Padre, o Major, o Padeiro, etc. 

Uma leitura apaixonante que recomendo!

23 de março de 2018

Duo Mosaico e Duo Flutuart

Foto: Letícia Lima

No dia 24 de março, às 20h, acontece a abertura da Temporada 2018 do Centro de Música Brasileira (CMB) com duas apresentações no Centro Brasileiro Britânico. O primeiro a tocar é o Duo Mosaico, canto e violão, com Ana Carolina Sacco e Bruno Madeira. Depois o Duo Flutuart (foto) tem flauta e piano com Paula Pascheto e Deise Hattum. 

O Duo Mosaico vai interpretar canções com poemas de Castro Alves, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Guilherme de Almeida, Henry Murger, Ribeiro Couto, Vinícius de Moraes e Walter Mariani.

O Duo Flutuart tocará Chiquinha Gonzaga passando pela vida da artista fazendo um paralelo com a sua música. São três fases da artista nomeadas pelos músicos como A Feminista, Chiquinha e Callado, Abolicionista. São obras que escolhidas traduzem a vida e a obra da artista através de seu contexto biográfico.

As apresentações são gratuitas e a Sala Cultura Inglesa do Centro Brasileiro Britânico fica na Rua Ferreira de Araújo, 741 - Pinheiros, em São Paulo.

22 de março de 2018

Histórias de Alexandre

Foto: Divulgação

O infantojuvenil "Histórias de Alexandre" reestreia no dia 24 de março no Teatro João Caetano para uma breve temporada que vai até o dia 15 de abril, sempre aos sábados e domingos, às 16 horas. Concebida a partir da obra de Graciliano Ramos, a montagem tem direção de Cristiane Paoli Quito.

Histórias e fanfarronices de um típico mentiroso do sertão estão nessa encenação, permeada por canções originais. Publicado em 1944 por Graciliano, o livro reúne contos coletados na cultura oral do folclore nordestino, resgatando crenças, costumes e mitos da região. Na transposição para o palco, foram selecionadas algumas histórias, mantendo na íntegra as palavras do autor.

Na pequena sala de Alexandre os amigos se reúnem para ouvir suas aventuras e façanhas, sempre narradas com exagero e entusiasmo. Sua mulher, Cesária, acompanha tudo de perto e nunca deixa o marido perder o fio da meada. Alexandre é um homem já velho, tem um olho torto e fala bonito: um típico contador de histórias. Está sempre acompanhado pelos moradores das redondezas e até por pessoas de consideração que vêm à sua modesta casa para ouvir suas narrativas “fanhosas”: Seu Libório, cantador de emboladas; o cego preto Firmino; mestre Gaudêncio Curandeiro, que reza contra mordedura de cobras; e Das Dores, benzedeira de quebranto. Cesária, mulher de Alexandre, está sempre por perto, e pronta para socorrer o marido quando ele se “engancha” ou é questionado em suas narrativas.

A diretora fala da importância da apropriação das palavras pelos atores no processo criativo, já que o texto foi escrito há mais de 70 anos, com um vocabulário distinto do atual: “é fundamental que as histórias sejam compreendidas por todas as crianças e adolescentes, por isso as experimentações que fizemos com presença de público foram tão importantes para encontramos o caminho da encenação”, explica Cristiane Paoli Quito.

Teatro João Caetano fica na Rua Borges Lagoa, 650 - Vila Clementina, em São Paulo.

21 de março de 2018

Sutura

Foto: Bruno Favery

Do escocês Anthony Neilson, "Sutura" estreia dia 23 de março no porão do CCSP com direção de César Baptista. Com Anna Cecília Junqueira e Ivo Müller no elenco, a peça discute, de forma ácida e inteligente temas como amor, hipocrisia, busca por felicidade, micro poder nas inter-relações e a precariedade da natureza humana.

“Agora, para quê montar um texto de um dramaturgo escocês, em São Paulo, hoje? Entendemos que o texto Sutura está naquele rol de textos que provocam e surpreendem a plateia, porque leva a crer que a história vai se desenrolar por um lado, quando na verdade vai por outro. Como o próprio autor já disse a propósito da estreia de uma de suas peças, ‘Você está sentado confortavelmente? Bem, não por muito tempo.’”, comenta o diretor César Baptista.

Na sinopse, a notícia de um fato importante intensifica a dinâmica já estabelecida de um casal que tenta começar a reorganizar sua vida. Na tentativa de reconstruir essa história de amor, o terreno se revela movediço: encontros, desencontros, desejos, sonhos, ficção e realidade atravessam a relação desse casal, com ternura e brutalidade, abrindo um corte que expõe suas precariedades e os limites de sua natureza.

O drama fica em cartaz até o dia 29 de abril no CCSP que fica na Rua Vergueiro, 1000 - SP. A temporada se apresenta todas as sextas e sábados às 21h e domingos às 20h.

20 de março de 2018

Love Love Love

Foto: Leekyung Kim

Após 12 indicações a prêmios na temporada carioca, o espetáculo "Love Love Love" chega a São Paulo no Teatro Vivo para temporada de 23 de março a 27 de maio. O texto é de Mike Bartlett. Autor é contundente com o momento em que vivemos, é profundo e provocador ao mesmo tempo que tem uma escrita clara e objetiva. A peça rendeu 7 prêmios. “O texto conta a história de uma família bem peculiar, mas está tratando do conflito geracional mais atual que poderia ser. É um texto político e também psicológico. É tudo junto como costumam ser as grandes obras”, reflete Yara de Novaes, atriz e uma das protagonistas do espetáculo.

Além de descrever uma família com todas as suas idiossincrasias e personalidades, a obra demonstra como somos modificados pelo tempo em que vivemos. A ação começa em 1967, na noite da primeira transmissão ao vivo de TV via satélite, em que os Beatles cantaram 
All You Need Is Love. Sandra, bonita e sedutora, recém-ingressada na universidade, marcou um encontro com Henry. Mas ela se interessa por seu irmão mais novo, Kenneth, também de 19 anos e calouro universitário. Em 1990, eles estão confortavelmente em outra realidade: são da classe média, curiosamente negligentes com os dois filhos, em um casamento prestes a ruir. Mas o grande momento é o último ato, em 2011, em uma reunião de família, quando a filha do casal, Rose, que foi uma violinista promissora, agora com 37 anos e muito decepcionada, arremessa sobre eles e sua geração de paz e amor a responsabilidade pelo fracasso da geração dela afirmando: “Você não alterou o mundo, você o comprou”.

O espetáculo se apresenta no Teatro Vivo que fica na Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 - Vila Cordeiro - SP. A temporada tem suas sessões todas às sextas-feiras, às 20h; aos sábados, às 21h; e aos domingos, às 18h.

19 de março de 2018

O menino detrás das nuvens


No livro "O menino detrás das nuvens", de Carlos Alberto Nazareth, há três contos sobre histórias de meninos que usa imaginação e certa nostalgia. Bem escrito, o autor brinca com as ferramentas da literatura. Há certa sonoridade e diversão nas entrelinhas, contudo, fica numa zona de conforto literária, sem trazer grandes novidades. O livro poderia ter mais ilustrações em sua totalidade, já que as poucas que foram feitas dialoga com o texto de forma visual e criativa. Talvez este seja o ponto fraco da obra nesta edição. Sem colocar o estilo à frente da trama, a história se conta mansamente, num tempo ideal de reconhecimento e conquista. Assim como fazem os novos amigos ao se conhecerem. Na história, os meninos, o detrás das nuvens, o do circo e dos morros, cada um do seu jeito, pegam o leitor pela mão para, juntos, se arriscarem no caminho da descoberta.

16 de março de 2018

Guardians Of The Galaxy


Com cenas criativas e pitadas de humor, a película "Guardians Of The Galaxy" ou "Guardiões da Galáxia" (2014) é repleto de efeitos especiais. A história em si é rasa, mas cumpre o objetivo do gênero. O roteiro tem muita ação e imprime um ritmo frenético. Em termos de produção, não podemos deixar de notar a diversidade criativa na composição dos personagens e criaturas que habitam o espaço, seja pelo figurino ou caracterização. Na narrativa, Peter Quill (Chris Pratt) foi abduzido da Terra quando ainda era criança. Adulto, fez carreira como saqueador e ganhou o nome de Senhor das Estrelas. Quando rouba uma esfera, na qual o poderoso vilão Ronan, da raça kree, está interessado, passa a ser procurado por vários caçadores de recompensas. Para escapar do perigo, Quill une forças com quatro personagens fora do sistema: Groot, uma árvore humanóide (Vin Diesel), a sombria e perigosa Gamora (Zoe Saldana), o guaxinim rápido no gatilho Rocket Racoon (Bradley Cooper) e o vingativo Drax, o Destruidor (Dave Bautista). Mas o Senhor das Estrelas descobre que a esfera roubada possui um poder capaz de mudar os rumos do universo, e logo o grupo deverá proteger o objeto para salvar o futuro da galáxia. Duas curiosidades: Zoe Saldana quase quebrou as costelas de Chris Pratt durante a gravação de uma cena de luta. Durante o treinamento, eles usavam equipamentos de proteção, para que pudessem bater um no outro de verdade. No dia de filmar a cena, Pratt se esqueceu de vestir o equipamento de proteção e também decidiu não contar a Saldana, achando que ela pudesse bater mais fraco, o que tornaria a luta menos crível. Saldana, em seu personagem, deu-lhe um chute nas costelas que, simplesmente, levou Pratt à lona. O golpe certeiro rendeu ao ator uma contusão para o restante das filmagens. A outra curiosidade veio de Djimon Hounsou declarou que conseguiu o papel de Korath graças a seu filho: "Eu tenho um filho que ama super-heróis. Um dia ele olhou para mim e disse 'Pai, eu quero ter a pele clara, assim eu posso ser o Homem-Aranha. Ele tem a pele clara.’ Isso foi um choque pra mim.”

15 de março de 2018

Ador-Ador

Foto: André Stefano

Resultado de uma investigação cênica sobre relacionamentos abusivos, "Ador-Ador" estreia no dia 16 de março. A peça dirigida por Anderson Claudir é baseada no Teatro Performativo e foi criada a partir de um experimento cênico.

“Ao estudarmos o Butoh, queríamos mostrar como as distorções naturalizadas na sociedade machista traz deformações aos "corpos sociais". As cenas ajudam o público a formar imagens – mais do que contam uma história – para que ele possa estranhar aquela forma de violência. Essas sensações permitem ao espectador se colocar no lugar do outro, como o faz o feminismo”, comenta o diretor.

Na narrativa, "Ador-Ador" evidencia estruturas violentas da sociedade patriarcal que afetam os relacionamentos heteronormativos. O espetáculo questiona a existência do amor sem opressão, as construções de gênero e as fórmulas prontas para cada fase de uma relação amorosa, do primeiro encontro ao término de um casamento. As diferentes formas de violência sofridas pelas mulheres, das mais sutis às mais evidentes, são resultado da educação machista à qual todos estão submetidos.

O espetáculo ficará em cartaz na SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt – Sala R8 que fica na Praça Roosevelt, 210 – Centro - SP. A Temporada vai até o dia 2 de abril, às sextas, sábados e às segundas, às 21h; e aos domingos, às 19h.

14 de março de 2018

Quarenta e Duas

Foto: Cacá Bernardes

Com texto de Camila Damasceno, o espetáculo "Quarenta e Duas" estreia no dia 23 de março, às 21h na SP Escola de Teatro com direção conjunta de Daniel Ortega e Emerson Rossini. O enredo aborda, de forma onírica, desde temas como a opressão do consumo à busca permanente do gozo como sinônimo de felicidade.

A encenação se dá a partir da perspectiva dos últimos momentos de vida de Robson, um adolescente compulsivo que morre após se masturbar 42 vezes. O mundo particular desse garoto é apresentado com suas idiossincrasias e seus desejos tão comuns quanto absurdos, convidando o público a adentrar nos conflitos de uma geração bombardeada por links, likes e imagens editadas.

Em ritmos de zapping, flashes de memória e imagens da vida de Robson vão expondo questões contemporâneas pelo viés desse adolescente. A relação com o pai ausente, as expectativas idealizadas da mãe, a relação com os padrões sociais e religiosos, o peso de ter que se encaixar em regras, os impulsos primários dos desejos e a solidão nas relações virtuais são como quadros que se alternam no subconsciente de Robson, transbordando tudo que lhe oprime, que lhe consome.

Para trazer ao palco as reflexões levantadas no texto, os diretores fazem uso da linguagem da performance ao abordar o universo onírico que conduz a trajetória da personagem. A encenação não se propõe a responder as questões, mas ressaltar a relevância dos temas no contexto atual, quando a agilidade da informação e o descarte humano ocupam lugar de destaque no frenesi urbano. A distorção do tempo e a sobreposição de símbolos permitem que o espectador amplie sua percepção diante da cena e da poesia nesses momentos finais de Robson.

As apresentações do espetáculo acontece todas às sextas, sábados e segundas (às 21h) e domingos (às 19h) na SP Escola de Teatro (Sala R1) que fica na Praça Franklin Roosevelt, 210 - Consolação - SP. 

13 de março de 2018

Coriolano

Foto: Lenise Pinheiro

"Coriolano", um dos textos menos montados de Shakespeare, volta ao cartaz dia 15 de março no Teatro João Caetano. Na história, Caio Marcio Coriolano, é um general romano temido e reverenciado, está em desacordo com a cidade de Roma e seus cidadãos. Impulsionado a ocupar a poderosa e cobiçada posição de Cônsul por sua mãe controladora e ambiciosa, Volumnia, ele não está disposto a agradar às massas cujos votos ele precisa para assegurar o cargo. Quando os Tribunos do Povo fazem com que o povo se recuse a apoiá-lo, a raiva de Coriolano gera um protesto que culmina em sua expulsão de Roma. O herói banido se alia então ao seu inimigo declarado Tulio Aufídio para vingar-se da cidade. Uma obra de Shakespeare que se mostra atual para os problemas das Repúblicas modernas.

O espetáculo será apresentado até o dia 8 de abril, de quinta a sábado 20h30 e domingo 19h, no Teatro Municipal da Vila Mariana João Caetano que fica na Rua Borges Lagoa, 650 - Vila Clementino - SP.

12 de março de 2018

Tampinha tira os óculos


As ilustrações são o ponto alto de "Tampinha tira os óculos", além de todo o trabalho de editoração, pois ela conversa com a narrativa brilhantemente. O texto tem ritmo e a história flui divertidamente. Na narrativa, Tampinha tem 8 anos. É uma menina baixinha e que usa óculos. Um dia, resolve ir a uma festa sem eles, pois acha que assim fará mais sucesso. Mas, sem querer, acaba se metendo na maior confusão. Leitura mais que recomendada!

9 de março de 2018

The Road


O drama "The Road" ou "A Estrada" (2009) é forte, quase claustrofóbico. O roteiro é excelente. Tem tensão e, ao mesmo tempo, mexe com sentimentos de ingenuidade e esperança. O final surpreende. A fotografia é original. E não se esqueçam de prestar atenção na trilha sonora. Na história, o mundo foi destruído há mais de 10 anos, mas ninguém sabe o que exatamente aconteceu. Como resultado, não há energia, vegetação ou comida. Milhões de pessoas morreram, devido aos incêndios, inundações ou queimadas que se seguiram ao cataclisma. Neste contexto vivem um pai (Viggo Mortensen) e seu filho (Kodi Smit-McPhee), que sobrevivem de quaisquer alimento e vestuário que conseguem roubar. Apesar dos contratempos, eles seguem viagem pela estrada, sempre rumo ao oeste dos Estados Unidos. Uma curiosidade: o diretor John Hillcoat rodou diversas vezes a cena em que pai e filho estão diante de uma máquina de refrigerantes. Cada cena rodada usava uma marca diferente, já que o diretor não sabia se a Coca-Cola autorizaria o uso de seu produto principal no filme. Foi preciso que Mortensen ligasse para o presidente da empresa de refrigerantes para assegurar que a marca poderia estar em cena. Coisas de cinema!

8 de março de 2018

Não tive tempo para ter medo

Foto: Júnior Cecon

Estreia hoje, às 21h no Kasulo Espaço de Arte e Cultura o espetáculo "Não tive tempo para ter medo" que é inspirado na obra poética e política de Carlos Marighella com os intérpretes Alex Merino, Mainá Santana e Rafael Carrion. A concepção, coreografia e direção é de Sandro Borelli. 

O espetáculo tem a intenção de apontar e escancarar questões políticas e sociais, que habitam em uma sociedade cada vez mais seduzida pelo capitalismo, pelos encantos do fascismo, pelo consumo banal, entretenimento midiático e instantâneo. Ao propor a quebra de um paradigma ainda escravocrata e perverso mantido pela Casa Grande, construído para preservar as desigualdades sociais em um país dividido em castas, o “mulato baiano” como se autodefinia Marighella, tornou-se o inimigo número um da ditadura militar brasileira, sendo caçado e assassinado pelo DOI-CODI, numa emboscada em 4 de novembro de 1969 na capital paulista.

O espetáculo estará em cartaz até o dia 8 de abril, de quinta a sábado, 21h, e, domingo, 19h no Kasulo Espaço de Arte e Cultura que fica na Rua Sousa Lima, 300 - Barra Funda - SP.

7 de março de 2018

Adeus, Palhaços Mortos

Foto: Divulgação

“Adeus, Palhaços Mortos” chega ao Sesc 24 de Maio para duas apresentações hoje, às 18h e 21h. No espetáculo, três grandes artistas circenses do passado se reencontram acidentalmente, depois de muitos anos, na antessala de uma agência de empregos, sabendo que só um deles será escolhido. Nesse dia, suas amizades, memórias,segredos e vilanias são expostos, criando uma ode ao ofício do ator e uma profunda reflexão sobre os fundamentos filosóficos da carreira artística. 

A sala de espera desse teste de casting, que nunca acontece, se revela um não-lugar, um limbo onde estas três figuras se vêem condenadas a rever suas escolhas éticas e estéticas, num exercício de reflexão sobre a resiliência do artista, a urgência da arte e a sacralidade do ofício. A encenação potencializa ainda mais a adaptação ao reduzir elementos, apostando no minimalismo e na essencialidade – traços marcantes do diretor da peça, José Roberto Jardim.

Com tom de comédia do absurdo, o espetáculo se apresenta no Sesc 24 de Maio que fica na Rua 24 de Maio, 109, Centro - SP.

6 de março de 2018

É Samba na Veia, é Candeia!

Foto: Mariana Ser

O espetáculo musical “É Samba na Veia, é Candeia” conta a trajetória de Antônio Candeia Filho (1935/1978), mais conhecido como Candeia, um popular sambista portelense. A peça retorna para segunda temporada no Teatro Oficina entre 17 de fevereiro e 18 de março. Encenado no entorno de uma roda de samba ambientada na trajetória do artista entre as décadas de 60 e 70, o musical destaca a contemporaneidade das letras e do pensamento do compositor carioca.

Para a atriz e produtora executiva do espetáculo, Rita Teles, além da questão do tema e dos cuidados com a montagem, a peça se fortaleceu muito por evidenciar o protagonismo da cena cultural independente, bem como pela representatividade de um elenco e de músicos majoritariamente oriundos do samba, das artes e de movimentos sociais afirmativos, principalmente o feminista e o movimento negro.

A direção musical é de Edinho Carvalho, compositor, pesquisador e responsável pela direção harmônica e melódica do Projeto Samba de Terreiro de Mauá, que faz todo o acompanhamento musical do espetáculo. A trilha sonora tem arranjos e também direção do músico Abel Luiz.

“Pintura sem arte”, “Testamento de Partideiro” e de “De Qualquer Maneira” são alguns dos sambas que compõem a vasta discografia de Candeia e integram o espetáculo. A trilha também conta com canções que, exaltadas na voz de outros célebres sambistas, como “Preciso me Encontrar”, consagrada por Cartola, ícone da Estação Primeira de Mangueira; “O Mar Serenou”, eternizada pela cantora e madrinha da Velha Guarda Musical da Portela, Clara Nunes, interpretada na peça por Suelen Ribeiro; e “Dia de Graça”, defendida pela voz de Elza Soares, interpretada por Josi Souza.

"É Samba na Veia, é Candeia" será apresentado no Teatro Oficina Uzyna Uzona que fica na Rua Jaceguai, 520 - Bixiga - SP. O espetáculo acontece aos sábados, às 20h e domingos, às 19h.

5 de março de 2018

Seminário dos ratos


Publicado originalmente em 1977, "Seminário dos ratos", de Lygia Fagundes Telles, reúne contos sutis e, ao mesmo tempo, de uma complexidade disparatada da autora. Além de caminhar pelo aspecto fantástico de cada história, Lygia lança mão de todos os seus recursos literários com muita maestria. Neste volume, apenas um defeito, os parágrafos são tão extensos que cansa a leitura. Não posso afirmar se no volume publicado recentemente acontece o mesmo, pois não tive acesso.

São catorze histórias em que  a autora recusa as facilidades do chamado realismo mágico apesar de trafegar por ela numa penetração psicológica e intuitiva. Surpreendente! Alternando tempos narrativos, passando com desenvoltura da primeira à terceira pessoa, usando com destreza o discurso indireto livre, ela atinge a proeza de conciliar uma construção literária altamente complexa com uma capacidade ímpar de comunicação com o leitor. Contos que fala sobre a essência do drama humano com uma capacidade imaginativa impar. Vale à pena suas entrelinhas!

2 de março de 2018

The Smurfs 2


Depois de "The Smurfs", a família aumenta em "The Smurfs 2" ou "Os Smurfs 2" (2013), assim como os dilemas desses pequeninos seres azuis. A ideia original é eficiente e traz bons conflitos internos. A animação tem uma estrutura própria e encanta a todos. É o último filme de Jonathan Winters, que dublou a voz do Papai Smurf na versão original. O ator faleceu em 11 de abril de 2013. Na história, após fracassar em sua caça aos Smurfs em Nova York, Gargamel (Hank Azaria) partiu para Paris e lá se tornou um sucesso, sendo considerado o maior mágico do mundo. Entretanto, por trás dos shows lotados que faz na Opera está um plano para capturar os pequenos seres azuis. Para tanto o bruxo cria dois danadinhos, Vexy (voz de Christina Ricci) e Hackus (voz de J.B. Smoove), que o ajudam em seus planos. Gargamel consegue criar um novo túnel para a aldeia dos Smurfs, para onde Vexy viaja e sequestra Smurfette (voz de Katy Perry). A ideia é que ela revele o segredo da fórmula mágica que fez com que deixasse de ser uma danadinha para se tornar uma smurf, algo que apenas ela e o Papai Smurf (voz de Jonathan Winters) têm conhecimento. Não demora muito para que Papai Smurf organize uma nova expedição rumo ao mundo real, com o objetivo de resgatar Smurfette das garras de Gargamel. E, só pra constar, "Os Smurfs 2" comemora os 85 anos do nascimento de Peyo, Pierre Culliford, ilustrador belga que criou o desenho animado.

1 de março de 2018

O Rio

Foto: Ligia Jardim

Do dramaturgo e roteirista inglês Jez Butterworth, a peça "O Rio" reestreia no Teatro Paulo Eiró para temporada de 2 a 24 de março. Memória e desejo conduzem as ações do personagem principal de "O Rio, o Homem - um solitário recluso", que esconde uma profunda tristeza, e que escolheu depositar todas as suas emoções em uma atividade de lazer que considera sublime: pescar trutas. Longe de ser um hino à natureza, "O Rio" retrata a solidão enraizada de um homem que subordinou sua busca pelo amor perfeito ao ritual da pesca. A cada nova namorada, o Homem compartilha com elas seu hobbie predileto.

É nesta atmosfera de suspense que a trama se desenvolve de forma não-linear, com forte entonação psicodramática, embora fique a cargo do espectador desvendar o caráter de cada personagem e se está diante de uma história de realidade fantástica, de suspense gótico ou de uma parábola.

Foram cinco anos o tempo do momento em que Virginia entrou em contato com o texto até conseguir realizar a produção. “Desde 2012 tenho vontade de mostrar ao público o trabalho deste dramaturgo contemporâneo bastante reconhecido e pouco montado no Brasil. Jezz Butterworth escreveu uma peça peculiar sobre a arte de pescar, sobre o tempo, o amor e nossa eterna busca pelo inefável. Aquilo que nos faz tremer os joelhos”, diz Virginia que além de atuar, produz o espetáculo.

"O Rio" estreou em Londres, em 2012, com grande sucesso de crítica e público. Em 2014, fez temporada em Nova Iorque, tendo o ator Hugh Jackman como protagonista. No Brasil, dois de seus textos foram encenados; "Mojo" e "Tudo está desaparecendo". "O Rio" é o terceiro texto do dramaturgo que ganha montagem inédita no país.

O Teatro Paulo Eiró fica na Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro - SP. O espetáculo acontece todas às sextas e sábados, às 21h. Domingo, às 19h.