29 de agosto de 2009

Man’s best friends is a bird??

A situação e a história em si desta animação é óbvia demais. Aliás, o próprio título já nos revela o porquê da existência desta. O ambiente torna visível o conflito já de antemão. Mas isso não tira nenhum pouco o mérito dela. Ao contrário sua beleza está exatamente no fato de ser simples. E por isso que cativa.

28 de agosto de 2009

Bananas

É curioso. Sabe aquela relação que o ser humano tem de bater nas máquinas quando estas não funcionam em sua perfeita totalidade? Pois é, em Bananas suscita-se o lado ansioso, meio quase sem paciência alguma pela espera, que o ser humano tem, usando, obviamente, o macaco como seu melhor personagem. É engraçado nos reconhecermos através deste primata. Chega a ser irônico.


27 de agosto de 2009

Crab Fu

Nesta animação, não se poderia ter escolhido melhor animal para representar a famosa arte marcial do Kong Fu. O caranguejo torna-se espaçoso e faz da luta quase que uma dança. Suas patas em sintonia com a música, por vezes, são engraçadas quando nos atentamos as feições do bicho. A linguagem gestual esquece as diferenças e se torna com Crab Fu simplesmente universal.


26 de agosto de 2009

Edna

Se você acha que Chaplin não pode transpor o tempo e se atualizar, está muito enganado. Esta animação traz o famoso personagem junto aos clássicos do cinema moderno. É bem interessante porque a cada cena o espectador vai reconhecendo um filme que, mesmo que não tenha visto, a mídia se encarregou de falar. A cada cena uma surpresa, uma identificação. Gostoso de ver...


24 de agosto de 2009

Capítulo 15

O despertador tocou. Puta merda... Odeio segunda-feira! Esfregou os olhos e pensou já ter visto este filme antes. Deu risada. Quando abriu a porta do quarto, Brasileiro já esperava por ela abanando o rabo. O cheiro do café de Mahya na cozinha exalava por toda a casa. O frio em Sampa era absurdo. Voltou pro quarto e puxou o edredom sem esticar os lençóis de baixo dele. Acho que Mahya não vai nem perceber. Pensou. Mas Mahya sempre percebia, no começo arrumava, mas depois se cansou de tanto reclamar com a filha, fez uma espécie de autoterapia e passou a deixar a cama como a filha tinha arrumado. Mahya, a partir de então, consumia-se menos com isso. E Sofia achava que tapeava a mãe sempre. Foi ao banheiro. Tomou banhou. Escovou os dentes. Resolveu que ia colocar um vestido curto estilo anos 70, todo colorido com uma de suas sapatilhas da coleção passada. Olhou no espelho, virou de um lado pro outro, checou sua bunda. Parecia está tudo em ordem. Sacudiu o cabelo e dirigiu-se para a cozinha. Eu odeio segunda-feira! Ressaltou para seus pais. Pedro fez um sinal de positivo com a mão e Mahya deu risada da filha. Sofia pensou que herdara tal ódio do pai.

Pegou a bicicleta e com certa dificuldade se ajeitou. Ajeitou também o vestido. Que idéia, hein, Sofia, você mesmo inventa estas merdas e depois se arrepende. Pensou entre risos. Foi trabalhar. Assim que chegou ao charmoso sobrado, Sofia foi logo para o quintal para deixar sua bicicleta. Rotina é rotina sempre em qualquer lugar do mundo, pensou. Carlinhos ao ouvir o barulho apareceu no topo da escada e chamou à amiga. Vem logo, menina, vem ver um bafafá aqui de camarote! Sofia nem ao menos pensou em perguntar o que estava acontecendo e já seguiu Carlinhos. Se abaixe e fique quietinha. Carlinhos ordenou. Sofia foi engatinhando até a janela de sua sala e suspendeu a cabeça devagar conforme as instruções do amigo apenas deixando que os seus olhos pudessem ver o tal do bafafá. Olhe pra aquilo ali! Pela janela do vizinho da frente via-se ele e uma loira gostosona discutindo aos berros. Eu nunca vi esta daí por aqui não. Revelou Sofia. Nem eu, mas pelo pouco que eu ouvi, parece-me que ou eles são casados ou são noivos, namorados, ou tico-tico no fubá, sei lá. Reportou Carlinhos à amiga. Mas e o que aconteceu? Não sei Sofia, não dá pra ouvir muita coisa, as únicas palavras mais exaltadas que ele falou quando deu um murro na mesa e que eu ouvi foram “você me traiu, isso não se faz”. Ah! Carlinhos me poupe, até aí pode ser que ela tenha feito algum tipo de traição profissional ou até de amizade mesmo. Carlinhos olhou fixamente pra Sofia e soltou a piadinha do dia: “ah! tá... E depois ela tenta beijá-lo na boca?! Então eu sou o coelho da páscoa e você a Mamãe Noel”. Os dois riram. O vizinho da frente percebeu os pares de olhos abelhudos de Carlinhos e Sofia do outro lado da rua e, num gesto brusco, fechou a janela sem nenhuma cerimônia. Pronto, a novela acabou, anunciou Carlinhos. Acabou nada, vamos descer e ficar olhando através do vidro da nossa recepção este desfecho. Sugeriu Sofia. Desceram.

Cansados de esperar o desenlance, resolveram que Carlinhos ficaria de olho na baixaria e Sofia iria fazer um café. Se acontecer alguma coisa, me chame, pelo amor de Nossa Senhora! Laura abriu a portas de repente e os dois se assustaram como crianças quando aprontam algo de errado. Extremamente afetado Carlinhos disse que Laura quase o mata do coração. Laura só ria. Ah! Laura, ainda bem que você chegou, nós estávamos esperando você para que passe um café pra gente. Pediu Sofia enquanto voltava para o seu posto de observação. Assim que Laura se dirigiu a cozinha, a loira saiu do escritório do vizinho. Ela bateu a porta principal, enxugou algumas lágrimas e olhou para a janela do vizinho fechada acima de sua cabeça. Meu, Deus, será que ela estava esperando que ele ficasse olhando ela pela janela e acenando adeus? Carlinhos perguntou indignado. A loira abriu o portão menor do escritório e dirigiu-se para o carro do vizinho estacionado em frente ao escritório. Meu Deus, será que ela vai furar o pneu ou quebrar algum vidro? Desconfiou Sofia. Ai, Jesus, isso ta ficando sensacional!!! Carlinhos exaltou-se. A loira tirou da bolsa um bloco de papel e uma caneta. Escreveu. Enxugou mais algumas lágrimas. Arrancou o papel e colocou o mesmo entre o pára-brisa e o vidro do carro. Dirigiu-se para outro carro, entrou e foi embora.

Sofia olhou para Carlinhos e sem cerimônia sugeriu: vamos pegar aquele bilhete? Carlinhos olhou indignado para a amiga e perguntou se ela tinha bebido álcool logo pela manhã. Sofia deu risada. Laura trouxe-lhes o café. Beberam. Sofia estava irrequieta. Carlinhos pegou a amiga pelo braço e, enquanto subiam as escadas, disse-lhe pra esquecer aquela idéia maluca.

Sofia sentou-se na mesa para trabalhar, mas por meia hora só conseguiu responder alguns de seus emails. Não parava de pensar no bilhete. Ficou planejando em ir até o outro lado da rua e pegá-lo, só teria três possibilidades: alguém vê-la fazendo isso e o vizinho ficar sabendo, o próprio vizinho ver tal cena e perguntar o que ela queria junto ao carro dele ou ninguém ver nada e ela se dá bem. A curiosidade matava Sofia. A alternativa mais fácil seria se ninguém visse nada. Levantou-se e foi até a janela. Não tinha uma alma viva na rua. Pensou que aquele poderia ser um bom momento até que o vizinho abriu a porta e saiu. Sofia tentou disfarçar para que o vizinho não percebesse que ela estava olhando pra ele. Ficou em pé, pegou alguns croquis e fez cara de quem estivesse analisando sua própria criação. Com um olho no peixe e o outro no gato, Sofia viu o vizinho pegar o bilhete, ler, enfiar no bolso da calça e sair com o carro. Ele não tinha nenhuma reação: nem de ódio, nem de compaixão. Apenas saiu. O que não tinha remédio, remediado estava, então, Sofia voltou para sua mesa e retomou a leitura de seus emails.

23 de agosto de 2009

Maria Antonieta, o escândalo do prazer



Tem umas personalidades no mundo que ou nasceram loucas, ou se tornaram com o tempo. Maria Antonieta pra mim é uma incógnita. Ela se deixou levar pelos impulsos do seu coração, não sei se por prazer ou pela necessidade de amar e ser amada. Mas enfim, sendo um ou outro, “Maria Antonieta, o escândalo do prazer”, de Claude Dufresne, é uma boa desculpa de leitura para entender a história desta mulher que era superficial, indolente, indiferente às realidades, removeu montanhas em nome do amor e do prazer, mas, quando chega o tempo da desgraça é de uma superioridade espiritual impar que faz dela hoje uma heroína na França. Está mais do que recomendada esta leitura!

20 de agosto de 2009

É dando que se recebe

Este curta é ma-ra-vi-lho-so! Baseado no conto de José Roberto Torero, um marido, uma esposa e uma vizinha traz a tona que nem sempre nossas reações têm que ser óbvias demais como a situação se apresenta. Quando um marido trata bem demais à sua esposa é porque alguma coisa aconteceu, então, desconfie. O final surpreende.



19 de agosto de 2009

Chapéuzinho Vermelho!!!

Chapeuzinho vermelho com lobo mau e vovozinha é coisa do passado. Dirigido por Gui Pádua, Juliana Baroni revela um olhar matreiro neste curta. É um Chapeuzinho dos tempos modernos onde o lobo mau não é tão ruim assim e ainda faz pique-nique pra comer a garotinha (sim, naquele sentido que você está pensando)... A produção é de Nívea Stelmann e Joana Limaverde.


18 de agosto de 2009

O último banho

Dizem que o amor pode fazer amar, mas também pode matar. Verdades ou mentiras a parte, este curta tem muita tensão. As cenas e os cortes de câmeras são bem feitos. A música alimenta ainda mais tal sensação, mas o final estraga. Nem tudo é perfeito.



17 de agosto de 2009

Emanuele Urso

Nascido em Roma com três anos de idade, Emanuele Urso começou a tocar bateria e revelou-se um talento. Autodidata busca sua inspiração do jazz da Era (1935-45). Alguns arriscam que o rei do swing está de volta. O baterista dá um show nesta apresentação que é um tributo a Gene Krupa. O pai e o irmão tocam com ele. Preste atenção no desempenho do músico. É surpreendente.




16 de agosto de 2009

Sebastian’s Voodoo

O vodu do próprio vodu, uma animação perfeita, chegando ao real. Um mundo à parte. Quando um boneco vodu se sacrifica em prol dos outros, consegue salvar amigos de uma possível morte certa. Joaquim Baldwin é paraguaio e mora atualmente em Los Angeles concluindo sua pós-graduação em animação na UCLA. Com a animação de “Sebastian’s Voodoo” e “Papiroflexia” o talentoso Joaquim já recebeu mais de cinqüenta prêmios internacionais. Não é para menos, está perfeito enquanto idéia e imagem.




Em outra ponta, mesmo que em estilos diferentes de animação do primeiro curta apresentado, vale à pena dá uma espiadela nos filmes “Papiroflexia” e “Placenta” também de Joaquim Baldwin. O primeiro bem original nos traz a tona o caminho ou destino que um papiro pode seguir. O segundo simplesmente lindo, o nome já diz tudo a cerca da formação de uma nova vida. Divirta-se!


14 de agosto de 2009

114

O curta-metragem de Tyler Green, dividido em duas partes, é sufocante. Trata-se daqueles filmes em que as imagens traduzem tudo. O desespero ou a loucura estão nas expressões dos atores. A mudança das cores e de tons no filme demonstra o estado de espírito do protagonista bem como suas alternâncias. O silêncio. A falta de música. O encontro com a verdade. A loucura pela loucura ou apenas um ataque cardíaco? Uma eterna tentativa da busca por uma saída. Interessante!




13 de agosto de 2009

Frog

Pense num sapo gordo, meio desajeitado, mas cheio de ritmo. Esta animação de Jeff Rigby é pra cima e divertida. A começar pela escolha da música que nos soa bem familiar.


12 de agosto de 2009

A girl like me

Impressionante este documentário sobre como as crianças escolhem suas bonecas e o impacto desta escolha (ou não escolha) para as adolescentes. Uma decisão sobre o bem e o mal de deixar qualquer psicólogo boquiaberto. Como elas se vêem ou se identificam. É um documentário questionador, vale à pena assistir. É simples, mas muito bem feito.

10 de agosto de 2009

The amputee

O famoso cineasta americano, David Lynch, conhecido pelo seu gosto bizarro, nos demonstra em “The amputee” (1974) quais são as regras da profissão de um enfermeiro. Se há ou se não há tais regras, é melhor checar com que naturalidade ele aborda tal tema. Em duas versões do mesmo fato, digamos, pra lá de macabro, o espectador não tem como prestar muito atenção na fala da paciente, mas o detalhe da tragada do cigarro é imbatível. Traduz o estado de espírito da enferma. Antes deste curta, Lynch produziu “Six men getting sick” (1966), “The alphabet” (1968) e “The grandmother” (1970). Depois destes experimentos, o cineasta partiu para seu primeiro longa-metragem chamado “O homem elefante” (1980) que teve oito indicações para o Oscar, inclusive a de melhor diretor. Entre as películas de Lynch, destacaria e indicaria para assistir “Veludo azul” (1986), é imperdível e deve fazer parte da coleção de qualquer cinéfilo, com certeza.




Em se tratando de Lynch tudo é possível ou quase óbvio, abaixo, ele fala sobre os seus filmes e diretores favoritos. Por curiosidade, vale à pena checar. Querendo se atualizar dos trabalhos do diretor, visite o site http://www.davidlynch.com/.


8 de agosto de 2009

The ugly truth



Esta comédia romântica do diretor Robert Luketic estréia no Brasil em setembro com o nome “A verdade nua e crua”. É maravilhoso e ainda de quebra traz Gerard Butler (que eu a-do-ro!) e Katherine Heige. Então, não deixem de ver. Uma romântica produtora de TV busca um homem perfeito. Daqueles que não existe, mas nós mulheres, insistimos em buscar. Vá saber! Por outro lado, depara-se em seu caminho com um apresentador que aborda em seu programa o tema sexo. Um verdadeiro escroto com suas idéias chauvinistas. Choca pelas verdades que fala, aliás, diria, que algumas delas bem fundamentadas, mas é ele quem pretende ajudar a moiçola a arranjar seu dito cujo pretendente a marido. O final é óbvio, mas algumas cenas merecem atenção, como, por exemplo, a cena da calcinha eletrônica do sex shop. É engraçadíssima. Um belo trabalho dos roteiristas Nicole Eastman, Karen Mc Cullah & Kirsten Smith. O grafismo da abertura da película com os bonequinhos já diz tudo do filme. Se você não agüenta esperar até lá, entre no site oficial do filme e saiba mais um pouco deste trabalho: http://www.thetruthisntpretty.com/. Trata-se de um duelo de pensamentos femininos e masculinos.


7 de agosto de 2009

Por longos dias

Pense num texto perfeito. Aliado a ele, cogite uma música que incomoda, mas de tão presente que se faz, cumpre a sua função. Agora medite na questão abordada: a dos sem-terra. Pronto, este é o resultado final deste documentário de Mauro Giuntini com texto de Saramago. As imagens não têm dois lados, apenas um. Mas a ironia delas é falar de “justiça” com a visão unilateral dos sem terras. Ás vezes parece-me, causar algo mais próximo do “too much” do que do equilíbrio. A dúvida é, tenho que admitir, às vezes é tão dramático demais sem trazer à tona uma voz, um calor humano, ou ainda diria, um mero depoimento que fosse que, não sei se gosto ou não. O texto de Saramago pesa e seduz. O conjunto da obra deixa a desejar, apesar de tantos prêmios que recebeu. Mas é interessante, se pensarmos que o curta é do ano de 1998.





Prêmios
Melhor Curta em 16mm no Festival de Brasília 1998
Prêmio Kodak no Festival de Brasília 1999
Prêmio pela representação da realidade brasileira no Festival de Brasília 1999
Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado 1999
Prêmio da Imprensa no Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental - GO 1999
Melhor Documentário no Festival Cinema Vídeo e Dcine de Curitiba 1999
Melhor Filme no Festival Cinema Vídeo e Dcine de Curitiba 1999
Melhor Montagem no Festival Cinema Vídeo e Dcine de Curitiba 1999


Festivais
Festival de Clermont-Ferrand 2000
Festival de Curtas de São Paulo 1999
Festival de Recife 1999
Festival de Tiradentes 2000
Festival Del Cinema Latino Americano de Trieste 1999
Grande Premio Cinema Brasil 2000
Mostra Brasil Plural 1999
Dias de Cinema Latino-Americano 1999
Festival Internacional de Cine e Vídeo Ambiental/Portugal 1999
Festival Internacional de Cinema da Amazônia 1999
Festival Internacional de Documentários de Munique 1999
Festival Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira 1999
Jornada da Bahia 1999
Mostra Cine Latino, Stutgart e Tubingen 1999
Mostra Internacional do Filme Etnográfico/RJ 1999
Vitória Cine Vídeo 1999

5 de agosto de 2009

Capítulo 14

Os passarinhos trinavam e o sol reluzia incansavelmente, sem cerimônia, como se fosse o dono da situação. Depois que Sofia contara para Mahya sobre o reencontro com Carla, pôs a ajudar a mãe na cozinha. Também contou sobre o ocorrido na feira com o cão. Impagável esta cena! Registrou Mahya caçoando da filha. Mahya, você não acredita, mas ele me seguiu até aqui. Já deve ter ido embora, mas a cara de pau dele era até engraçada. Pedro chegou à cozinha e Sofia contou toda a história novamente. O pai zombou também da filha. Mahya ria. Sentaram. Almoçaram. Pedro e Mahya decidiram ir ao cinema. Convidaram Sofia. Até iria, se não tivesse combinado com Morrice de nos encontrar com Kai e a purgante da namorada dele. Mahya recriminou a filha. Sofia, Kai é seu amigo, de tanto que ele já agüentou suas maluquices, isso é o mínimo que você pode fazer por ele. O celular de Sofia tocou. Era Morrice. Sofia, existe um “cachoro” com os dentes pra fora e fazendo “rrrrrrr” pra mim. Você poderia tirá-lo, por favor, pois sequer consigo chegar a sua porta para tocar a campainha? Demorou que a ficha de Sofia caísse, mas o cão que Morrice estava falando, possivelmente, fosse o canídeo da feira.

Sofia correu até a porta de casa para ver o que estava acontecendo. Ao abri-la deparou-se com Morrice encostado na parede, duro, quase teso, sem ao menos piscar os olhos. E o cachorro rosnando para o francês. Papai, Mahya, vocês nem vão acreditar no que está acontecendo. Pedro e Mahya correram até a porta para ver o que estava acontecendo. A cena se não fosse engraçada, era no mínimo pitoresca. Psiu, cachorro cala a boca, saí daqui! Sofia tentou espantá-lo, mas em vão. O cachorro não arredava as patas. Sofia passou para o lado do namorado, pegou-o pela mão e conduziu até dentro de casa. O cachorro abanou o rabo e cheirou Morrice. Mas que “cachoro” trapalhão é este, meu amorrrr? Perguntou Morrice com seu sotaque genuinamente francês. Mahya logo se encantou pelo cachorro e agachando-se, começou a alisá-lo. Não, Mahya, não faça isso, ele vai acabar criando afeição por você, avisou Pedro. Tarde demais o aviso. O cachorro já tinha adotado a família sem nem ao menos perceberem. Enquanto Sofia e Mahya brincavam com o cachorro, Pedro colocava as mãos na cabeça e lamentava-se: já vi tudo, agora só falta comprar a vasilha da comida, da água e a ração...

Morrice olhava para toda aquela cena e nada entendia: Pedro desesperado, Mahya carinhosa e Sofia com ar de moleca, como sempre. Acho que vou chamá-lo de “Brasileiro”! Sofia anunciou como quem tivesse tramando algo. Brasileiro? Quis saber Mahya. Sim, Brasileiro, Mahya, pois ele não desisti. Nunca! Enfatizou Sofia enquanto dava risada ao olhar a cara de desespero do pai. Mahya fazia cara e bocas para o marido como quem quisesse convencê-lo de algo. Ah! Pedro, pelo menos ele vai proteger a casa. Alegou a esposa. Pedro sabia que tinha perdido a batalha. Perdera muito mais para Mahya do que para a filha. Era surpreendente o que duas mulheres podiam fazer com a vida de um homem. Bateu levemente nas costas de Morrice e em tom de brincadeira, preconizou: “vai se acostumando, meu caro, estas duas aí quando se juntam é parada dura para qualquer cidadão despreparado...como eu. Morrice deu um riso falso como quem tivesse entendendo tudo, mas não entendera nada. Você já ouviu aquele ditado "tal mãe, tal filha?”. Morrice, meio sem graça, abanou a cabeça afirmativamente. Pois é, olha o seu futuro aí. Apontou para Mahya, deu risada e convidou-o para entrar em casa.

Nos dias que se sucederam, Mahya e Sofia babavam com a esperteza de Brasileiro. Um vira-lata que sempre dormira na rua, passara então a se acomodar em cima dos sofás e camas. Mãe e filha compraram coleira, levaram-no ao veterinário para dar vacina, alimentaram e deram banho no cão. Sofia levou-o para passear no parque Vilas Lobo de coleira e fez Kai ir até a sua casa para conhecê-lo. Passou a semana inteira contando as peripécias do cachorro para Carlinhos, que gargalhava da amiga sem acreditar em todo aquele envolvimento canino. Sofia criou uma coleção de sapatos infantis onde o tema era cães. Não por dinheiro, pois ninguém tinha encomendado, mas por puro prazer. A necessidade de criar diariamente era grande. A coleção era colorida e cada cor de sapato representava uma determinada raça canina. Com exceção da cor preta que era representada por um cachorro de cada tipo. O motivo? Contrastar e alegrar a cor considerava tão séria para crianças. Inclusive, o vira-lata representado na coleção era o focinho e jeito de Brasileiro. Sofia ia deixar aquela coleção engavetada, quando precisasse, usaria. O cão mais parecia um brinquedo novo para Mahya e Sofia do que propriamente um animal. Pedro todos os dias dizia que tinha perdido o reinado para o cachorro. Ainda bem que é para um "Brasileiro", pior se tivesse sido para um estrangeiro, eu não sei do que seria de mim. Numa alusão a Morrice, Pedro fazia questão de só falar isso quando Sofia estava por perto. Ciúme de pai é igual em todos os lugares. Pedro não estava com ciúmes do cachorro, mas sim do namorado de Sofia. Aquela relação estava séria demais. Além disso, ele tinha o prazer de ouvir Sofia recriminando-o: “Pai, o que é isso?”. E Pedro dava risada. Vez em quando ainda arriscava dizer à filha que tinha virado xenófobo. Quando Sofia começou a ignorar os comentários paternos, a brincadeira perdera a graça, e então, Pedro voltou a ter ciúmes do seu carro.

4 de agosto de 2009

Mohammad Fouad

Ok...estou falando muito da cultura árabe? Posso estar virando uma especialista... Apenas para concluir o que já falei por aqui, outro pop star egípcio (sim dizem que eles são os melhores, mas há controvérsias) que leva uma multidão ao delírio é o Mohammad Fouad. O clip é bem feito. A música tem um ritmo bem particular. É diferente e, em tempo, engraçado. Acho que não estamos acostumados com o acento árabe, acho que é isso. Quer arriscar e ouvir?


3 de agosto de 2009

Belly Dance

Se você olhar o vídeo vai pensar que, de fato, é uma árabe dançando a famosa dança do ventre. Não é. É uma típica e genuinamente americana, daquelas que descende de índios, europeus e podíamos chamá-la de “red neck”, ou em bom português, uma verdadeira tabaroa. Sadie Mae Marquardt jura que não tem nenhuma descendência árabe, mas a desenvoltura com que dança é impressionante. O ritmo dela é o corpo, literalmente. A batida da música lembra o nosso samba. Aliás, Sadie confessa em seu site que o samba, dentre tantos outros ritmos diferentes, ajudou-a na aprendizagem de tal arte. Vale à pena espiar.



E, se gostou da Sadie, visite o site dela, você vai descobrir coisas interessantes sobre esta americana: http://www.sadiebellydancer.com/

1 de agosto de 2009

Amr Diab

Amr Diab é um pop star egípcio. E se você perguntar a qualquer árabe, vão lhe garantir que as músicas egípcias são as melhores. Há controvérsias, eu pelo menos gostei mais do estilo de Hayfaa Wahbi (já postada aqui) do que do gênero de Amr. Tirando a língua árabe poderíamos dizer que já ouvimos tal melodia em algum lugar deste planeta. As músicas dele soam-me brega, vulgar. Um ou outra ousa um pouco mais no ritmo, mas a maioria me transmite melancolia. Mas a gosto pra tudo, o que seria do verde se não tivesse o azul...