24 de junho de 2021

Três espetáculos solo

 

Foto: Danilo Apoena

Idealizado por Bruna Longo, o projeto "Anônimo Muitas Vezes Foi Mulher" traz três espetáculos autorais femininos (Criatura - Uma Autópsia, Inventário e Quebra-Cabeça) em transmissão gratuita pelas plataformas de quatro teatros da capital: Cacilda Becker, Arthur Azevedo, João Caetano e Alfredo Mesquita. Os três espetáculos foram gravados no palco do Espaço Cia. da Revista pela mesma equipe de vídeo (Bruta Flor Filmes), composta unicamente por mulheres com olhares e talentos únicos na construção de uma narrativa áudio visual e teatral.  


O mais antigo registro de autoria declarada em um texto é um poema sumério de 2300 a.C. Muitos filósofos debruçaram-se sobre a questão da importância da autoria para a apreciação de uma obra de arte. Até o Renascimento, quando a perseguição a livros heréticos exigia identificação de uma identidade a ser condenada, a ideia de autoria era considera irrelevante. Michel Foucault considerava a noção do autor como um momento crucial da individualização na história das ideias mas, no final da década de 60, propunha uma volta à irrelevância da autoria, o que ele chamava de desaparecimento do autor, como um fenômeno em que já não importa quem escreve, já que a obra basta por si mesma. "Que importa quem fala?" questionou em 1969. A pergunta sugere que o nome do autor parece se apagar em proveito de uma coletividade. No entanto, Foucault reconhece no indivíduo o lugar originário da escrita. O nome do autor é um nome próprio e traz com ele sua história pessoal, o empirismo que criou a própria obra. Quando filósofos questionam e de certa forma celebram o desaparecimento do autor o fazem certamente sem levar em conta os privilégios do sujeito e ignorando todas as minorias cujas vozes autorais foram suprimidas e oprimidas. 


O Projeto também inclui duas mesas de debates e uma oficina, como forma de incentivar e aprofundar o diálogo sobre o tema do projeto.

"Anônimo muitas vezes foi mulher: Autorias suprimidas" - sobre a supressão autoral histórica de obras criadas por mulheres. Mediadora: Prof. Dra. Carla Cristina Garcia, cientista social especialista em sociologia de gênero, estudos feministas e lazer urbano. Debatedoras: Bruna Longo, Erica Montanheiro e Camila dos Anjos. Público alvo: Adultos, jovens, estudantes de teatro, literatura e artes plásticas, educadores. Data a definir.

"Espetáculos Solo: resistência artística e território autoral". Mediadora: Janaina Leite, atriz e pesquisadora. Debatedoras: Bruna Longo, Erica Montanheiro e Camila dos Anjos. Público alvo: Estudantes, profissionais, pesquisadores e educadores de teatro. Data a definir.

Oficina gratuita: "Provocações para a criação de Espetáculos Solos Autorais feitos por mulheres" com as atrizes criadoras Bruna Longo, Erica Montanheiro e Camila dos Anjos. Público alvo: Atrizes profissionais e estudantes de teatro. Em parceria com a Oficina Cultural Oswald de Andrade / Poésis - Data a definir – a partir de agosto.