9 de julho de 2019

Como se desenha um coração?


Primeira mostra individual de Laerte Késsimos, a exposição "Como se desenha um coração?" apresenta o expoente de seus trabalhos, criados entre 2017 e 2019. São desenhos, pinturas, bordados e objetos – “objetos de desejo e de curiosidade” - criados numa relação direta, ora de espelhamento, ora de duplicidade, com os trabalhos do artista plástico José Leonilson (1957-1993).

Inspirações, traduções e revisitas à obra de Leonilson são materializadas em obras plásticas que constituem, além da exposição, o alicerce temático de um solo autoral inspirado na vida e obra do artista cearense. 

Alguns temas são abordados na coletânea de obras expostas por Laerte, tentando formar um panorama - não só interior, mas também exterior - de seu tempo e do mundo ao seu redor.  Nos tempos atuais, em que a opressão e o conservadorismo se erguem como uma onda alta que pode nos derrubar com força, trazer à tona um artista gay, HIV positivo e a favor de uma política subjetiva e íntima é, em si, um ato político. Cada vez que as ondas conversadoras nos derrubam, mergulhamos mais e mais fundo, e o momento de alívio passa antes que possamos agarrá-lo, pois a onda já está juntando forças para atingir-nos novamente. Esse trabalho acredita que a tábua a que nos sustentamos nesse naufrágio só pode ser poética – a um só tempo pessoal e política.

A exposição acontece na Galeria Zarvos, Avenida São Luiz, nº 258 – loja 14, abertura dia 10/7 das 16h às 21h, visitação de 10 de julho a 10 de agosto de 2019, de segunda a sexta das 15h às 19h e sábado 11h às 15h.

8 de julho de 2019

Homem-Bomba

Foto: Guto Muniz

O solo "Homem-Bomba", escrito por Cynthia Paulino e dirigido e protagonizado por Luiz Arthur, volta em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre os dias 10 e 27 de julho, de quarta a sexta-feira, às 20h; e aos sábados, às 16h. Grátis! A peça da belo-horizontina Companhia Teatro Adulto estreou em 2018 na Mostra Solos e Monólogos do CCBB São Paulo. Homem-Bomba integra o projeto “Adultos em Cena SP MG” – ao lado do solo Coisas Boas Acontecem de Repente.

O solo se passa em um mundo desigual, cada vez mais parecido com um grande abatedouro. Nesse lugar horrível, um homem, interpretado por Luiz Arthur, tenta compreender os vários eus que o habitam e, para tal, adota métodos nada convencionais. A ideia é mostrar um personagem provocador, que busca intimamente a desconstrução e a compreensão dos monstros que existem escondidos em todas as pessoas. 

Para discutir essa dualidade do ser humano, a peça busca como referência o romance “O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Sr. Hyde”, popularizado como “O Médico e o Monstro”, do autor britânico Robert Louis Stevenson (1850-1894). “O monstro não é alguém distante de nós. É nosso duplo. O monstro nos habita e cabe a cada um saber cuidar, compreender, educar a sua sombra. Vemos no país pessoas que se denominam ‘homens de bem’ e que trazem um discurso completamente sanguinário. De que tipo de ‘bem’ estamos falando? É uma jornada necessária essa, a de enfrentar-se, de compreender que o mal não nos é estranho. Podemos sucumbir se o transformamos em algo distante de nós, porque nós criamos a desordem e o caos que está aí. Se você estuda a história da humanidade sabe disso. O demônio é o próprio homem, o devorador, aquele que dizima seus semelhantes. O discurso contra o diferente é um exemplo disso”, revela Luiz Arthur.

5 de julho de 2019

A Sombra do Vale - A História Que Já Foi Contada Muitas Vezes

Foto: Gabriel Rodrigues

Dia 6 de julho, às 16h, estreia o espetáculo infantil "A Sombra do Vale - A História Que Já Foi Contada Muitas Vezes" no Teatro João Caetano. A peça integra a Mostra Sonhos em Tempos de Guerra, contemplado pela 32ª Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. A temporada segue até 4 de agosto, sempre aos sábados e domingos, às 16h. Grátis!

Partindo do tema discutido no projeto – as chamadas “guerras cotidianas” – seis jovens atores trouxeram diversos questionamentos relevantes. A provocação cênica é dos artistas da República Ativa, e o elenco é composto pelos seis jovens atores: Amanda Cruz, Ana Medeiros, Caio Martins, Jhon Yuri, Jonathan Araújo e Thauany Mesquita. Dentre as diversas inquietações, duas delas foram recorrentes: as consequências da negligência, do abandono e do distanciamento e a necessidade de recuperar as relações. E encontraram nas notícias sobre o desastre ambiental de Brumadinho uma oportunidade de tratar desse assunto que, infelizmente, ainda acontece.

E como as crianças recebem notícias como essas que recheiam as manchetes de televisão? Qual a relação delas com tantas tragédias que estamos todos sujeitos, tanto nas dimensões de Brumadinho como nas relações mais pessoais e familiares? Como elas percebem essas perdas e lidam com elas? Até que ponto a inconsequência do adulto interfere na vida e nos sonhos dos pequenos? O que a gente faz para trazer de volta o que está escondido? Essas e outras questões foram latentes nesse processo, e nortearam a construção da dramaturgia, recheada de ludicidade e poesia.

Através de um processo colaborativo intenso, o grupo foi construindo a narrativa que resultou numa aventura que permite desbravar os mares de lama que a vida nos traz e buscar entender como é possível seguir vivendo, e de que maneira podemos enfrentar essa sombra que pode ter tantas formas.

Na sinopse, tudo estava como sempre, até que um dia a sombra desceu o vale. Não houve tempo para perceber o que aconteceu. Só se sabe que tudo está diferente e todos perderam algo. Diante de tantas incertezas, o espetáculo embarca numa aventura sob um rio de lama em busca de respostas.

4 de julho de 2019

COMMUNE - Coletivo Teatral

Foto: Arquivo pessoal

A COMMUNE festeja em 2019 seus 15 anos de carreira e os 12 anos de seu teatro (localizado na Rua da Consolação, 1218). Para marcar essas datas, a companhia organiza dois eventos: a nomeação da sala de espetáculos em homenagem ao ator Adilson Barros (1947-1997), que acontece hoje, às 20h; e o lançamento de um livro sobre a trajetória da trupe e de uma exposição de fotos sobre o cenógrafo Cyro Del Nero (1931-2010), que ocorre no dia 11 de julho, às 20h.
Segundo o diretor Augusto Marin, essas duas importantes figuras do teatro paulistano influenciaram diretamente o trabalho da companhia. “Adilson Barros foi meu professor de teatro na Unicamp, nos idos de 1989. Nós fomos amigos por muito tempo e ele dirigiu vários espetáculos que fizemos antes de fundar a COMMUNE. Mesmo sem ter participado da companhia, já que faleceu seis anos antes de sua criação, Adilson é uma referência para toda uma geração de atores e para o teatro brasileiro. Já Cyro Del Nero foi um brilhante cenógrafo e era muito amigo da Michelle Gabriel (cofundadora do grupo). Ele foi uma das primeiras pessoas a conhecer o imóvel onde hoje está instalada a nossa sede e disse que o espaço daria um lindo teatro de bolso. Ele, então, fez todo o projeto arquitetônico do Teatro COMMUNE, com desenhos e maquete. Dar o nome a esses grandes artistas para nosso teatro é uma forma singela de manter viva a memória deles, principalmente para as gerações de artistas jovens”, explica o cofundador da companhia.
No evento do dia 4 de julho, a sala de espetáculos do teatro passa a ter o nome de Adilson Barros, que será gravado em uma placa de acrílico e metal. Além disso, amigos do artista contarão histórias sobre o homenageado e participarão de um coquetel.  Já Cyro Del Nero também passa a dar o nome à galeria do teatro no dia 11 de julho, com placa igual. Nas duas ocasiões, acontecerão a abertura de uma exposição de fotos sobre diferentes momentos da vida dos artistas, gentilmente concedidas por fotógrafos, amigos e familiares.
A segunda cerimônia também marca o lançamento do livro "Commune 15 anos", organizado por Augusto Marin, Roselaine Araujo e Liniane Haag Brum, com imagens de Augusto Paiva, Dani Coen, Bianca Vasconcelos, Fernando Henrique, José Marcio, entre outros. Com tiragem de 500 exemplares, o livro registra o processo de criação, pesquisa e formação da companhia e o trabalho de formação dos jovens aprendizes e de espectadores, sem seguir uma cronologia. O exemplar será distribuído gratuitamente no teatro e enviado para bibliotecas públicas, escolas de teatro, grupos, teatros, órgãos públicos, pontos de cultura e outros espaços culturais.

3 de julho de 2019

31ª Edição do Festival de Férias

Foto: Rita Costa

A 31ª edição do Festival de Férias do Teatro Folha acontecerá até o dia 28 de julho, com apresentações de espetáculos infantis todos os dias da semana. O Festival de Férias tem programação diversificada, destinada a todas as faixas etárias, reunido diferentes estilos de montagens. 

Confira a programação: “A Bela e a Fera” (foto) às segundas-feiras, 16h (classificação: 03 anos). Adaptado a partir do consagrado conto de Grabrielle-Suzanne Bardot. Bella é filha do inventor Joseph, que quer apresentar seu invento em Paris. Quando adentra na floresta acaba se perdendo e encontra um castelo, cujo dono (a Fera) o aprisiona por ter roubado uma flor para levar a sua filha. Bella sai ao seu encontro e percebe que por traz da aparência da Fera há um homem bom, que não sabe o verdadeiro valor do amor. Os dois acabam descobrindo um amor nunca sentido antes. 

"O Dia em que a Minha Vida Mudou Por Causa de um Chocolate Comprado nas Ilhas Maldivas”, às terças-feiras, 16h (classificação: 06 anos). Inspirada no livro de Keka Reis (finalista do Prêmio Jabuti 2018), na peça, Mia, Bereba e Jade têm 11 anos e são estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental. Mia encontra um bilhete anônimo debaixo de sua carteira que diz “Quer sentar do meu lado hoje na perua?” e descobre que nada será como antes. Mia está despertando o interesse dos meninos, deixou de ser criança, é oficialmente uma pré-adolescente, e não sabe como se comportar diante disso.
As Desmemórias da Emilia - A Marquesa de Rabicó”, às quartas-feiras, 16h (classificação: 06 anos). Livremente adaptada da obra de Monteiro Lobato, Emília, a Marquesa de Rabicó, a boneca mais famosa do mundo da literatura infanto-juvenil, resolve escrever suas “des-memórias”, memórias de meias verdades contadas do seu jeitinho. Para tal missão, conta com a ajuda do inseparável sábio Visconde de Sabugosa. Pedrinho, Dona Carochinha, o Príncipe Escamado e até mesmo a Cuca ajudam Emília nesta missão de compartilhar suas desmemorias para o mundo.

Simplesmente Cinderella”, às quintas-feiras, 16h (classificação: 04 anos). Cinderella, clássico da literatura infantil, volta à cena de um jeitinho muito especial. Uma Fada vai dar uma festa para todas as princesas do reino, mas antes está lendo um livro onde uma menina pobre morava junto com as duas filhas de sua madrasta que cobiçam o único solteiro do reino: Um príncipe entediado.Com humor e fugindo de estereótipos, o espetáculo apresenta referências do cotidiano urbano e de quebra estimula as crianças ao importante hábito da leitura.

É Tudo Família!”, às sextas-feiras, 16h (classificação: 06 anos). Davi, Lucas, Lucinha e Júlia têm 9 anos e terão que apresentar um seminário, na frente da classe inteira e do professor bem bravo sobre “o que é família?”. Só que cada um deles tem uma formação familiar diferente, por conta de divórcios e re-casamentos na família. Família é um grupo de pessoas com laços de sangue? Ou um grupo de pessoas que moram na mesma casa? Ou um grupo de pessoas que se gostam? Ou um grupo em que há pai-mãe-filhos? Ou é tudo família?
Chapeuzinho Vermelho”, aos sábados e domingos, 17h40 (classificação: 04 anos). Uma trupe vai montar a história da Chapeuzinho Vermelho e decide que todos os atores farão todos os papéis. Este é o mote para apresentar os pontos de vista de cada personagem. Os atores tocam ao vivo e atuam a partir de elementos estéticos minimalistas, num divertido espetáculo.

2 de julho de 2019

Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes

Foto: Luciana Ponce

O Núcleo Teatral Filhas da Dita estreia o espetáculo "Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes" no dia 12 de julho, às 21h, no Sesc Ipiranga, em São Paulo. Com direção e dramaturgia de Antonia Mattos, a montagem faz somente três apresentações, seguindo até o dia 14, no Teatro da unidade.

Para refletir sobre como a África se manifesta no dia a dia das moradoras de Cidade Tiradentes, o grupo encarou o desafio de ‘afrografar’ o bairro - referência ao termo ‘afrografias’ da poetisa e ensaísta Dra. Leda Maria Martins, que coloca em evidência e consciência a nossa herança africana. O trabalho do Núcleo Filhas da Dita mapeou esse legado ancestral por vários ângulos: ao próprio redor, junto a parentes, pessoas próximas e até desconhecidas que caminham pelo bairro.

A partir da investigação proposta, Canto das Ditas coloca em cena histórias de mulheres negras de Cidade Tiradentes que se entrecruzam com histórias de Yabás (orixás femininas). A montagem busca o reflexo das histórias do cotidiano em um espelho ‘mítico’ das personagens sagradas.

A diretora Antonia Mattos explica que os depoimentos colhidos pelo grupo aparecem no texto e na dramaturgia de forma não linear, fragmentada “A narrativa é espiralada, pois procura se relacionar com um tempo mítico, da memória e da ancestralidade. As personagens reais correspondem, de forma arquetípica, às personagens míticas. Recorremos ao ‘espírito ancestral feminino’, às ‘grandes mães da humanidade’, às yabás para contar e cantar as histórias dessas mulheres, as Ditas, que fundaram Cidade Tiradentes”.

1 de julho de 2019

Amar, Verbo Intransitivo

Foto: João Caldas

Escrito em 1927 e considerado o primeiro romance do escritor modernista Mário de Andrade (1893-1945), "Amar, Verbo Intransitivo" ganha uma adaptação teatral com dramaturgia de Luciana Carnieli e direção de Dagoberto Feliz. O espetáculo estreou em maio na Oficina Cultural Oswald de Andrade e volta em cartaz no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, para uma temporada às quintas-feiras, às 21h, de 11 de julho a 29 de agosto.
A trama narra a história da governanta Fräulein Elza, que é contratada por uma família tradicional paulista nos anos de 1920 para fazer a iniciação amorosa e sexual de Carlos, o primogênito herdeiro. A partir desse encontro, os personagens vivem uma relação amorosa, revelando críticas sociais e comportamentais.
“Escolhi esse romance porque gosto muito da literatura de Mário de Andrade. Ele construiu uma personagem muito complexa, fascinante, redonda e vertical e eu tive muita curiosidade de me lançar nesse trabalho. Apesar de se passar nos anos de 1920, o romance espelha muito a nossa sociedade atual, na qual a mulher é subordinada ao homem o tempo todo. Por mais que Fräulein tenha sua dignidade e seja intelectualmente e culturalmente superior àquela família, é tratada como um ser inferior – não só pelo fato de ela ser prostituta, mas por ser mulher. Na história, vemos claramente que a sociedade paulistana, a aristocracia e a burguesia não mudaram nada”, revela a atriz Luciana Carnieli, que idealizou a montagem.