10 de setembro de 2019

Sísifo

Foto: Elisa Mendes

Depois de uma pré-estreia no Festival de Curitiba e de uma temporada no Rio de Janeiro, o monólogo "Sísifo", de Gregório Duvivier e Vinícius Calderoni, chega ao palco do Sesc Santana para uma temporada entre 13 de setembro e 20 de outubro. A produção é de Andréa Alves, da Sarau Agência, responsável pela idealização dos premiados ‘Elza’ e ‘Suassuna - O Auto do Reino do Sol’.
A travessia talvez seja a grande protagonista de ‘Sísifo’. Inspirado no mito grego – do homem que carrega diariamente sua pedra morro acima para vê-la rolar ladeira abaixo e começar tudo de novo –, o texto conecta a mitologia ao caótico mundo hiperconectado e ao Brasil dos memes. Tal panorama aparece em 60 cenas curtas, assinadas por Gregório Duvivier e Vinícius Calderoni neste trabalho que marca o início da parceria destes dois artistas multifacetados. 
“Sísifo é o gif fundador da mitologia histórica, com essa ideia de eterno retorno. Percebemos como isso dava combustível para falar do momento histórico brasileiro, ao mesmo tempo em que falamos sobre travessia, sobre um trajeto que é preciso seguir. Não se chega a um novo Brasil sem passar por um Brasil distópico. Não se chega a um lugar sem passar por outro”, analisa Calderoni, autor das premiadas Ãrrã, Elza e Os Arqueólogos, que também assina a direção do trabalho.
Em cena, Gregório Duvivier repete o mesmo movimento constantemente: caminha de um ponto a outro do palco. A cada início de uma nova cena, ele retorna ao ponto inicial, como em um gif, formato de imagem altamente difundido no universo digital. A investigação cênica neste formato deu origem ao trabalho, que incorporou outras características das novas formas de comunicação.
Se os memes e gifs são capazes de resumir uma situação às vezes complexa em apenas uma imagem, a ideia em ‘Sísifo’ é de poder falar sobre temas bem diversos em uma única cena, ou em uma das travessias que Gregorio faz pela rampa que ocupa o palco, elemento central da cenografia de André Cortez. Desta forma, as cenas apresentam um vasto panorama do caótico mundo contemporâneo, com todo o seu excesso de informação e tecnologia.
Entre os muitos temas pelos quais o texto passa, entram em pauta os influenciadores digitais, alguns absurdos nas transmissões ao vivo pelas redes sociais, o complexo momento político brasileiro e até mesmo as desilusões pessoais em um mundo hiperconectado.
A produção ainda tem figurino de Fause Haten, iluminação de Wagner Antônio, direção musical de Mariá Portugal e direção de movimento de Fabrício Licursi.