10 de junho de 2019

57 minutos – o tempo que dura esta peça

Foto: Pedro Mendes

O premiado artista mineiro Anderson Moreira Sales desembarca em São Paulo para estrear o segundo texto escrito, dirigido e atuado por ele: "57 minutos – o tempo que dura esta peça". O monólogo tem uma curta temporada no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, até o dia 10 de julho, com sessões às terças e quartas-feiras, às 21h.
Inspirada pelo livro “Ulisses”, do escritor irlandês James Joyce (1882-1941), a dramaturgia se arquiteta a partir de uma premissa simples: um morador do subúrbio de uma cidade grande sai de casa em busca de cumprir seus compromissos e retornar ao lar. A aparente banalidade da narrativa problematiza a realidade contemporânea brasileira em sua cruel complexidade ao reconhecer a grandeza escondida nas pequenas coisas para denunciar a pequenez escondida nas coisas grandes.
Em meio a um cotidiano muitas vezes cruel e violento, o personagem central da história precisa encarar a construção da sua identidade. “Ele se oprime ao lidar direta ou indiretamente com as figuras masculinas que cruzam seu caminho e não se reconhece enquanto um ser que está no meio do caminho, rejeitando o estereótipo masculino e toda a sua construção cultural de opressão e ainda sem saber caminhar rumo a uma personalidade frágil e delicada. Reconhecer isso foi determinante para algumas escolhas da encenação”, comenta Anderson Moreira Sales.
Para o dramaturgo e ator, os últimos anos no Brasil foram muito violentos de uma forma geral. “Muito ódio foi sendo plantado, regado e agora o país está colhendo uma crueldade absurda. Isso tudo fomentou em mim uma revolta interna que foi expurgada da maneira mais inteligente e sensível que eu sei fazer que é transformar essa energia em texto e corpo em cena. É o lugar onde consigo me sentir mais forte para me vingar da maldade que me ronda”, acrescenta.