17 de maio de 2018

O PORTO - Experimento Público Nº 1

Foto: Leekyung Kim

Durante 24 horas o ator Laerte Késsimos compartilha com o público episódios da vida do artista plástico cearense José Leonilson (1957-1993) e de sua própria trajetória em um ateliê-vitrine instalado ao lado do Teatro Municipal de São Paulo.
Esta é a proposta da performance "O PORTO - Experimento Público Nº1", com orientação e dramaturgia de Leonardo Moreira, que acontece durante a Virada Cultural 2018.
O ateliê-vitrine estará instalado na rua, em um contêiner com uma parede de vidro, onde os espectadores entram, um por vez, e sentam-se em uma cadeira diante do artista. Neste ateliê-abrigo Laerte simboliza a figura de um porto (como se recebesse navegantes e viajantes), uma pessoa diante de outra pessoa, apenas uma conversa. Ele conta ao visitante um fragmento da biografia de Leonilson e um episódio da própria história. O performer completou este ano 36 anos, a mesma idade em que Leonilson morreu, em 1993 vítima da AIDS.
Depois de passar pela experiência, a pessoa é convidada a deixar seu nome e uma palavra como troca de afeto com o artista, que a borda o nome e esta palavra em um tecido que será usado para construir uma espécie de manto-cobertor, criado com materiais de costura – linhas, agulhas, alfinetes, tesoura, etc – dispostos em cima da mesa. Uma câmera de vídeo capta o trabalho do artista na criação do manto  e projeta as imagens ao fundo do contêiner.
O pedaço de tecido bordado é costurado em outro pedaço logo após cada encontro, como se uma história se ligasse à outra. Ao final das 20 primeiras horas da performance, o artista terá criado uma tela-cobertor, que servirá para cobri-lo em seu sono durante as quatro horas restantes, diante do público.
A performance explora o encontro com o espectador, a ideia do performer como porto ou abrigo e a criação de uma tela cobertor para discutir a hospitalidade, tema tão contemporâneo quanto ambíguo.
Uma das referências para o trabalho é a obra “O que você desejar, o que você quiser, estou aqui, pronto para servi-lo”, de 1991 (bordado s/voile, 132 x 42,5 cm), na qual Leonilson borda essa frase na barra de um vestido branco de noiva. A própria imagem do vestido já existe repleta de significados: romance, desejo, sonho, servidão. A frase entra como se estivesse ferindo o tecido – frágil e singelo – para lhe dar outro significado.
O ateliê-vitrine ficará disponível na Praça Ramos, 209 - ao lado do Teatro Municipal de São Paulo - das 18h do dia 19 de maio às 18h do dia 20.