O livro de Isabel Allende, A Ilha sob o Mar, nos transporta ao fim do século XVIII para Saint-Domingue (que hoje é o Haiti) com uma história que fala sobre colonização, amor, liberdade e escravidão. Perante o aspecto histórico, encontramos no romance muita semelhança com o Brasil, mais precisamente com a Bahia. Inclusive no aspecto religioso onde as diferentes crenças convive de forma pacífica. O texto é delicioso e, obviamente, encontramos um quê da história da própria autora disfarçado na narrativa e sentimento da personagem principal. Quem leu Paula entenderá perfeitamente isso nos últimos capitulos. No romance, temos a história de Toulouse Valmorain, um jovem francês de letras que por obra do destino acaba assumindo a administração dos canaviais das Antilhas. Após comprar Zarité, uma pequenina escrava de nove anos, para realizar trabalhos domésticos, Valmorain, que em virtude da riqueza e prosperidade se torna um autêntico senhor de escravos, conhecerá o outro lado da moeda da escravidão. A história, na verdade, é sob a ótica da rica personagem Zarité que apesar de não conhecer os sofrimentos das senzalas, torna-se um objeto de prazer do seu patrão. Mas, mais do que isso, Zarité ainda tem a oportunidade de conhecer o amor, ter filhos e neto, cuidar de sua dona com zelo e dedicação, ensinar a medicina dos negros aos brancos e aprender a praticar a caridade com um padre. Toda uma vida pautada em uma única aspiração: a liberdade.