17 de fevereiro de 2011

Capítulo 27

Sofia viu cada centímetro da Estátua da Liberdade, cada centímetro de amizade e independência. Há mais de 100 anos, em reconhecimento à amizade estabelecida durante a Revolução Americana, os franceses deram aos americanos aquele monumento que hoje é um dos mais famoso e reconhecido do mundo. E eu acho que é isso mesmo, amizade tem a ver com liberdade: liberdade de escolha... filosofou Sofia. Lembrou dos amigos que tinha e deu risada como se tivesse vendo o lado especial de cada um deles. Antes de ir embora, Sofia deu mais uma última olhada na tão famosa estátua e comparou. O Cristo Redentor com toda certeza é maior do que a Liberdade... Atravessou o mar, desceu da barca e na praça, logo de cara viu alguns ônibus parados.

Eram ônibus de dois andares que levavam turistas para cima e para baixo para conhecer a cidade. Sofia subiu os degraus das escadas. Hello! Não viu ninguém, mas entrou assim mesmo. Não viu catraca para pagar. Civilização é foda, hein. Vai ver que é como um trem em que alguém vai recolhendo o dinheiro ou algo parecido... Então se sentou. Como marinheira de primeira viagem, subiu ao segundo andar do ônibus totalmente aberto para ver melhor a cidade. Por causa do tempo frio que fazia em Nova Iorque notou que as pessoas não iam para o andar de cima do ônibus, praticamente só ela e Deus. Apesar do frio, achou interessante o que ia vendo pela cidade. Conheceu algum dos principais pontos turisticos de Midtown e Downtown. Esse frio vai me matar... Não aguentou e resolveu descer do ônibus para conhecer o Empire State. Já estava ficando com fome.

Desceu e perguntou ao motorista qual o ponto mais próximo ao Empire State. “The next one”. Veio aquela resposta seca sem simpatia alguma, mas mesmo assim ela agradeceu. Olhou para os lados e viu uma caixinha transparente com algum dinheiro depositado. Estava escrito “tip” e, então, meio com medo de incomodar o motorista, arriscou e perguntou quanto ela colocava naquela caixinha? O motorista olhou para ela surpreso. Sofia achou que ele ia bater nela porque lhe tinha feito uma segunda pergunta, mas o motorista se limitou a dizer-lhe que ela pagasse o quanto ela quisésse. Sofia pensou mais uma vez “país civilizado é foda, coloca ônibus à disposição do turismo, pois sabem que se o turista é bem tratado, gasta o dinheiro dele no comércio e na cidade como um todo...”. Estava literalmente impressionada e, então, deixou na caixinha do “tip” cinco dólares. Pela primeira vez, ela viu o motorista abrir um sorriso em que todos os seus dentes brancos podiam ser vistos. Desceu sem entender a troca do humor do motorista, mas não se questionou muito.

No Empire State, maior prédio de Nova Iorque com cento e três andares, Sofia dirigiu-se ao observatório em que podia visualiza a cidade e seus pontos turisticos. Sofia acabou achando uma burrice ir lá naquele primeiro dia de turismo, mas resolveu voltar depois. O bom é você conhecer toda a cidade antes e, então, depois vir aqui e localizar cada ponto turistico de Nova Iorque. Ela olhava para baixo e os táxis viravam pequenas caixas de fósforo. Era impressionante àquela altura e àquela vista. Resolveu comer e pegar novamente àquele ônibus de turismo para terminar de conhecer os outros pontos da cidade que ainda não tinha visto. De graça, até injeção na testa...

Para a surpresa da moiçola, ao subir em outro ônibus de turismo a motorista lhe disse que ela precisava apresentar o ticket. Ticket?! Questionou surpresa. “Yes, ticket”. Então, a motorista ensinou Sofia onde comprava o ticket para o tal do ônibus de turismo. Sofia andou em torno de umas cinco quadras e achou o tal ponto que vendia os tickets. Trinta e sete dólares, anúnciou o moço. Trinta e sete?! Sofia agradeceu ao moço e saiu rindo sozinha. Trinta e sete.... No mundo civilizado nada era de graça, nem a amizade, pensou. E resolveu voltar de metrô para o apartamento alegando que em breve ficaria tarde e mais frio para passear pelas ruas e avenidas iluminadas de Nova Iorque.