O longa-metragem Nosso Lar (2010) inspirado no livro homônimo de Chico Xavier, ao que tudo indica é a melhor estreia de um filme brasileiro desde o renascimento do cinema nacional nos anos 90. Para terror dos católicos, crentes e macumbeiros, talvez o filão e curiosidade sobre o espiritismo esteja levando tanta gente ao cinema. Religiões à parte, isso simplesmente soa maravilhoso para o cinema nacional, pois cria-se cultura com sotaque brasileiro. Em termos de história, a estrutura está bem construída e tem conflitos. Mas, ainda assim, alguns diálogos são óbvios demais, talvez pelo tom da didática. Efeitos especiais e sonoros, em termos de produção, são como a cereja do bolo, o toque final. Ao despertar no Mundo Espiritual, André Luiz (Renato Prieto) se depara com criaturas assustadoras e sombrias vivendo, juntamente com ele, neste lugar escuro e sombrio: Umbral. Apesar de ter "morrido" ele ainda continua vivo. Mais vivo do que nunca, diria! Sente fome, sede, frio e outras sensações materiais. Após um longo período de sofrimento ele é recolhido dessa zona de sofrimento e levado para a Colônia Espiritual chamada Nosso Lar, daí o nome do filme. A partir disso, o personagem principal conhece a vida após a morte. Algumas cenas do filme são sensíveis e para aqueles que já tiveram algum ente querido morto ou acredita no espiritismo, pode ouvir o fungar de narizes na plateia durante a sessão. Você sai do filme com vontade de repensar a sua vida, mesmo que não acredite na história, na religião ou até mesmo que seja ateu. O mais difícil para André Luiz é a saudade e a imensa vontade de voltar à Terra para visitar e rever parentes próximos. Dirigido e roteirizado por Wagner de Assis, o filme já faturou R$ 6,2 milhões e foi visto por mais de 580 mil pessoas até a presente data. Como curiosidade o filme teve desenhos minuciosos e detalhados do mapa da cidade criados pela médium Heigorina Cunha.