8 de setembro de 2010

Bal

Bal (no Brasil chama-se Um doce olhar, 2010) que, em turco, significa mel é um filme com muitos conflitos, apesar de não tão expositivos assim. São conflitos sem falas, sem diálogos, conflitos velados e de muita sensibilidade. O pequeno Yusuf (Bora Altas) vive com os pais numa região remota da Turquia. É claro a relação próxima e de confiança entre o menino e seu pai, Yakup (Erdal Besikcioglu). O pai é apicultor e um dia sai em viagem e não volta mais. O menino começa a descobrir a realidade da vida e talvez aproximar-se de sua mãe, Zehra (Tulin Ozen). O filme com certeza fala da perda da inocência, mas é mais que isso. Tem momentos visuais lindos e o silêncio e os olhares dizem tudo, não precisa de diálogos. O filme é humano. Escrito e dirigido pelo turco Semih Kaplanoglu, Um doce olhar ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, em fevereiro passado. Como curiosidade, os outros dois longas do mesmo diretor são Yumurta (“Ovo”), de 2007, e Süt, (“Leite”), de 2008 – ambos inéditos em circuito comercial brasileiro, mas exibidos em festivais, como a Mostra Internacional de São Paulo. Os três fazem parte de uma trilogia que retrata uma fase na vida de um mesmo personagem, Yusuf. Isso não significa que sejam, necessariamente, a mesma pessoa e, por isso, cada filme pode ser visto de forma independente. Genial! As ações e reações de seus personagens já falam por si, são essenciais. Mostra-se um belo roteiro. E Bora Altas, em sua atuação, é um menino encantador e comove. O filme é lindíssimo, vale à pena correr nos cinemas e assistí-lo.