Que tal relembrarmos um pouco do cinema nacional com um dos filmes mais poéticos dos últimos tempos, seja pela sua história e ainda seja pelas brilhantes atuações. Aliás, atuações pra lá de impecáveis com um elenco escolhido a dedo pelo diretor Walter Lima Jr.: Lima Duarte, o saudoso Fernando Torres, Leandra Leal, Debora Bloch, Castrinho e Floriano Peixoto. Aliás, um destaque aqui para Leandra Leal que neste filme foi premiada por sua interpretação nacionalmente e internacionalmente. Atuação valorosa, diria. A Ostra e o Vento (1997) nos conta a história da jovem Marcela que vive com seu pai, o faroleiro José e o velho Daniel numa ilha. O único contato da menina com o mundo exterior se dá através de uma embarcação com 4 marinheiros que regularmente vai levar-lhes provisões. Através das palavras de Daniel, que a ensina a ler e sua fonte de ternura e conhecimento, e da severidade do pai, que quer protegê-la do resto do mundo, Marcela segue sua vida até que, ao tornar-se adolescente, passa a sentir sua sexualidade e seus anseios de viver de forma intensa. Com uma estrutura clara e precisa, o filme tem conflitos fortes, personagens complexos e bem construídos. Além das atuações, tenho que destacar aqui a adaptação do roteiro, fotografia e a direção. As passagens de cena do passado e presente foram feitas com primazia. Não é à toa que a película ganhou tantos prêmios, tais como, Melhor atriz (Leandra Leal) no Festival de Cinema Brasileiro de Miami 1998 (EUA); Prêmio do Público, Prêmio Especial do Júri (Fernando Torres), Fotografia, Melhor Direção, Melhor Montagem e Melhor Filme no Festival do Recife 1998; Melhor fotografia, filme e atriz revelação (Leandra Leal) no Troféu APCA 1998; Prêmio CinemAvvenire no Festival de Veneza 1997 (Itália)e; Troféu Don Quixote no Festival International de Films de Fribourg 1998 (Suíça).