26 de novembro de 2010

Capítulo 23

Passada algumas semanas, no meio de tanta correria com a solicitação de visto de estudante, busca de curso de moda em Nova Iorque, Sofia resolveu parar e ligar para Marcos. Preciso dar uma relaxada... Do outro lado da linha, Marcos atendia ofegante, mas parou quando ouviu o sonoro “Oi, Marcos, é Sofia. Tudo bem? Estou atrapalhando alguma coisa?”. É lógico que Sofia com a mente poluída que tinha, só podeia pensar besteiras, achando que o rapaz estivesse entretido em alguma atividade física mais interessante. Marcos parou de andar de skate e riu. “Lógico que para minha Deusa eu tenho todo o tempo do mundo”. Sofia arregalou os olhos. “Deusa?!”. Mas que coisinha mais brega. É óbvio que ele tinha que ter algum defeito, mas enfim, suspirou e caíu na real. Pensou: ok, Sofia, você só está interessada no corpo dele e ele no seu. Então, pára de buscar o homem perfeito e vai curtir um pouco... Marcaram um encontro, que ela entitulou carinhosamente de “O encontro do abate”, sem luz de velas ou muita cerimônia, mas eficiente.

O encontro teria sido perfeito, se não fosse um porém. No meio do rala e rola, Sofia, sem cerimônias, deixou escapar um peido. “Ai, que horror!!! Jesus Cristo, que merda...E agora?”. Ficou com os olhinhos revirando pensativa no que iria fazer. Marcos, muito delicadamente, fingia não saber o que estava acontecendo, mas sabia exatamente o que se passara. Como ele não falou nada e a flatulência não tinha odor, ela resolveu fingir que nada tinha acontecido e foi em frente com a brincadeira sexual.

Marcos parou o carro em frente a casa dele e caminhou com Sofia até a casa dela. Sofia podia ouvir os latidos de Brasileiro dentro de casa. Brasileiro era ciumento e, ao perceber a presença do rapaz do lado de fora, incontrolado, corria de um lado para o outro de casa latindo alto. Ia acordar os vizinhos. Sofia não queria que soubessem da aventura dela com Marcos. Brasileiro sou eu, calma. O latido ia diminuindo aos poucos quando o cão sentiu o cheiro de sua dona. E, então, sem menos esperar, Marcos roubou um beijo de Sofia. Ah! Tá bom, agora só falta ele pegar na minha mão...pensou. Mas o beijo estava gostoso, diferente, amaciava sua boca, então, ela achou por bem deixar rolar. E, então, Marcos, mesmo com aquele jeito de meninão envergonhado, olhou nos olhos de Sofia e pegou na mão dela. “Quando vamos nos ver?”. Ai, meu Deus, a coisa já tá querendo ficar séria... Sofia suspirou fundo e apenas respondeu para ele um “quando der”. A desilusão na cara de Marcos era visível. Então, ela para se sentir menos vilã na história, disse um “ou quando você quiser”. Ele sorriu, um sorriso disfarçado. E Sofia emendou: escuta, Marcos, daqui há um mês eu tô indo viajar. Vou passar um ano fora. Não seria prudente nos comprometermos com algo agora... Marcos apenas concordou com a cabeça e saiu. Eles não falaram mais nada um para o outro. Sofia entrou em casa e fez festa para Brasileiro. Ela parou por alguns segundos e se questionou se tinha sido muito fria e direta com o rapaz...mas imediatamente, preferiu responder a si só que não, que apenas tinha sido sincera e honesta, coisa que Morrice não o tinha. Putz, aquele cara de novo nos meus pensamentos...Preciso rezar! Sofia foi para o quarto trocou de roupa e rezou antes de dormir.