9 de julho de 2018

Na minha pele


Quando Lázaro Ramos fala de si em "Na minha pele", dando voz as suas experiências pessoais, o texto não só flui de forma divina como toca o leitor. Quando ele cita opiniões de outros ou dados estatísticos, mesmo dentro do contexto, nos remete a trabalho acadêmico. Sabemos que somos educados e aprendemos todo o tempo com o que nos cerca, contudo, quando as experiências são nossas há mais verdade de alma na fala e emoção compartilhada. O livro tem essas duas falas, mas vai de cada leitor, paginá-las como melhor lhe convier.

O autor contorna o leitor o tempo inteiro com indagações fortes sobre o tema. Não o branco,o negro ou o índio, mas toda uma sociedade que se permitiu errar por tanto tempo e, pior, continua errando. A escrita de Lázaro consegue ser forte e sensível, nos seduzindo ora com humor, ora com coragem ou dor, mas indubitavelmente com a verdade. 

Na narrativa, movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. O autor compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismos, Lázaro nos fala da importância do diálogo. "Na minha pele" é sincero e revelador, além de propor uma mudança de conduta, nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro.