1 de dezembro de 2010

Tropa de Elite (1 e 2)

Com todo respeito ao Bráulio Mantovani e José Padilha, se eu os encontrasse hoje daria-lhes um enorme beijo pelos Tropa de Elite 1 e 2 (2007 e 2010). Primeiro porque construiram uma história e, principalmente um personagem que virou uma unanimidade nacional. Aprenderam com os erros do primeiro longa, melhoraram consideravelmente em todos os sentidos e fizeram do segundo uma obra prima. Em tempo, e oportunamente, deu uma chacoalhada nos ânimos dos brasileiros que estavam tão desacreditados na polícia (de forma geral) e na política. E ainda estão, mas agora, talvez com um pouco mais de consciência. Wagner Moura como capitão nascimento é, diríamos, um caso à parte. Já declarei por diversas vezes aqui neste blog o meu respeito pelas atuações deste profissional. Tudo em que ele está metido é bom, ele tem uma capacidade tamanha de reinventar e crescer qualquer personagem. O próprio Mantovani já declarou aos quatro cantos do mundo que "Wagner Moura surpreende cada vez mais, indo além do texto". Exatamente por isso ele conseguiu transformar o pequeno Capitão Nascimento no Tropa de Elite 1 para personagem principal em Tropa de Elite 2. Quer maior prova de talento do que isso? Para quem não sabe, no Tropa 1, Mathias (André Ramiro) era o principal personagem e o Capitão Nascimento era mais um narrador. Mas Wagner reverteu os papéis com seu talento e a equipe topou tal mudança. A ousadia realizada sem regravação de cena, apenas com offs reescritos, fez do Capitão Nascimento um dos protagonistas mais bem-sucedido e conhecido da história do cinema brasileiro. No Tropa 2, o roteirista optou por explorar todas as contradições do Nacimento levando-o ao seu limite. E funcionou. No Tropa 2 está mais claro a construção do personagem com seus dramas, conflitos profissionais e pessoais do que no Tropa 1. Na história de Tropa de Elite 1 mostra o dia-a-dia do grupo de policiais e de um capitão do BOPE que quer deixar a corporação e tenta encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente dois amigos de infância se tornam policiais e se destacam pela honestidade e honra ao realizar suas funções, se indignando com a corrupção existente no batalhão em que atuam.



Já no Tropa de Elite 2, Nascimento, agora coronel, foi afastado do BOPE por conta de uma mal sucedida operação. Desta forma, ele vai parar na inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Contudo, ele descobre que o sistema que tanto combate é mais podre do que imagina e que o buraco é bem mais embaixo. Seus problemas só aumentam, porque o filho Rafael (Pedro Van Held) tornou-se adolescente, Rosane (Maria Ribeiro) não é mais sua esposa e seu arqui inimigo Fraga (Irandhir Santos) ocupa posição de destaque no seio de sua família. Na película, o Estado contribui para a violência urbana, administrando muito mal as instituições que deveriam coibi-la, como o sistema prisional, os educandários para pequenos criminosos e as polícias. O tema está mais perto da política. Padilha disse que tentou fazer um cinema que comentasse a violência urbana atravéz da sua dramaturgia, e não por meio de metáforas ou de discursos intelectualizados. Eles conseguiram!