Vou ter que confessar, estou morrendo de saudades de assistir filmes brasileiros. E, aqui nos EUA, não se tem muita opção, mas o barato é que, do que encontramos, a seleção é maravilhosa. Então, para começar, fui logo num "porradão": Caminho das Nuvens (nos EUA, The Middle of the World). O filme é lindo! Tem uns diálogos perfeitos e a tradução literal da fala e do cotidiano nordestino. Tive o prazer de assistir ao lado de um americano que ficou surpreso com o que o cinema brasileiro oferece. Ele não gostou muito do final, mas isso é um tanto óbvio para os americanos que estão acostumados a finais triviais, mas com o tempo, ele deu o braço a torcer e disse que Caminho das Nuvens é um grande filme. Ele ficou apaixonado pela atuação de Claudia Abreu e de Ravi Ramos Lacerda. E eu não posso deixar de explicitar que também fiquei orgulhosa de Wagner Moura, pois bem conheço outros trabalhos dele para o cinema (tal como Tropa de Elite) em que você percebe a diferença das construções de um personagem e do outro. Enfim, a direção de Caminho das Nuvens é impecavelmente maravilhosa. Há bons conflitos nas cenas e deixa o espectador extasiado. Inspirados em fatos reais e partindo do interior da Paraíba, Romão (Wagner Moura), motorista de caminhão desempregado, se sente um cabra destinado a ganhar um salário de mil "real" por mês - quantia que considera o mínimo necessário para prover uma vida digna à mulher Rose (Cláudia Abreu) e aos cinco filhos: o adolescente Antônio (Ravi Ramos Lacerda), três crianças - Rodney (Manoel Sebastião Alves Filho), Clévis (Felipe Newton Silva Rodrigues), Suelena (Cícera Cristina Almino de Lima) - e o bebê Cícero (Cícero Wallyson e Cícero Wesley A. Ferreira). Assim, Romão decide cair na estrada em busca de seu objetivo de bicicleta, ao lado da mulher e dos filhos, atravessam cinco estados até que se chegue ao Rio de Janeiro. A família enfrenta de tudo um pouco: fome e sede, solidariedade e indiferença, atraso e progresso, enfim, um rico roteiro. E, de quebra, o belíssimo conflito da crise familiar provocada pelo questionador adolescente Antônio. Um filme imperdível!