O carro não queria ligar de jeito algum. Papai, vem aqui fora me ajudar! Pedro abriu a porta e balançou a cabeça. Voltou para dentro de casa e saiu com uma maleta de ferramentas na mão. Esse carro está velho, papai. Pedro olhou para Sofia com uma cara feia e imediatamente ela pediu desculpas. Na verdade, quem está velha sou eu. Os dois se olharam e riram. Sofia, eu acho melhor você não sair com ele hoje. Sofia fez uma cara de decepção. Isso pode acontecer novamente, Sofia, e já está ficando de noite. Sofia tirou a bolsa do carro e colocou-a atravessada em seu ombro. Entrou em casa e ligou do celular para Kai. Foi até a cozinha e viu que Mahya preparava um café. Estava cheiroso. Abriu o armário e pegou uma xícara. Olhou para a mãe. Posso? Mahya olhou para Sofia e disse: “eu também quero, pegue duas. Veja se seu pai não quer também?”. Sofia foi procurar Pedro pela casa. Voltou sozinha. Enquanto tomavam café na cozinha, Mahya contava para Sofia algumas histórias de sua mãe que ela não chegou a conhecer. Naquele tempo, o pai dela, meu avô, era diplomata, e então, praticamente ela conheceu o mundo todo. Mahya deu um gole no café. Mas o lugar mesmo que ela se apaixonou foi o Hawai. Ela conheceu um nativo. Ele era poeta e então meu avô achava que ele não tinha futuro, mas ela se encantou tanto por ele que deixou seu bisavô louco de tanta estripulia que fez. Mahya pigarreou. O poeta chamava minha mãe de “anjo do campo”. Mas quando o negócio começou a ficar sério demais, meu avô pediu para voltar de vez pro Brasil. Mas minha mãe nunca conseguiu esquecer este havaiano e mesmo depois de casada com meu pai colocou o meu nome de Mahya. Sofia olhou para a mãe surpresa, nunca na vida, Mahya tinha te contado uma história tão bonita de sua avó. Mas então, Mahya é um nome de origem havaiana? Sim, Sofia, e significa “anjo do campo”. As duas ficaram se olhando um tempão sem falar nada. E quando Sofia, de fato, tomou coragem para perguntar, a buzina de Kai ecoou em frente à sua casa. Mahya foi até a sala e abriu levemente a cortina. Ela viu Kai em pé ao lado do carro. Acenou para ele e Kai retribuiu à Mahya com um sorriso. Sofia deu um beijo na mãe. Mahya, o café estava maravilhoso, nós precisamos repetir isso mais vezes.
Kai e Sofia assim que entraram no espaço viram uma sala um pouco escura onde se via um livro voando. Na verdade, o livro estava dentro de um grande recipiente e era impulsionado por uma pequena bomba que fazia com que o líquido move-se, dando, assim, uma impressão de que o livro estava voando. O livro, com o movimento do líquido bailava pelo espaço restrito sob a luz azulada do receptáculo. Com certeza, essa porra não deve ser água, Kai, isso aí é algum líquido especial, pois as páginas do livro não se dissolvem. Eles olhavam de cima pra baixo e de baixo pra cima como quem tentasse descobrir algo a mais que estava por trás daquela geringonça. Em outro espaço, muito maior e mais escuro do que o primeiro, via-se ao fundo uma enorme prateleira de livros com pouca iluminação. Os livros eram de madeira e à medida que se tirava um deles da prateleira, acionava alguma espécie de dispositivo e o livro começava a falar. Cada livro tinha uma voz e uma história diferente. Os visitantes abriam-nos ao mesmo tempo e o resultado final mais parecia uma barafunda de palavras do que uma história ordenada. Alguns dos muitos elementos eram simples em sua maioria e feitos com objetos do dia-a-dia. Kai puxou Sofia e mostrou-lhe um mini-robô que desenhava com vários lápis de cor aleatoriamente algo, não se sabia exatamente o que era, mas era estranho e ao mesmo tempo curioso. Na parede algumas das obras deste mini-robô eram expostas ao público.
Os amigos rodaram toda a exposição quando resolveram sentar num dos bancos que tinha dentro de uma das salas. Eles estavam cansados. Kai apertou levemente o braço de Sofia e mostrou pra ela um homem. Ele devia ter por volta de seus quarenta anos e tinha um cabelo meio mal arrumado. O homem estava de pé, em frente a um extintor de incêndio com uma espécie de pano sujo quase no topo. Hora parecia um anjo, hora parecia uma vasta cabeleireira do extintor. O objeto localizava-se entre uma obra e outra. Vamos dar um apoio moral a ele, Kai? Sofia, isso é muita maldade. Sofia levantou-se e dirigindo-se a Kai disse: você me mostrou o homem, Kai, agora agüente, afinal, how bad do you want to be good? Os dois riram, mas, mesmo cansados, se levantaram e se posicionaram ao lado do homem. O cara com os braços cruzados, vez em quando apoiava o seu queixo em uma de suas mãos com ar meio intelectual. Cerca de máximo uns dois minutos depois, algumas pessoas começaram a se aglomerar em volta do extintor. Eu não estou acreditando que isso esteja acontecendo, Kai?! Os dois riram. Vamos embora, não vou ficar aqui pra pagar este mico. Não, fica, Kai, está muito engraçada esta cena. E mais pessoas começaram a parar e olhar o extintor. O homem continuava lá, em local privilegiado aos demais. Ele era sisudo parecia que via algo a mais na obra que os reles mortais não viam. Um guarda foi se aproximando devagar e sem cerimônia, arrancou o pano sujo do extintor. As pessoas que estavam em volta saíram rapidamente, algumas rindo e outras envergonhadas. O homem saiu rindo de si e balançando a cabeça como quem não estava acreditando no que acontecera.
Kai e Sofia decidiram terminar a visita à exposição com aquela cena inesquecível e antológica. E, então, resolveram “comer água” num dos inúmeros bares na vila madalena. Sofia estava desejando um bolinho de bacalhau com alho poro. Enquanto ela ouvia Kai falar sobre o seu dia no trabalho, não parava de pensar em Mahya e na história do anjo do campo. Mesmo desconcentrada no que Kai contava, fingiu que havia interesse e preferiu não dividir nada sobre aquele assunto com o amigo. Amanhã sempre será outro dia e quem sabe ela assimilaria de outra forma aquele fato.
Kai e Sofia assim que entraram no espaço viram uma sala um pouco escura onde se via um livro voando. Na verdade, o livro estava dentro de um grande recipiente e era impulsionado por uma pequena bomba que fazia com que o líquido move-se, dando, assim, uma impressão de que o livro estava voando. O livro, com o movimento do líquido bailava pelo espaço restrito sob a luz azulada do receptáculo. Com certeza, essa porra não deve ser água, Kai, isso aí é algum líquido especial, pois as páginas do livro não se dissolvem. Eles olhavam de cima pra baixo e de baixo pra cima como quem tentasse descobrir algo a mais que estava por trás daquela geringonça. Em outro espaço, muito maior e mais escuro do que o primeiro, via-se ao fundo uma enorme prateleira de livros com pouca iluminação. Os livros eram de madeira e à medida que se tirava um deles da prateleira, acionava alguma espécie de dispositivo e o livro começava a falar. Cada livro tinha uma voz e uma história diferente. Os visitantes abriam-nos ao mesmo tempo e o resultado final mais parecia uma barafunda de palavras do que uma história ordenada. Alguns dos muitos elementos eram simples em sua maioria e feitos com objetos do dia-a-dia. Kai puxou Sofia e mostrou-lhe um mini-robô que desenhava com vários lápis de cor aleatoriamente algo, não se sabia exatamente o que era, mas era estranho e ao mesmo tempo curioso. Na parede algumas das obras deste mini-robô eram expostas ao público.
Os amigos rodaram toda a exposição quando resolveram sentar num dos bancos que tinha dentro de uma das salas. Eles estavam cansados. Kai apertou levemente o braço de Sofia e mostrou pra ela um homem. Ele devia ter por volta de seus quarenta anos e tinha um cabelo meio mal arrumado. O homem estava de pé, em frente a um extintor de incêndio com uma espécie de pano sujo quase no topo. Hora parecia um anjo, hora parecia uma vasta cabeleireira do extintor. O objeto localizava-se entre uma obra e outra. Vamos dar um apoio moral a ele, Kai? Sofia, isso é muita maldade. Sofia levantou-se e dirigindo-se a Kai disse: você me mostrou o homem, Kai, agora agüente, afinal, how bad do you want to be good? Os dois riram, mas, mesmo cansados, se levantaram e se posicionaram ao lado do homem. O cara com os braços cruzados, vez em quando apoiava o seu queixo em uma de suas mãos com ar meio intelectual. Cerca de máximo uns dois minutos depois, algumas pessoas começaram a se aglomerar em volta do extintor. Eu não estou acreditando que isso esteja acontecendo, Kai?! Os dois riram. Vamos embora, não vou ficar aqui pra pagar este mico. Não, fica, Kai, está muito engraçada esta cena. E mais pessoas começaram a parar e olhar o extintor. O homem continuava lá, em local privilegiado aos demais. Ele era sisudo parecia que via algo a mais na obra que os reles mortais não viam. Um guarda foi se aproximando devagar e sem cerimônia, arrancou o pano sujo do extintor. As pessoas que estavam em volta saíram rapidamente, algumas rindo e outras envergonhadas. O homem saiu rindo de si e balançando a cabeça como quem não estava acreditando no que acontecera.
Kai e Sofia decidiram terminar a visita à exposição com aquela cena inesquecível e antológica. E, então, resolveram “comer água” num dos inúmeros bares na vila madalena. Sofia estava desejando um bolinho de bacalhau com alho poro. Enquanto ela ouvia Kai falar sobre o seu dia no trabalho, não parava de pensar em Mahya e na história do anjo do campo. Mesmo desconcentrada no que Kai contava, fingiu que havia interesse e preferiu não dividir nada sobre aquele assunto com o amigo. Amanhã sempre será outro dia e quem sabe ela assimilaria de outra forma aquele fato.