20 de outubro de 2015

Camille Claudel, 1915


Com uma direção primorosa e tipicamente francesa, a película Camille Claudel, 1915 (2013) traz detalhes que fazem diferença na percepção e grandeza do filme. Uma época bem retratada não só em figurinos e cenários, mas também em seus gestos intrínsecos, no andar dos sapatos desengonçados ou na expressão de loucura de cada doente. Não podemos deixar de notar a assertiva interpretação de Juliette Binoche que emociona a cada cena, a cada sentimento vivido pela sua personagem. Um belíssimo filme! Na narrativa que acontece no inverno de 1915, contra a sua vontade, a escultora Camille Claudel (Juliette Binoche) é internada pelos familiares em um asilo psiquiátrico mantido por religiosas, e permanece durante anos na instituição, sem poder sair. Ela afirma várias vezes que está perfeitamente sã, mas desenvolve uma mania de perseguição, acreditanto que seu ex-amante Auguste Rodin conspira contra ela, e que todos no asilo tentam envenená-la. Camille passa os dias cercada por internos com deficiências mentais e surtos psicóticos graves, não tendo ninguém com quem conversar. Sua única esperança é uma carta enviada clandestinamente ao irmão Paul (Jean-Luc Vincent), implorando por sua liberação. Quando Paul confirma que vai visitá-la, Camille aguarda com impaciência a oportunidade de mostrar ao irmão que pode viver em sociedade. É bom que se diga que a película é baseada nas cartas de Paul e Camille e nos registros médicos da escultora. Como curiosidade, o diretor Bruno Dumont decidiu rodar o filme em um verdadeiro hospital psiquiátrico, buscando dar um toque realista para sua história. E não só isso, ele também contou com a participação de verdadeiros doentes mentais. Para facilitar esse trabalho com os doentes mentais, o cineasta decidiu chamar os personagens pelo verdadeiro nome dos intérpretes. Um filme imperdível, diria!