6 de fevereiro de 2012

Palácio do Fim

A realidade descrita na peça Palácio do Fim é dura. Coisa pra gente grande! O maravilhoso e contundente texto da canadense Judith Thompsom choca porque traz à tona histórias veridicas com questões profundas do nosso século. A câmara de tortura do ditador Saddam Hussein (1937-2006), no antigo Palácio Real, em Bagdá é que intitula a peça. O espetáculo mete o dedo na ferida dos conflitos bélicos entre o Iraque e os Estados Unidos nas últimas duas décadas. Talvez seja por isso, por profunda autoanálise, que os americanos não aplaudiam a peça. Não porque não sejam educados, mas porquê refletiam o quão responsáveis era a sociedade deles por tudo aquilo. Um choque que faz qualquer alienado repensar, ou no mínimo, se incomodar na cadeira. Camila Morgado, Antonio Petrin e Vera Holtz são os atores que interpretam com competencia. José Wilker é o diretor, uma direção impecável, diria. E Maneco Quinderé é o iluminador, um detalhe à parte que faz a diferença. A trama trata-se de monólogos de três pessoas que além das suas opostas visões sobre o assunto, tiveram elas modificadas pelo contexto em que se encontram. A primeira é a oficial americana Lynndie England que submeteu seus prisioneiros a perversas humilhações. O segundo personagem, trata-se do cientista inglês David Kelly que mentiu ao dizer que não havia armas de destruição em massa no Iraque. E, por fim, a terceira personagem é a ativista comunista Nehrjas Al Saffarh que foi morta durante um bombardeio na Guerra do Golfo e teve seu filho torturado e morto. Histórias tocantes que pode leva o público às lágrimas. Uma peça imperdível, com toda certeza, que fica em cartaz até o dia 11 de março no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação.