O melodrama em preto e branco de Francis Ford Coppola, Tetro (2009) tem uma beleza plástica extraordinária. Esse é, diria, um privilégio quando um bom diretor resolve roteirizar o seu próprio filme. Ele escreve muito mais com ações do que com diálogos. Mas, mais do que isso, o filme se liberta das pressões hollywoodianas trazendo personagens riquíssimos que se degladeiam entre seus próprios conflitos. O cruel pai de Tetro, o maestro Carlo (Klaus Maria Brandauer), a dedicada namorada Miranda (Maribel Verdú), a humilhada Alone (Carmen Maura), a juventude curiosa de Bennie (Alden Ehrenreich) e o mal humorado Tetro (Vicent Gallo) traz para a audiência um vasto repertório na arte da psicologia. Coisas que Freud até explica. Por outro lado, alguns diálogos não são bem trabalhados, o que não chega a comprometer muito a obra final. Na película, o irmão de Tetro inicia uma caminhada pela sua própria história bem como o da sua família quando aporta em Buenos Aires e vai visitar o irmão. Ele trilha caminhos curvos e muito obscuros. Na narrativa, tem de tudo um pouco: emoções reprimidas e dissuadidas, um quê de rivalidade com muito ódio disfarçado e prepotência de sobra para enlaçar o espectador. A música é um quê a parte, ela traduz cada traço de personalidade dos personagens.