O francês Irréversible (2002) é também Irreversível no Brasil. Um filme incômodo desde o inicio, mas muito intrigante na sua forma estrutural e conceito. Um conteúdo e cenas chocantes. O filme de Gaspar Noe começa pelo final: literalmente (com exibição de créditos, letras invertidas e tudo mais). A história é bem simples, mas como começa pelo final, pode confundir o espectador. No incio do filme, as imagens são atordoantes, a câmera não foca a pessoa centralizada dando um desconforto e quem sofre de labirintite pode até desistir de assistí-lo, mas não faça isso. Nem que a vaca tussa. Na verdade, acredito, particularmente que o filme tem um processo de reconstrução do personagem único. Ele vai na contramão dos roteiros hollywoodianos, mas dá certo esta quimica. A medida que o filme passa, os personagens se mostram personalidades díspares do que os que se apresentaram no inicio do filme. Também, tem duas sequências que ficaram para a história: a cena do extintor e a do estupro. A segunda, inclusive, é muito difícil de ser até mesmo assistida já que em geral cenas de sexo são, por si só, difícil de ser assimilada pela audiência. Esta, em especial, muito mais tórrida torna-se também um cena complicada de contracenar. Ela foi gravada apenas em uma única tomada. O espectador vê um estrupo do inicio ao final e fica rezando para que aquilo termine logo e não termina. Um trabalho primoroso e com excelentes atuações. Na película, tudo flui com uma naturalidade incrível, apesar do tema abordado: vingança. Na história, Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert Dupontel), saem pelo submundo de Paris à procura do homem que teria estuprado e espancado Alex (Monica Bellucci), a atual namorada de Marcus e ex-namorada de Pierre. Em seguida, a narrativa recua até os eventos que o antecederam, mostrando, assim, a verdadeira história e essência de cada um dos personagens. Uma obra prima tanto como direção quanto como roteiro.