7 de novembro de 2016

Uma criatura dócil


A leitura de Uma criatura dócil, do renomado escritor russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881) é saborosa e envolvente. A ideia original, apesar dos anos, parece contemporânea. As entrelinhas são claras. O comportamento e o psicológico do narrador, mesmo frente à tragédia, se desvela pouco a pouco ao leitor. A tragédia real do suicídio de uma jovem que se jogara de um prédio abraçada a um ícone da Virgem que fora publicada num jornal, chamou a atenção do autor que transformou em uma história fantástica, para o deleite de todos nós, amantes da boa literatura. Na narrativa do livro, uma jovem mulher havia se jogado de uma janela e seu marido fica aturdido, sem saber o que fazer, dando voltas pela casa enquanto começa a falar consigo mesmo, pois não sabe lidar com esta situação. Quando escreve esta obra-prima de 1876, Dostoiévski já é o romancista de Crime e castigo (1866), O idiota (1868) e Os demônios (1872). Marcado pela humilhação e pelo orgulho, o narrador acompanha a busca de sua mulher por liberdade. A edição é enriquecida com desenhos inéditos de Lasar Segall (1891-1957). Vale à pena aventurar-se por este conto russo!