9 de julho de 2012

Amazônia 50: Meio Século do Cinema Documental de Adrian Cowell


A mostra Amazônia 50: Meio Século do Cinema Documental de Adrian Cowell está em cartaz no Cinesesc até o próximo dia 12 de julho. Ela é a maior mostra realizada do acervo de Cowell sobre a grande, polêmica e encantadora floresta. Muitos filmes dela são inéditos e pela primeira vez no Brasil é apresentado o filme Matando por Terras que por duas décadas não pode ser exibido no país a fim que não expusesse as testemunhas de crimes impunes no sul do Pará. No meio século em que filmou o Brasil, Cowell produziu o maior acervo documental da Amazônia. São quase que 10 mil rolos, 900 metros de filme, sete toneladas de material, 30 documentários e, um amor e respeito enormes por tudo que filmou. Nascido na China e criado na Inglaterra, o diretor Adrian Cowell aos 23 anos chegara ao Brasil e pelos 54 anos seguintes acompanhou de perto o projeto de colonização e a destruição da floresta e dos povos indígenas. Além da importância história, as películas traduzem o olhar do cinegrafista e diretor daquela época: uma relíquia. Em cada filme que assistimos, nos questionamos o quão ignorante, a maioria de nós, brasileiros, ainda somos no que se refere a nossa própria história e aos problemas do nosso país. E nos deparamos com valores tão fúteis do dia-a-dia que nos dá ânsia de vômito ao saber que nada mudou e, pior, agrava a cada dia. Dentro da mostra, podemos ver, por exemplo:

A Tribo que se Esconde do Homem (1970)
Nesse documentário mostra o esforço dos irmãos Villas-Boas, com a ajuda de outros índios de diferentes etnias, para contatar os índios isolados panará, conhecidos como Kreen-Akarore. Para quem assistiu ao filme Xingu, podemos dizer que trata-se da tribo em que Claudio Villas-Boas se depara ao final dele. No documentário, a abertura da estrada, próxima a essa tribo, ameaça sua sobrevivência. Na opinião dos sertanistas, a melhor opção para estes índios, agora, é levá-los para o Parque do Xingu antes que a estrada chegue, trazendo todos os males da nossa civilização.

Chico Mendes - Eu Quero Viver (1989)
Apresenta a trajetória de Chico Mendes, líder seringueiro no Acre, em defesa da Amazônia. Com registros feitos entre 1985 e 1988, acompanhamos Chico Mendes na organização dos seringueiros em defesa da floresta, no nascimento da Aliança dos Povos da Floresta e na luta pela demarcação das primeiras reservas extrativistas na Amazônia. O filme apresenta ainda a trama armada para seu assassinato e as repercussões no Brasil e no mundo.

Uma mostra imperdível com uma bela curadoria de Felipe Milanez!