19 de dezembro de 2011

As Esganadas


O livro é bom! Para ler As Esganadas de Jô Soares precisa sacar a beleza da linguagem e a sua subjetividade ao escrevê-la. O nome dos personagens é bem pensado. "Seu nome é Cordélia e não Gordélia, como chamavam as coleguinhas do primário". O autor demonstra um vasto conhecimento cultural baseado em detalhadas pesquisa da época, mas, mais do que isso, tem o conhecimento culinário, que justiça se faça é inegável, e posso confessar que nos dá água na boca. Por vezes o ritmo da leitura é desacelerado quando, por exemplo, narra o jogo de futebol em demasia. Por vezes é também repetitivo, como quando a jornalista diz em várias situações sobre os horrores que viu na Guerra Civil Espanhola ou, ainda, na repetição excessiva de pistas. Como leitora, essa prática me incomoda. É a mesma coisa de falar para a audiência que ela é burra. Too Much, diria. Na trama, que se dá em 1938, Jô Soares revela logo no início não somente quem é o desalmado como sua motivação psicológica para matar. O núcleo narrativo está nas tentativas aparvalhadas da polícia de encontrar um criminoso que, além de muito esperto e de não despertar suspeita nenhuma, possui uma rara característica física que dificulta a utilização dos novos métodos científicos da polícia carioca. Na perseguição do criminoso, além dos três investigadores, há a companhia de uma jovem repórter e fotografa da principal revista ilustrada do país. Em suma, posso afirmar que o requinte na escrita é notório.