18 de abril de 2011

Pterodátilos


Para quem for ficar em São Paulo no feriadão, uma boa pedida é a peça Pterodátilos com Marco Nanini no Teatro Faap. O texto do americano Nick Silver incomoda por vermos a estrutura do que se diz uma família desabar sobre tantas verdades ditas, mas mais do que isso, a forma como o palco também é desmontado deixa o telespectador importunado. O drama ou comédia disfarçada, apesar do texto e conflitos existentes dentro da familia Pterodátilos, tem nuances leves e até arranca um sorriso do telespectador. O humor é dilacerante e toca sim feridas atuais da sociedade. Na história, Marco Nanini encara o papel duplo de Artur e Emma, pai e filha de uma família desajustada e totalmente disfuncional. Enquanto Artur é presidente de um banco, Emma é a filha desnorteada. Grace (Mariana Lima), a mãe alcoólatra, é surpreendida pelo retorno do filho mais velho, Todd (Álamo Facó), que está com aids, bem como pelo casamento da caçula com o namorado, Tom (Felipe Abib), transformado em empregada coméstica. Além deste cenário pra lá de incoerente, Artur fica desempregado e descobre-se ossos no subsolo da casa em que moram. Assim como a família e seus dramas pessoais e coletivos, a casa vai desmoronando. Quando vemos Grace pedir opinião do filho sobre qual vestido deve usar no enterro dele ou quando Emma diz que fora expulsa do encontro das filhas estupradas pelo pai por ter mentido, entendemos o humor em forma de tragédia. Um texto pra lá de inteligente!