24 de março de 2021

Como Todos os Atos Humanos

 
Foto: Divulgação

Filha relata ao público o seu crime de parricídio em peça-filme que estreia dia 24 de março pelo Youtube. "Como Todos os Atos Humanos" trata, de forma simbólica, do ‘feminino’ refém do patriarcado, da violência explícita ou mesmo velada a que a mulher vem sendo submetida ao longo da história.  À medida que vai contando seu crime, deixa entrever agudos e finos traços de inteligência e sensibilidade que revelam o seu raciocínio lógico, mas que também confundem, desarrumam e inquietam.


A partir das obras de Marina Colasanti, Nelson Coelho (1928-2014) e Giorgio Manganelli (1922-1990), a peça-filme tem dramaturgia e atuação de Fani Feldman, direção de Rui Ricardo Diaz, assistência de direção de Plínio Meirelles, preparação de Antonio Januzelli e direção de vídeo de Munir Pedrosa


Construída a partir de referências visuais dos pintores Francis Bacon, Edvard Munch e René Magritte, a peça aborda a ‘naturalização da violência’ e leva à cena uma narrativa tétrica na qual a filha, obcecada por seu pai e por ele subjugada, termina por incidir simbolicamente no aniquilamento arquetípico do patriarcado e de toda a vigília que a redoma masculina exerce sobre a mulher.


O espetáculo não tenta agarrar a moral linear conhecida que apazigua, mas procura desvendar uma lógica própria, para além de conceitos e/ou preconceitos. A princípio, o ato de perversidade, pode soar apenas cruel e absurdo, mas aos poucos se torna semelhante a toda e qualquer busca por sobrevivência e comparado a todos os atos essencialmente humanos. “Como Todos os Atos Humanos é, para mim, mais do que minha própria voz em estado de grito. Um suspiro aliviado que me sai violento, brutal e inteiro”, diz Fani Feldman.


De 24 a 31 de março às 21h. Exibição online e gratuita pelo youtube/ciadosopro.