30 de agosto de 2019

57 Minutos - O tempo que dura esta peça

Foto: Pedro Mendes

O artista mineiro Anderson Moreira Sales (vencedor do Prêmio Açorianos) concorre ao Prêmio Aplauso Brasil de melhor dramaturgia pelo monólogo "57 minutos – O tempo que dura esta peça", que volta ao Espaço Parlapatões, para uma nova temporada entre 12 de setembro e 4 de outubro, com apresentações às quintas e sextas-feiras, às 21h
Inspirada pelo livro “Ulisses”, do escritor irlandês James Joyce (1882-1941), a dramaturgia se arquiteta a partir de uma premissa simples: um morador do subúrbio de uma cidade grande sai de casa em busca de cumprir seus compromissos e retornar ao lar. A aparente banalidade da narrativa problematiza a realidade contemporânea brasileira em sua cruel complexidade ao reconhecer a grandeza escondida nas pequenas coisas para denunciar a pequenez escondida nas coisas grandes.
“Os últimos anos no Brasil foram muito violentos de uma forma geral. Muito ódio foi sendo plantado, regado e agora o país está colhendo uma crueldade absurda. Isso tudo fomentou em mim uma revolta interna que foi expurgada da maneira mais inteligente e sensível que eu sei fazer que é transformar essa energia em texto e corpo em cena. É o lugar onde consigo me sentir mais forte para me vingar da maldade que me ronda”, comenta o artista.
A narrativa aborda também a questão de construção de identidade e transformação. ”O personagem central da história se oprime ao lidar direta ou indiretamente com as figuras masculinas que cruzam seu caminho e não se reconhece enquanto um ser que está no meio do caminho, rejeitando o estereótipo masculino e toda a sua construção cultural de opressão e ainda sem saber caminhar rumo a uma personalidade frágil e delicada. Reconhecer isso foi determinante para algumas escolhas da encenação”, acrescenta.

29 de agosto de 2019

O Homem Travesseiro

Foto: Divulgação

Um escritor é chamado pela polícia para explicar a semelhança entre seus contos e assassinatos de crianças que ocorreram na cidade. Esta é a premissa de "O Homem Travesseiro", do autor inglês Martin McDonagh, que reestreia na Giostri Livraria Teatro, no dia 7 de setembro. A direção é de Kleber di Lázzare e o elenco conta com Anderson Pinheiro, Felipe Oliveira, Reinaldo Rodriguez e Vitor Colli.
A trama se passa em uma delegacia, onde esse escritor é interrogado por dois detetives sobre a relação dele com os crimes hediondos e o paradeiro de uma criança que ainda está desaparecida. Em um ambiente de regime ditatorial, a peça discute de maneira ácida temas como a violação de direitos e da tolerância.
O texto de Martin McDonagh – indicado ao Oscar 2018 pelo roteiro e direção do filme “Três Anúncios Para Um Crime” – faz cada espectador decidir se considera o que vê absurdo e distante, ou se reflete a realidade de um mundo tão egoísta a ponto de tratar a violência como banalidade. 
A montagem ainda mostra o poder da arte. O diretor Kleber di Lázzare afirma que “para todo tipo de violência e opressão, há a arte em resistência. Na luta incansável pela liberdade”. Em meio a globalização, nos tornamos individualistas. Perdemos nosso poder de reflexão e o senso comum domina nossos pontos de vista. E nesse cenário, o papel da arte é ainda mais transformador em nossa sociedade.

28 de agosto de 2019

Quarto 19

Foto: Cris Lyra

"Quarto 19", espetáculo solo de Amanda Lyra construído a partir do conto No Quarto Dezenove (To Room Nineteen), da escritora britânica Doris Lessing (1919-2013), prêmio Nobel de Literatura em 2007, reestreia dia 06 de setembro no Teatro Eva Herz. A direção é de Leonardo Moreira, dramaturgo e diretor da Companhia Hiato, de São Paulo.

O conto "To Room", publicado pela primeira vez em 1963, conta a história de uma mulher de classe média casada e com quatro filhos que se vê̂ despersonalizada pelo casamento burguês, pela maternidade e pela fragmentação de sua identidade feminina. 

As questões abordadas pelo texto e pela encenação de "Quarto 19" dizem respeito principalmente às mulheres, mas não só́ a elas. Nesse conto, Lessing aborda com simplicidade e força alguns de seus temas mais persistentes, como o cabo de força entre o desejo humano e os imperativos do amor, da traição e da ideologia, as tensões entre o doméstico e a liberdade, a responsabilidade e a independência. A construção da identidade, o trabalho para estabelecê-la, defini-la e refiná-lá, talvez seja o fio que liga toda a obra de Lessing. 

27 de agosto de 2019

Barrela

Foto: Divulgação

O consagrado diretor, autor e ator Mário Bortolotto presta uma homenagem aos 20 anos de morte de Plínio Marcos (1935-1999) com a estreia de "Barrela". A montagem estreia no dia 30 de agosto no Teatro Cemitério de Automóveis. O elenco fica completo com Walter Figueiredo, Marcos Gomes, Nelson Peres, Paulo Jordão, Rodrigo Cordeiro, André Ceccato, Marcos Amaral, Daniel Sato e Alexandre Tigano.
Escrito em 1958, o texto teve uma única apresentação em 1959 e só foi remontado em 1978, com a abertura política pós ditadura militar. A trama foi inspirada na história real de um garoto de Santos que foi preso por uma bobagem e acabou violentado pelos outros presos da cela. Quando ele saiu da prisão, tramou o assassinato de quatro desses caras.
Como esta foi sua primeira peça, Plínio Marcos ainda não tinha qualquer noção sobre como escrever para o teatro. Na época, sua amiga Patrícia Galvão, a Pagu, leu o texto e já considerou o jovem autor, de apenas 21 anos, um gênio.
A montagem conta a história de um grupo de homens confinados em uma prisão em Santos. A cela é uma espécie de barril de pólvora pronto para explodir. Bereco (interpretado pelo próprio Bortolotto), o xerife da cadeia tenta manter o claustro sob um regime de austeridade, o que parece ser impossível dada as condições em que os presos estão. É quando começa uma disputa entre eles questionando a masculinidade de um deles. A violência se acentua quando um garoto que havia sido preso por se meter uma briga de rua é colocado na cela junto com os outros, que resolvem violentá-lo.

26 de agosto de 2019

Vidas Medíocres ou Almas Líricas

Foto: Sergio Fernandes

Sob olhares e espíritos curiosos, “Vidas Medíocres ou Almas Líricas” chamou a atenção de público e crítica ao apresentar uma mescla de cenas baseadas em quatro textos do dramaturgo russo Anton Tchekhov - além de trechos de cartas e contos do autor – com a atmosfera poética proposta por sambas das décadas de 40 e 50. Em cartaz, desta vez no Espaço Cia da Revista, entre 4 e 26 de setembro, às quartas e quintas, a partir das 20h30.

As letras e melodias que falam do destino, da melancolia e da natureza da vida encaixavam-se bem na prática de leitura e encenação de Tchekhov e, com isso, a construção foi ganhando vida. A partir desta similaridade, mesmo que distante no espectro de tempo e espaço, induziu o diretor à reflexão que dá a tônica do espetáculo: “Afinal, seria a tristeza a essência primária da alma lírica humana?”

Com esses questionamentos em mente deu-se início a carpintaria cênica e a criação da identidade visual da peça, que também teve inspiração em outro russo, o diretor de cinema Andrei Tarkovsky, vencedor do Prêmio Especial do Júri do Festival de Cinema de Cannes em 1980 com o filme “Stalker”, de 1979. “Neste espetáculo, o público depara-se com esses espectros, fragmentos do passado, objetos abandonados, musgo, poeira, ferrugem, fotografias gastas pelo tempo... Signos que remetem à perenidade e à atemporalidade”, afirma o diretor.

23 de agosto de 2019

Adelia Issa, Edelton Gloeden e Orquestra de Cordas Laetare


Foto: Paulo Barbagli 

No dia 24 de agosto, às 20h, o Centro de Música Brasileira apresenta recital de canto e violão com os grandes intérpretes: Adelia Issa e Edelton Gloeden e a Orquestra de Cordas Laetare, sob regência de Muriel Waldman e músicos convidados. A série tem entrada gratuita. 

O Duo Adélia Issa e Edelton Gloeden interpretará canções de compositores consagrados, Ernst Mahle, Guerra-Peixe, Osvaldo Lacerda, Villani-Côrtes, com textos de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Guilherme de Almeida, Mário de Andrade, Ribeiro Couto e Vinícius de Moraes. A obra de Carlos dos Santos será em primeira audição mundial. O duo foi indicado, em 2012, ao Prêmio Carlos Gomes - a mais importante premiação da música de concerto no Brasil - na categoria “Melhor Conjunto de Câmara”.

A Orquestra de Cordas Laetare trará solistas convidados: o violinista Samuel Moreira de Mello, o Coral Vox Jubili, a pianista Naara Santana e os percussionistas Joaquim Abreu e Joachim Emidio. A orquestra, constituída por 32 músicos, interpretará duas obras em primeira audição de Jean Goldenbaum e Fábio Soldá. O grupo tocará ainda obras de Claudio Santoro, Osvaldo Lacerda e Villa-Lobos.

22 de agosto de 2019

O Buraco d’Oráculo encena...

Foto: Sheila Signatario 

A Circulação-Residência do grupo O Buraco d’Oráculo retorna à zona leste, em agosto, em parceria com o coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes. Com entrada franca, os espetáculos acontecem entre os dias 23 de agosto e 1º de setembro, no CDC Vento Leste (Clube da Comunidade), espaço abandonado pelo poder público, no Jardim Triana, região de Cidade Patriarca, que foi revitalizado por ações de diversos grupos, entre eles o Dolores Boca Aberta. 

Para diversificar a programação e acolher de forma mais ampla os coletivos que atuam no CDC Vento Leste, o convite foi estendido à Cia. Canina de Teatro de Rua e Sem Dono para também compor a programação.

Portanto, a Circulação-Residência de agosto conta com cinco espetáculos: O Buraco d’Oráculo encena O Encantamento da Rabeca (dia 24/08 - foto acima), O Cuscuz Fedegoso (dia 25/08) e Pelas Ordens do Rei Que Pede Socorro! (dia 01/09); a Cia. Canina apresenta O Vendedor de Verdades (23/08); e Dolores Boca Aberta entra em cena com Cora e o Trabalho (dia 31/08).

Os ingressos são gratuitos e as sessões acontecem todas as sextas e sábados (às 19h) e domingos (às 16h).

21 de agosto de 2019

As Bruxas de Salem

Foto: Rombolli Torres

Estreia no dia 23 de agosto, às 21h), o espetáculo "As Bruxas de Salem", um estudo sobre a obra de Arthur Miller com direção de Kleber Montanheiro. A montagem fica em cartaz até o dia 1º de setembro no Teatro Nair Bello.

"As Bruxas de Salem" é um texto baseado em fatos verídicos conhecidos como os Julgamentos das Bruxas de Salem. Em 1692, em Massachusetts, cerca de 150 pessoas foram processadas por bruxaria, resultando em várias execuções. Escrita no início de 1950, a peça é uma alegoria do macarthismo, como uma resposta à perseguição anticomunista nos Estados Unidos na época, da qual o Arthur Miller foi vítima, sendo interrogado e condenado por não denunciar os colegas comunistas. O próprio Miller adaptou a peça para o cinema, em 1996, em produção estrelada por Daniel Day-Lewis e Winona Ryder.

O enredo se passa em 1692, na Vila de Salem. Betty Parris (filha do Reverendo Samuel Parris) está possivelmente com uma doença para a qual não existe cura. A escrava Tituba acaba sendo acusada de bruxaria por ter contado histórias de voodoo para Betty e Abigail Williams (sobrinha do Reverendo). A histeria na cidade começa quando várias garotas relatam casos de bruxaria e acusam as pessoas da vila. Um tribunal é estabelecido e elas têm que apresentar as acusações perante a lei. John Proctor, um fazendeiro da região, é cético sobre os acontecimentos e tenta provar que tudo é uma farsa. E ele descobre que Abigail e uma das adolescentes, provavelmente ‘possuída’, tentarão se vingar de sua família.

20 de agosto de 2019

Zibaldone

Foto: Gal Oppido

Versos, prosa e diálogos que se tornaram mundialmente conhecidos de Giacomo Leopardi (1798–1837) poeta, ensaísta e filólogo italiano, considerado o maior poeta italiano do século XIX e um dos maiores do romantismo literário ocidental ganham as vozes de Adriana Londoño e Clovys Torres no palco da Oficina Cultural Oswald de Andrade, em encenação inédita de Aimar Labaki. Estreia temporada na Oswald, d21/8 a 12/9 - quartas e quintas-feiras às 20h.

O espetáculo é uma experiência teatral radical sustentada apenas na palavra do poeta e no corpo dos atores. Sem recursos de luz ou trilha sonora, num espaço cênico que leva os espectadores ao palco, os atores usam a dança, o teatro, a performance e a poesia para articular, por meio dos textos de Leopardi questões de qualquer ser humano no início do século 21: amor, morte, poder. “É poesia dita ao pé do ouvido”, diz Labaki.

“Buscamos um contraponto entre a ideia de crítica à modernidade presente na obra de Leopardi e a realidade concreta de dois atores imersos em tal modernidade. Não se trata de um retrato do artista, nem tampouco de uma suficiente visita à vastidão de sua obra, mas da procura da atualidade de sua poética por meio do diálogo com a cena contemporânea no que ela tem de busca de essencialidade no corpo dos atores, e na palavra ao mesmo tempo poética e épica da dramaturgia de nossos dias.

Leopardi não é um pretexto. Mas também não é o único em cena. O que queremos é trazê-lo para hoje – sem alterar suas palavras – torná-lo interlocutor da cena e do espectador contemporâneos. Deixar que suas palavras fluam pelo corpo do ator para poder dialogar com a vida dos espectadores”, acrescenta Labaki.  

19 de agosto de 2019

Utopia em uma noite de inverno

Foto: Luiz Doro Neto

Comemorando 25 anos de trajetória, a Cia. Lúdica ocupa o Centro Cultural Tendal da Lapa até 5 de setembro/2019, com o projeto "A Utopia na Era da Incerteza", contemplado pela 32ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
A Cia. Lúdica, que sempre teve como foco em sua pesquisa os dramas e as tramas da urbanidade, faz nesta proposta um recorte sobre como os domínios da globalização e as consequências das incertezas políticas interferem na realidade da população. E a vida, que um dia foi sonhada como vida boa, utopia, tornou-se para muitos o contrário, distopia.
"A Utopia na Era da Incerteza" tem como inspiração o pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman sobre o seu conceito a respeito do termo “líquido”, o qual sinaliza o mundo contemporâneo como o reflexo de uma sociedade líquida, em que praticamente tudo é descartável, volátil, nada é feito para ser sólido. As relações entre as pessoas tendem a ser cada vez menos frequentes, pouco duradouras e segregacionistas. A sociedade contemporânea não entende mais o progresso como um benefício para a coletividade, mas sim uma busca por vantagens individuais como objetivo principal. O ser dá lugar ao ter e o nosso é substituído pelo meu. Ao invés da esperança de um mundo feliz, ideal, de liberdade, de harmonia e felicidade entre os indivíduos (utopia), surgiram as distopias: decadência e desconstrução que vêm junto com desenvolvimento e progresso por meio do controle social e político dos habitantes.
Os ingressos são gratuitos e as sessões acontecem terças, quartas e quintas, às 14h. Sábados, às 18h. 

16 de agosto de 2019

Aquarela de Batons

Foto: Marcelo Macaue

O cantor e compositor Marcos Munrimbau apresenta no dia 30 de agosto às 21h, no Teatro UMC, o show "Aquarela de Batons". No repertório, músicas autorais resultantes da fusão criativa do artista de elementos da música afro, pop, jazz, latino-americana e erudita. A grande novidade do show é o lançamento do videoclipe da música Quando Você se Aproxima, composição recente de Munrimbau.

O Show “Aquarela de Batons” é uma homenagem às Mulheres de todas as “tribos”, realçando a riqueza das diversas nuances do feminino. Na percepção do Artista, essa diversidade representada pelos vários tons de batons, identifica o ponto de convergência da presença feminina em nossas vidas, ao mesmo tempo forte e delicada. As canções falam da mulher brasileira e seu papel na sociedade moderna, sua força, coragem seu jeito e sua sensualidade.

A riqueza dos arranjos, com “batidas” e “levadas diferentes” em cada música, permite aos expectadores viajarem pelas paisagens e cenários pitorescos, em que a mulher, da cidade ou da periferia, altiva ou recatada, dança e brinca na voz do cantor. No show Marcos Munrimbau será acompanhado por Amanda Ferraresi (violoncelo), Anete Ruiz (teclado/piano) e Paula Padovani (percussão/bateria). 

Na música tema do videoclipe, em total sintonia com a importância de se ter todo esse cuidado e carinho com o “Universo Feminino”, o artista demonstra a paixão de um homem pelo mistério da mulher. Com ela Munrimbau dedica esta composição às mulheres de todos os continentes, guerreiras de luz, magas transformadoras, merecedoras da atenção e respeito ao seu Ser.

15 de agosto de 2019

Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante

Foto: Fabio Audi

O Grupo 3 de Teatro estreia o sexto espetáculo de sua trajetória: "Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante", novo texto da conceituada dramaturga Silvia Gomez. O espetáculo tem direção de Gabriel Fontes Paiva e fica em cartaz no Sesc Consolação de 23 de agosto a 6 de outubro.

Na trama, enquanto aviões de várias partes do mundo decolam e aterrissam, a vigia do KM 23 de uma rodovia abandonada encontra jogada no asfalto uma garota que delira após ser violentada naquela noite estrelada. 
A cada dez minutos uma mulher é vítima de estupro no Brasil. “Terminei este texto no final do ano passado, mas ele começou a se materializar mesmo em 2015, dia após dia, diante do aumento dos casos de estupro e violência contra a mulher no Brasil, histórias que temos visto tomar as notícias. Acho que a peça é um desabafo, alegoria, uma resposta artística a essa realidade, buscando falar dela em outra camada: escrevo sobre um encontro entre duas mulheres num KM abandonado do Brasil. Uma delas acaba de ser violentada e, no delírio da violência, fala. Busco no delírio um diálogo com a realidade impossível de alcançar. De que sintoma complexo do nosso tempo e do nosso país as estatísticas falam? Não tenho respostas exatas, mas muita perplexidade e perguntas que procuro elaborar na cena absurda. Escrevi pensando no Grupo 3, pois há muito tempo queria criar algo só para eles, que são minha turma de Belo Horizonte, MG, com a qual comecei e troco há mais de 20 anos”, revela a autora Silvia Gomez. 
Com linguagem não realista e poética e humor ácido, o texto discute as relações de dominação e resistência, de conflito e poder, praticadas pela humanidade desde tempos imemoriais. É uma obra ao mesmo tempo política e psicológica, local e universal, escrita por uma das principais dramaturgas brasileiras atuais, que já teve seus trabalhos publicados em sete idiomas.
“Em geral, encontro personagens em situações de limite pessoal, emocional, às vezes físico. Nesse lugar, onde as convenções parecem de repente suspensas, uma espécie de lucidez-delirante – assim mesmo, contraditória – toma corpo nas relações e na fala perplexa. Aquilo que não gostamos de dizer vem à tona, as palavras ficam perigosas e ao mesmo tempo quase engraçadas – há uma espécie de humor instável nascido do impasse”, acrescenta a dramaturga.
Em cena, além das duas mulheres interpretadas por Yara de Novaes e Débora Falabella, há a banda Boliviana Las Majas, que toca ao vivo a trilha composta por Lucas Santtana dialogando com as atrizes. O grupo musical é formado por Mayarí Romero, Lucia Dalence, Lucia Camacho e Isis Alvarado e entrou para o espetáculo quando o Grupo 3 fez uma leitura encenada da peça em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, e convidou a banda para participar. A iluminação de André Prado e Gabriel Paiva também é operada em cena e participa desse diálogo.

14 de agosto de 2019

Invocadxs

Foto: Divulgação

No dia 17 de agosto às 16h, estreia o espetáculo infantil “Invocadxs” no Teatro Alfredo Mesquita, em Santana. A temporada é gratuita. “Invocadxs” é um espetáculo teatral que aborda a criança na escola, seus anseios e problemas, com muita música e memórias reais dos atores. Em cena estão Leandro Ivo, Rodrigo Palmieri, Thiago Ubaldo e Vivi Gonçalves. A provocação cênica é de Marcelo Soler.

Na sinopse, quatro alunos no primeiro dia de aula de uma nova escola se deparam com duvidosas regras e um sistema de ensino que não leva a criança em consideração. Inconformados, eles se questionam e acabam promovendo uma verdadeira revolução na escola. Com canções originais executadas ao vivo, o espetáculo discute os rumos da educação.

13 de agosto de 2019

A Valsa de Lili

Foto: João Caldas Filho

Débora Duboc e Débora Dubois se unem para contar a história de Lili, que viaja o mundo sem mexer mais que a cabeça. Novo texto de Aimar Labaki, o solo "A Valsa de Lili", inspirado em Pulmão de Aço de Eliana Zagui promove o encontro do público com uma personagem única - fisicamente paralisada, intelectual e emocionalmente livre.
O espetáculo estreia no dia 15 de agosto no auditório do Sesc Ipiranga e segue em cartaz até 1º de setembro.
Livremente inspirado no livro autobiográfico “Pulmão de Aço” (Ed. Belaletra, 2012), de Eliana Zagui, o espetáculo conta a história de Lili, uma mulher igual a qualquer outra, exceto pelo fato de conseguir movimentar apenas os músculos do pescoço e da cabeça graças à poliomielite que teve antes mesmo de completar dois anos de idade. 
A peça conta uma história delicada e emocionante e mostra, sem tom de lamento ou ressentimento, como Eliana e Lili aprenderam a viver de acordo com a máxima sartriana “Vida é o que você faz com o que fizeram com você”.

Os questionamentos, medos e verdades levantados no livro são comuns a qualquer outra pessoa, com ou sem deficiências: a necessidade de amar e ser amada, a relação com a morte, o que fazer da vida, como conseguir o sustento com o trabalho etc. A diferença é que Eliana precisou lidar com um limite físico que muitas pessoas julgariam insuportável. Ela descobre, então, que o afeto e o humor são saídas para uma vida sadia e produtiva.

12 de agosto de 2019

A Verdadeira História do Barão

Foto: Chris Von Ameln

A peça "A Verdadeira História do Barão" fica em cartaz no Teatro do Sesi-SP de 15 de agosto a 24 de novembro
A montagem mostra uma trupe de teatro itinerante, perdida por terras brasileiras, que tenta sobreviver encenando as histórias fantásticas do famoso Barão. A figura de Munchausen transita entre a verdade e a mentira, o sonho e a realidade, o absurdo e o delírio para narrar fugas incríveis, fatos extraordinários, perigos assombrosos e encontros improváveis.
Considerado um dos maiores contadores de aventuras absurdas, o Barão de Munchausen foi um militar alemão e os relatos de suas andanças pelo mundo serviram de base para o clássico da literatura universal “As Aventuras do Barão de Munchausen”, publicado em 1785 pelo alemão Rudolf Erich Raspe (1736-1794). No cinema, uma das obras mais marcantes foi o longa-metragem de 1988 do cineasta norte-americano Terry Gilliam. 
A ideia é abordar o teatro e as artes como elementos transformadores da realidade à medida que fazem o ser humano pensar em novas possibilidades de vida. “Quando escolhemos esse projeto para apresentar ao SESI-SP, que consideramos uma das instituições mais importantes do Brasil para produção e fomento à Cultura, pensamos nessa força de criação de novos imaginários trazida pelo Barão. Há mais de dois séculos, ele já pensava na imaginação como uma maneira de se resolver questões impossíveis. Neste momento tão particular, permeado por tantos retrocessos,  sentimos a necessidade de contribuir para que as novas gerações tenham condições de reinventar sua realidade e até mesmo superá-la, partindo de uma das características humanas mais revolucionária: a criatividade, explica Marco Vettore, diretor da Nau de Ícaros e idealizador da peça.
O espetáculo tem entrada gratuita oferecida pelo Teatro do Sesi-SP, com reservas antecipadas de ingressos disponíveis no site do Centro Cultural Fiesp (www.centroculturalfiesp.com.br) a partir de hoje às 8h. Os ingressos remanescentes são disponibilizados na bilheteria 15 minutos antes da apresentação, no dia do espetáculo.

9 de agosto de 2019

A Rainha do Rádio

Foto: Donatella Macola

Premiado no 13º Festival Iberoamericano de Teatro Mar Del Plata, na Argentina, o solo "A Rainha do Rádio", de José Saffioti Filho, ganha uma temporada no Teatro Raposo Shopping, a partir de hoje até o dia 30 de agosto. A peça é protagonizada e idealizada pela atriz Mari Feil, tem direção de Gil Guzzo, figurinos de José Henrique Beirão, iluminação de Irani Apolinário e preparação vocal de Mônica Montenegro.
Ambientada em 1974, em plena ditadura militar brasileira, tempo de repressão aos meios de comunicação e às manifestações artísticas, a peça conta sobre a radialista Adelaide Fontana, que comandava o programa “Suspiros ao meio-dia” e foi demitida após 25 anos de casa. Ela resolve invadir e trancar o estúdio da Rádio Esperança para fazer um programa especial, no qual revela aos ouvintes, com humor e ironia, os reais motivos de sua saída: os baixos índices de audiência.
Nesse programava, veiculado à meia-noite, em contraponto com o horário anterior, Adelaide fala como bem entende sobre as alegrias e mazelas da sua vida, além de desafiar os poderosos da cidade, contando seus “podres” e apontando a hipocrisia que a cercava de forma irônica e divertida. O espetáculo discute os limites impostos às mulheres, principalmente às que ousavam desafiar o autoritarismo da época.
Escrita em 1976, a peça teve diversas montagens no Brasil e no exterior. A estreia foi no mesmo ano em São Paulo, com atuação de Cleyde Yaconis e direção de Antonio Abujamura, e devido à censura, a parte política precisou ser cortada. Em 1981, chegou às telonas com o diretor Luís Fernando Goulart e os atores Beyla Genauer e Paulo Guarnieri. "Dirigir um espetáculo que tem um lugar importante na história do teatro é um grande privilégio. Porque ele foi escrito e encenado pela primeira vez num Brasil ainda dominado pelos militares e continua absolutamente atual trazendo à tona assuntos que ainda e cada vez mais precisam ser discutidos. E também porque é um texto forte que coloca toda e qualquer discussão num nível acima do senso comum", ressalta o diretor Gil Guzzo.

8 de agosto de 2019

Criatura, Uma Autópsia

Foto: Danilo Apoena

A atriz e dramaturga Bruna Longo estreia seu solo "Criatura, Uma Autópsia" em uma curta temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre 9 e 31 de agosto. O espetáculo fricciona o clássico da literatura “Frankenstein, ou O Prometeu Moderno”, da inglesa Mary Shelley (1797-1851), com a vida da própria autora.
A primeira ideia para montar esse trabalho surgiu em 2017, quando Bruna decidiu inicialmente adaptar o clássico para o palco a partir do ponto de vista da criatura. Em fevereiro de 2018, a atriz e a colaboradora artística Larissa Matheus começaram a ensaiar e a buscar pontos de fricção entre o romance e a vida de Shelley.
Naquele mesmo ano, enquanto tratava com a Universidade de Oxford, na Inglaterra, para conhecer os documentos originais de Mary Shelley e sua família, Bruna foi convidada pela Bodleian Libraries e pelo curador Stephen Hebron para ter acesso aos diários, cartas e manuscritos originais da escritora, o que geralmente é concedido apenas a pesquisadores. Na viagem, ela também visitou todos os lugares relevantes à vida da autora em Londres e Bournemouth, onde está o túmulo da família. Além disso, teve acesso a outros documentos na British Library.
A versão final da dramaturgia, escrita na volta ao Brasil, não se propõe a criar uma biografia de Mary Shelley e tampouco da criatura de seu romance. É como uma autópsia de um romance e de personagem revelando as entranhas, artérias, musculatura de dores pessoais e universais. O “marcador” para a dramaturgia é a morte, tema bastante presente na vida da escritora britânica desde o seu nascimento – a mãe dela, por exemplo, morreu dez dias depois de ter dado à luz a ela. Cada morte da vida de Mary é como um pedaço desse grande cadáver que é reanimado no espetáculo.
As duas narrativas – da vida e da obra – surgem paralelas por meio de partituras físicas. No primeiro ato, Mary e Victor dividem o mesmo corpo – da coleta de materiais no cemitério à feitura da criatura –, como um paralelo às inspirações que deram gatilho aos temas da obra. No segundo, a criatura e o romance nascem, e acompanhamos Mary-Criatura explorando as sensações desse pós-parto violento e o mundo ao redor. 

7 de agosto de 2019

Auto da Compadecida

Foto: Tati Motta

Estreia seu novo espetáculo Auto da Compadecida de Ariano Suassuna com temporada no Sesc Pompeia, de 8 de agosto a 1º de setembro, de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 18h.
Inspirado na abordagem mítica brasileira do herói sem caráter, com suas vicissitudes morais, e no momento político-social atual do país, o Maria Cutia narra as aventuras picarescas de João Grilo e Chicó que começam com o enterro e o testamento do cachorro do Padeiro e de sua Mulher e acabam em uma epopeia milagrosa no sertão envolvendo o clero, o cangaço, Jesus, Maria e o Diabo.
Nessa versão de Auto da Compadecida, o grupo dialoga com a estética barroca de Gabriel Villela e traz para o texto de Suassuna pitadas brechtianas. Com tom irônico, o trabalho pode ser enquadrado no gênero cênico-musical-picaresco. O olhar político (sem didatismo ou partidarismo) do espetáculo, desprendido do enredo criado pelo célebre autor paraibano, traz outra camada para a obra de Ariano, revelando acontecimentos de um Brasil atual, a partir de personagens e situações que ganham acento ainda mais sarcástico do que os encontrados na dramaturgia original.

6 de agosto de 2019

Fronteira

Foto: João Caldas Filho

Duas mulheres, interpretadas por Tathiana Botth e Thaís Rossi, estão em uma zona fronteiriça e vivem um dilema: enquanto uma quer cruzar para o outro lado, a outra controla a passagem das pessoas entre os dois territórios. Esta é a premissa de “Fronteira”, o novo espetáculo da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, que fica em cartaz no auditório do Sesc Pinheiros entre 8 de agosto e 7 de setembro, com sessões de quinta a sábado, às 20h30, e no feriado, às 18h. 

Com esta peça, o grupo expande a pesquisa sobre deslocamentos humanos iniciada em “Diásporas”, espetáculo de 2017, com 45 atores em cena, que abordava o tema sob um ponto de vista macro.  Agora, a ideia é tratar dessa temática a partir da relação entre apenas duas personagens, investigando os múltiplos significados implícitos no conceito de “fronteira”. “Geralmente, discutimos essa noção sob uma ótica negativa evocada pela geopolítica, como algo que separa as pessoas e limita a sua liberdade de ir e vir. No entanto, também é possível interpretá-la como algo capaz de preservar a diversidade, uma vez que um indivíduo só existe diante da presença do outro. Se eliminássemos completamente as barreiras e diferenças entre as pessoas, correríamos o risco de uma grande padronização de costumes e modos de vida – o aspecto crítico da globalização. De certa maneira, se preservássemos algumas fronteiras, sem limitar a liberdade, os indivíduos manteriam suas identidades e conseguiriam dialogar e fazer trocas genuínas entre si”, comenta o diretor Marcelo Lazzaratto.
A dramaturgia da premiada Carla Kinzo apresenta o cotidiano dessas figuras sem nome, presas a um presente imutável, reforçado por uma burocracia paralisante. Sobreviventes em meio a um território em ruínas, elas precisam uma da outra para ressignificar essa nova realidade, sem deixar ruir a fronteira interpessoal que existe.

5 de agosto de 2019

Luiz-Ottavio Faria & Amigos Gala Lírica Concert

Foto: Devon Cass

Dia 7 de agosto, às 20h, acontece o Luiz-Ottavio Faria & Amigos Gala Lírica Concert no Teatro Sérgio Cardoso. Ao piano e na direção musical, o maestro Anderson Brenner. São seis amigos do cantor: as sopranos Eliseth Gomes e Laryssa Alvarazi, a mezzo-soprano, Elaine Martorano, o tenor Richard Bauer,o barítono David Marcondes e o baixo Matheus França. Eles vão interpretar árias, duetos, trios de quartetos de Puccini, Verdi, Bellini, Cole Porter, Gershwin, Giordano, Nepomuceno, Rossini, Saint-Saëns, Boito, entre outros. O baixo Luiz-Ottavio Faria é brasileiro, radicado nos Estados Unidos. Será uma rara oportunidade de ver interpretar tantas obras consagradas.

2 de agosto de 2019

O Aquário

Foto: Divulgação

O Aquário, adaptação teatral do romance L’Aquarium, da autora suíça Cornélia de Preux é uma reflexão sobre a necessidade de se encaixar num padrão vigente. Peça dirigida por Cássio Brasil e idealizada em parceria com Reto Melchior. No elenco estão Fabiana Gugli, Luiza Curvo, Luisa Micheletti e Robson Catalunha.

A partir de uma notícia de jornal, a autora do romance construiu uma fábula contemporânea, um mapa das armadilhas do mundo atual. Seu romance de estreia logo será lançado no Brasil numa versão bilíngue pela LF Publicações.

Num almoço de domingo de Ramos, no jardim de um condomínio, o pai de uma família de classe média anuncia, para a surpresa dos vizinhos e da sua esposa e dos três filhos, que passarão as férias nas Ilhas Fiji. O entusiasmo da viagem vai desmoronando com a dificuldade econômica em que se encontram, porém, para manter as aparências, o pai os obriga a se trancarem no porão de casa, completamente isolados do mundo, por duas semanas, simulando a viagem que fariam. Presos pelas exigências de uma sociedade baseada no consumo, onde a figura do pai é vítima e algoz dessa obsessão. Ele e sua família possuem tanta liberdade quanto os peixes em seu aquário, hobby das poucas horas vagas deste profissional liberal.

“A atmosfera original e os diálogos presentes no romance apresentam vocação natural para a cena. O pai vive o os efeitos da terceirização do trabalho contemporâneo, a mãe o subemprego, os filhos estudam em boas escolas, uma família vítima do sucateamento das relações sociais”, diz Cássio.

A peça estreia na Oficina Cultural Oswald de Andrade de 05 a 17 de agosto - Segunda a sexta 20h (apresentação); 21h (discussões) Sábado 16h (apresentação); 17h (discussão). Na segunda-feira, 12/08/2019, haverá a presença da autora na apresentação com coquetel de abertura oferecido pelo Consulado Geral da Suíça após a apresentação.

1 de agosto de 2019

Inferno de Nós

Foto: Acervo pessoal

Os artistas visuais Angela Fernandes & Fabio Benetti inauguram a exposição conjunta "Inferno de Nós", no dia 3 de agosto, na Passagem Literária da Consolação, às 16 horas. A mostra - que fica em cartaz até o dia 4 de outubro - tem curadoria assinada por Iago Calegari.

A visitação é livre, sem cobrança de ingressos, uma ótima oportunidade de conhecer o inusitado espaço cultural subterrâneo que fica na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação.

Inferno de Nós reúne 14 obras que, segundo o curador, buscam expor o complexo diálogo entre os dois artistas: embora apresentem diferentes polarizações, não são expressões contrárias. O ponto de interseção está na reflexão, na tênue linha entre o internar de Angela e o externar de Fabio.

“O diálogo entre as obras de Angela Fernandes e Fabio Benetti firma-se num processo contínuo de alternância entre superfície e substância, evocando à volatilidade existencial e às manifestações dos sentimentos e sofrimentos que por vezes tomam o outro como oposição, inimigo, e acabam por voltarem a si, aos infernos com que lidamos todos os dias, infernos internos, infernos externos, infernos outros e os mesmos”, comenta o curador.

A arte de Angela Fernandes leva à reflexão interna, provoca o expectador a pensar com um trabalho de óleo sobre tela carregado de sensações. Sua obra nasce de um sentimento e parte para o subconsciente sem ser totalmente abstrata. As obras de Fábio Benetti (foto) exploram de forma crítica as sensações externas (políticas, sociais, morais, econômicas) e fazem refletir sobre o que somos e sobre as agruras do viver em sociedade. Em suas criações ele usa técnica mista de material reciclado, retirado do lixo, com pigmentos.