27 de janeiro de 2011

Taxi Driver


Taxi Driver (ou Motorista de Táxi, no Brasil) de 1976 é sempre uma referência de bom roteiro nas escolas de cinema. E não é para menos, o roteiro além de instigante é construido de forma inteligente. O personagem principal tem uma construção de passado magnifica e bem exposta em todo o filme com conflitos e situações pra lá de marcantes. Diria, um filme tenso, forte e perigoso. Para os que não gostam de filmes pesados, não vou mentir, de leve o filme não tem nada. Pequenos elementos o transformam um grande filme. O roteiro é maravilhoso e você sente a realidade do drama. A história passa-se em Nova York. Um homem de 26 anos (Robert De Niro), veterano da Guerra do Vietnã, é um solitário no meio da grande metrópole que ele vagueia noite adentro. Assim começa a trabalhar como motorista de taxi no turno da noite e nele vai crescendo um sentimento de revolta pela miséria, o vício, a violência e a prostituição que estão sempre à sua volta. Perde bastante noção das coisas quando leva uma bela mulher (Cybill Sheperd), que trabalha na campanha de um senador, para ver um filme pornô logo no primeiro encontro. Contudo, tem momentos de altruísmo ao tentar persuadir uma prostituta de 12 anos (Jodie Foster) para ela largar seu cafetão, voltar para a casa de seus pais e ir para a escola. Em contra-partida, compra quatro armas, sendo uma delas um Magnum 44, e articula um atentado contra o senador (que planeja ser presidente) e para quem sua amiga trabalha. Tudo pela procura de uma identidade pessoal. Que drama! Ufa...

26 de janeiro de 2011

Mart'nália

A voz malandra e os trejeitos faciais (principalmente os olhos e a boca) já denunciam de quem Mart'nália é filha: nada mais, nada menos do que o famoso sambista Martinho da Vila e da cantora Anália Mendonça. A cantora, compositora e percussionista brasileira tem o samba-canção pulsando em suas veias. A naturalidade com que ela canta, simplesmente traduz uma certa malandragem em suas apresentações. Uma malandragem única. Confira e se delicie!

25 de janeiro de 2011

Irréversible

O francês Irréversible (2002) é também Irreversível no Brasil. Um filme incômodo desde o inicio, mas muito intrigante na sua forma estrutural e conceito. Um conteúdo e cenas chocantes. O filme de Gaspar Noe começa pelo final: literalmente (com exibição de créditos, letras invertidas e tudo mais). A história é bem simples, mas como começa pelo final, pode confundir o espectador. No incio do filme, as imagens são atordoantes, a câmera não foca a pessoa centralizada dando um desconforto e quem sofre de labirintite pode até desistir de assistí-lo, mas não faça isso. Nem que a vaca tussa. Na verdade, acredito, particularmente que o filme tem um processo de reconstrução do personagem único. Ele vai na contramão dos roteiros hollywoodianos, mas dá certo esta quimica. A medida que o filme passa, os personagens se mostram personalidades díspares do que os que se apresentaram no inicio do filme. Também, tem duas sequências que ficaram para a história: a cena do extintor e a do estupro. A segunda, inclusive, é muito difícil de ser até mesmo assistida já que em geral cenas de sexo são, por si só, difícil de ser assimilada pela audiência. Esta, em especial, muito mais tórrida torna-se também um cena complicada de contracenar. Ela foi gravada apenas em uma única tomada. O espectador vê um estrupo do inicio ao final e fica rezando para que aquilo termine logo e não termina. Um trabalho primoroso e com excelentes atuações. Na película, tudo flui com uma naturalidade incrível, apesar do tema abordado: vingança. Na história, Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert Dupontel), saem pelo submundo de Paris à procura do homem que teria estuprado e espancado Alex (Monica Bellucci), a atual namorada de Marcus e ex-namorada de Pierre. Em seguida, a narrativa recua até os eventos que o antecederam, mostrando, assim, a verdadeira história e essência de cada um dos personagens. Uma obra prima tanto como direção quanto como roteiro.

22 de janeiro de 2011

Dead Man Walking

Dead Man Walking (1995) é Os Últimos Passos de um Homem no Brasil. É um filme interessantíssimo porque ele muda a opinião do espectador sem ao menos você sentir. Um drama que te prende à atenção até mesmo pela sua temática e forma como é abordada. Atentem-se aos diálogos e conflitos do filme, são bem originais e óbvios ao mesmo tempo. Uma congruência maravilhosa! A história se passa em Louisiana, uma freira católica (Susan Sarandon) passa a ser a guia espiritual e a lutar pela vida de um homem (Sean Penn, juro que foi coincidência!). O homem espera ser executado a qualquer momento, por ter assassinado dois adolescentes, sendo que uma das vítimas foi uma jovem que foi estuprada antes de morrer. É um filme tenso e sensível, humano e comovente. Sem sombra de dúvidas, vale à pena ver.


21 de janeiro de 2011

Mystic River

O suspense americano Mystic River (2003) que leva o nome bem mais interessante no Brasil Sobre Meninos e Lobos tem deadlines precisos. A transição do passado com o presente é feito de forma célebre. É notório também os conflitos: como eles se dão, como o espectador adentra na história e como crescem na trama. Os personagens são ricos enquanto personalidades e diferenças entre si. Na história, após a filha de Jimmy Marcus (Sean Penn) ser encontrada morta, Sean Devine (Kevin Bacon), seu amigo de infância, é encarregado de investigar o caso. As investigações de Sean o fazem reencontrar um mundo de violência e dor, que ele acreditava ter deixado para trás, além de colocá-lo em rota de colisão com o próprio Jimmy, que deseja resolver o crime de forma brutal. Há ainda Dave Boyle (Tim Robbins), que guarda um segredo do passado que nem mesmo sua esposa conhece. Os três amigos viverão uma caçada ao assassino que faz com que o trio tenha que reencontrar fatos marcantes do passado, os quais eles preferiam que ficassem esquecidos para sempre. Brilhante o enredo! A direção só poderia ser de Clint Eastwood, aliás, tem cenas que o denunciam a presença dele, mesmo se os créditos tivessem sido apagados...Também não podemos deixar de pontuar as pomposas atuações de Sean Penn e Tim Robbins que levaram a estatueta do Oscar na época. Sean Penn foi vencedor de melhor ator e Tim Robbins de melhor ator coadjuvante por esta película. Vale à pena lembrar que amanhã, Penn será homenageado na premiação da PGA (Sindicato dos Produtores dos Estados Unidos) com o Stanley Kramer Award. Ele foi escolhido por seu importante trabalho humanitário. Penn foi uma das primeiras celebridades a visitarem Nova Orleans e Haiti após desastres ambientais. No ano passado, o ator e diretor fundou a J/P Haitian Relief Organization, instituição voltada para a assistência médica, proteção e realocação de necessitados. É mole ou quer mais? E depois disso tudo ainda encontramos gente que diz não ter tempo pra nada...

20 de janeiro de 2011

Capítulo 25

Sofia enfiava as roupas dentro da mala, sem ao menos parar para pensar. Só tinha uma coisa em mente, estava atrasada, e, pior do que isso era ter que dar a mão a palmatória e dizer que Mahya estava certa. Por quê sempre mãe tem razão? Mahya entrou no quarto de Sofia e avisou-lhe que Pedro já estava esperando ela dentro do carro. “Sofia, avião não fica esperando os clientes não. Eles podem se atrasar, mas se nós atrasamos, perdemos”. Tá bom mãe já sei disso, tô dando o meu melhor. Mahya fez uma cara de désdem... “dando o melhor”... parecia piada. Fazia uma semana que ela estava dizendo pra Sofia arrumar a mala e a filha não fez absolutamente nada.

Sofia tinha colocado pouca roupa e sapatos na mala. Mais vestidos, óbvio, como boa profissional de moda sabia que vestidos eram a peça chave de qualquer guarda-roupa feminino: ocupavam menos espaço por serem uma única peça, eram femininos e vestindo um deles estaria pronta para ir em qualquer lugar de forma apresentável. “Sofia, você só vai levar isso?”. Sofia respirou fundo e antes de mandar a mãe tomar naquele lugar, se limitou a pedir um suco de laranja. Faz esse favor pra mim, vai, Mahya, rapidinho. “Filha, Nova Iorque tá frio nesta época do ano e você só vai levar estas roupas”. Mãããããeeee!!!!!!!

Mahya saiu correndo do quarto de Sofia rapidinho para pegar o suco. Sofia só chamava ela de mãe quando já estava brava e Mahya conhecia aquele tom de voz. Quer saber, dane-se, o corpo é dela, o frio quem vai sentir é ela e a mala também foi ela quem comprou, então, dane-se.

Sofia fechou a mala, calçou o sapato, olhou-se no espelho e checou, não faltava nada, estava pronta. Aos trancos e barrancos, mas estava pronta. Encontrou Mahya no meio do corredor e bebeu o suco que a mãe lhe trazia. E foi andando para a porta de saída, olhou para os pés de Mahya e viu que a mãe estava ainda de chinelo. Mahya também olhou para os próprios pés. Você é a melhor mãe do mundo, mas não vai se atrasar, hein, avião não espera. Sofia saiu carregando a mala para o carro, enquanto Mahya corria em direção ao quarto para colocar o sapato.

Da Vila Madalena até Cumbica, o silêncio imperava no carro. Sofia não falava porque na noite anterior tinha ido pra balada e estava pra lá de cansada. Mahya, como dizia Sofia, “se travava” toda vez que alguém da familia ia viajar. E Pedro porque gostava do silêncio ao dirigir. Mas, o precioso sossego fora quebrado por Mahya ao perguntar a filha o que seriam deles sem a filha em casa. Sofia entendia cada passo de uma chantagem emocional que Mahya estava acostumada a fazer e sem pestanejar respondeu: “vocês deviam ajudar as vitimas do Rio de Janeiro, ao invés de ficarem reclamando da vida. Vocês não achavam aquele lugar lindo? Então...”.

No aeroporto deu tudo certo: eles chegaram no horário, Sofia não enfrentou muita fila, sentia-se confortável com a sua bagagem e até deu pra comer um pão de queijo com um expresso no capricho. Olhou para o ticket eletrônico e para o relógio, estava na hora de entrar. Despediu-se de Pedro e, ao abraçar Mahya, aproveitou e disse-lhe que não tinha colocado muita coisa na mala dela porque a intenção era comprar mais roupas lá, afinal, estava indo para Nova Iorque. Mahya suspirou aliviada e não quis falar nada pra não correr o risco de chorar. Pedro abraçou Mahya enquanto viam a filha entrar pelo portão da polícia federal e perdê-la de vista.

19 de janeiro de 2011

In the Bedroom

O Americano In the Bedroom (no Brasil chama-se Entre Quatro Paredes, 2001) acontece em Maine, Nova Inglaterra. Trata-se de um drama magistral com momentos bons e outros ruins, mas com conflitos maravilhosos. As atuações são desconcertantes ou talvez incomode o espectador porque seus personagens têm dramas verdadeiros e, por incrível que possa parecer, entendíveis pelo ponto de vista paternal e maternal. Na história, Frank Fowler (Nick Stahl) é um amável jovem que se formou recentemente na escola secundária e está passando o verão trabalhando como pescador de lagosta, antes de ir para a faculdade no outono. Ele está envolvido com Natalie Strout (Marisa Tomei), uma mulher atraente que é dez anos mais velha e está separada do seu marido, Richard Strout (William Mapother). Entretanto, o divórcio não foi ainda formalmente concluído. Os pais de Frank, Matt Fowler (Tom Wilkinson), um médico, e Ruth Fowler (Sissy Spacek), uma professora de música que comanda um coral, desejam o melhor para o único filho deles e vêem com uma certa apreensão Frank viver um romance que não poderá continuar em alguns meses. Enquanto Matt confia em Frank e o deixa tomar suas decisões, temos Ruth que demonstra de forma discreta mais firme as suas objeções. Paralelamente Richard ainda espera ter Natalie de volta e não aceita de forma nenhuma ela estar envolvida com Frank, sendo que logo algo trágico irá acontecer, que afetará os Fowler para sempre.

18 de janeiro de 2011

Roteiro: os Fundamentos do Roteirismo


O livro Roteiro: os Fundamentos do Roteirismo de Syd Field é essencial para iniciantes ou quem quer se aventurar na escrita do cinema. Mas funciona apenas como “lembrete” de algumas regras básicas para os mais experientes. A leitura, contudo, é esclarecedora, mas lendo apenas ele, o iniciante não irá muito adiante. Na obra, o leitor verá dicas importantes de porquê as dez primeiras páginas são cruciais para o roteiro, ou mesmo, porque a estrutura e o personagem são essênciais na escrita do cinema. E quem um dia disse que roteiro é técnico irá se espantar, pois muita coisa mudou. De quebra o livro dá dicas para proteger o trabalho do roteiro legalmente, bem como superar o bloqueio de escritor. O aclamado escritor é o que poderíamos chamar de o guru dos roteiristas nos EUA e já deu consultoria na Austria, Argentina, Brasil, Alemanha, Mexico e Noruega.

15 de janeiro de 2011

Izzy Gordon

Para falar de Izzy Gordon é prudente que citemos suas credênciais. A cantora paulista confirmou seu talento no musical “Emoções Baratas”, do diretor José Possi Neto. Não contente com o desafio, não teve dúvidas, na primeira formação do Grêmio Recreativo Amigos do Samba Rock Funk Soul, com Skowa, ela estava lá. E, como desbravadora, a moiçola cantou disco, soul e funk de São Paulo com a banda Chic Night. Mas ela também deu uma "palhazinha" com sua participação internacional,simplesmente fez dois shows exclusivos para a Banda U2 no Hotel Hyatt em SP. E entre tantos shows, Izzy torno-se eclética. Mas mais do que sua talentosíssima voz, não podemos deixar de notar seu sorriso contagiante e seu visual pra lá de marcante. A voz é coisa de berço, já que é filha de Dave Gordon e sobrinha de Dolores Duran. Quer mais? Só escutá-la, não? Então, divirta-se com este moderno videoclip.


14 de janeiro de 2011

Guess Who’s Coming to Dinner


O clássico e inesquecível Guess who’s coming to dinner (Advinhe Quem Vem para Jantar, 1967) é sempre uma boa pedida para relembrar que preconceitos antigos ainda estão presentes na modernidade. O filme traz uma boa temática, tem várias cenas e um final com obviedade pra lá de explicita. A estrutura da história, bem como a idéia é boa, mas os diálogos não são lá grandes coisas se pensarmos no filme como um todo. Na história, em São Francisco, Matt Drayton (Spencer Tracy) e Christina Drayton (Katharine Hepburn), um conceituado casal, se choca ao saber que Joey Drayton (Katharine Houghton), sua filha, está noiva de John Prentice (Sidney Poitier), um negro. A partir de então dão início à uma tentativa de encontrar algo desabonador no pretendente, mas só descobrem qualidades morais e profissionais acima da média. De se esperar...mas, ainda assim, vale à pena assistir.

13 de janeiro de 2011

Um Lugar Comum

A animação Um Lugar Comum podia ser bem mais curta para passar a mensagem do tema central, mas nem por isso tira o brilho e a doçura da história. A extrovertida Marina e o desajeitado Zezé se conhecem e juntos plantam uma bela árvore, que torna-se o símbolo de sua amizade. Os detalhes visuais são um toque à parte. Uma graça!

12 de janeiro de 2011

Vera Drake

O drama inglês Vera Drake (no Brasil, O Segredo de Vera Drake, 2004) tem uma estrutura de história exemplar. Uma senhora de familia que entra em conflito quando descobrem e expõe o segredo de toda uma vida. Um drama com um tema pra lá de instigante e uma perfeita interpretação de Imelda Stauton. Na história, que acontece em Londres dos anos 50, Vera Drake (Imelda Staunton) mora com seu marido Stan (Philip Davis) e seus filhos já crescidos, Sid (Daniel Mays) e Ethel (Alex Kelly). Eles não são ricos, mas formam uma família feliz e unida. Vera trabalha como faxineira e Stan é mecânico na oficina de seu irmão. Porém, Vera mantém uma atividade paralela que esconde do resto da família: sem aceitar pagamento, ajuda jovens mulheres a abortarem. Quando uma dessas garotas precisa seguir para o hospital, a polícia começa uma investigação que faz o mundo de Vera desabar. Apesar de sabermos, como espectadores, que a escolha de Vera não é tão idônea assim, no final somos pegos com as calças curtas na mão sem saber se ficamos do lado de Vera ou não, e, daí a magia do cinema.

10 de janeiro de 2011

Danza Kuduro

O último hit em Miami é você Danza Kuduro de Don Omar e Lucenzo. O ritmo é contagiante, não há quem fique parado e a letra da música, por si só, pega fácil...por isso tamanho sucesso. Don Omar é o rei do reggaeton music que espalha e contagia sua dinâmica voz porto-riquense. Já o cantor, compositor e produtor francês Lucenzo nos traz grande domínio e riqueza na lingua portuguesa. A mistura foi afinada e deu no que deu...ouça!


8 de janeiro de 2011

Requiem for a Dream

Requiem for a Dream (no Brasil, Réquiem para um Sonho, 2000) trata-se de uma película singular. Uma edição impecável, atuações excepcionais e uma trilha sonora claustrofóbica fazem o diferencial do filme. Mas, mais do que isso trata-se um roteiro com uma crítica social contundente através de seus personagens frágeis enquanto essência e personalidade, mas, ao mesmo tempo forte em sua complexidade. O drama é uma visão frenética, perturbada e única sobre pessoas que vivem em desespero e ao mesmo tempo cheio de sonhos. Harry Goldfarb (Jared Leto) e Marion Silver (Jennifer Connelly) formam um casal apaixonado, que tem como sonho montar um pequeno negócio e viverem felizes para sempre. Porém, ambos são viciados em heroína, o que faz com que repetidamente Harry penhore a televisão de sua mãe (Ellen Burstyn), para conseguir dinheiro. Já Sara, mãe de Harry, viciada em assistir programas de TV. Até que um dia recebe um convite para participar do seu show favorito, o "Tappy Tibbons Show", que transmitido para todo o país. Para poder vestir seu vestido predileto, Sara começa a tomar pílulas de emagrecimento, receitadas por seu médico. Só que, aos poucos, Sara começa a tomar cada vez mais pílulas até se tornar uma viciada neste medicamento. O filme é todo proposital, bem "costurado" e por isso, diria, maravilhoso.



4 de janeiro de 2011

La Mala Educación

La Mala Educación (no Brasil chama-se Má Educação, 2004) de Pedro Almodóvar é atual. Almodóvar é magnifico em tudo o que faz. Seus personagens são verdadeirso, reais e complexos. A estrutura do filme tem a sua assinatura. O roteiro é belíssimo, pois os conflitos são acertivos, os diálogos são encantadores e cada cena engrandece a película. A história se passa em Madri, no ano de 1980. Enrique Goded (Fele Martínez) é um cineasta que passa por um bloqueio criativo e está tendo problemas em elaborar um novo projeto. Desta forma, se aproxima dele um ator que procura trabalho, se identificando como Ignacio Rodriguez (Gael García Bernal), que foi o amigo mais íntimo de Enrique e também o primeiro amor da sua vida, quando ainda eram garotos e estudavam no mesmo colégio. Goded recebe do antigo amigo um roteiro entitulado "A Visita", que parcialmente foi elaborado com experiências de vida que ambos tiveram. O roteiro é lido com profundo interesse. Este relata as fortes tendências de pedofilia que tinha um professor de literatura deles, o padre Manolo (Daniel Giménez Cacho). O tal padre e professor vendo Ignacio e Enrique em atitude suspeita diz que vai expulsar Enrique. Ignacio, sabendo que Manolo era apaixonado por ele, diz que fará qualquer coisa se ele não expulsar Enrique. Então Manolo promete e molesta Ignacio, mas não cumpre a promessa e expulsa Enrique. Goded decide usar a história como base do seu próximo filme e, por causa de um isqueiro, vai até a casa de Ignacio e constata uma verdade surpreendente.


2 de janeiro de 2011

Missionários da Luz

O livro Missionários da Luz, escrita pelo espírito André Luiz e psicografada por Francisco Cândido Xavier é considerado um dos dez melhores livros espíritas do século XX. Com conteúdo doutrinário, a obra através das experiências do autor descreve vários processos mediúnicos e como se desenvolvem as providências do plano espiritual, antes, durante e após as reuniões mediúnicas. São várias histórias, várias experiências. É uma leitura curiosa. Destaque aqui para a história da reencarnação de um espírito, a partir da obra-prima que é a fecundação. A leitura, para quem acredita no espiritísmo é, de fato, uma fonte profunda de ensinamentos sobre a programação da existência terrena. Interessante!

1 de janeiro de 2011

Tetro

O melodrama em preto e branco de Francis Ford Coppola, Tetro (2009) tem uma beleza plástica extraordinária. Esse é, diria, um privilégio quando um bom diretor resolve roteirizar o seu próprio filme. Ele escreve muito mais com ações do que com diálogos. Mas, mais do que isso, o filme se liberta das pressões hollywoodianas trazendo personagens riquíssimos que se degladeiam entre seus próprios conflitos. O cruel pai de Tetro, o maestro Carlo (Klaus Maria Brandauer), a dedicada namorada Miranda (Maribel Verdú), a humilhada Alone (Carmen Maura), a juventude curiosa de Bennie (Alden Ehrenreich) e o mal humorado Tetro (Vicent Gallo) traz para a audiência um vasto repertório na arte da psicologia. Coisas que Freud até explica. Por outro lado, alguns diálogos não são bem trabalhados, o que não chega a comprometer muito a obra final. Na película, o irmão de Tetro inicia uma caminhada pela sua própria história bem como o da sua família quando aporta em Buenos Aires e vai visitar o irmão. Ele trilha caminhos curvos e muito obscuros. Na narrativa, tem de tudo um pouco: emoções reprimidas e dissuadidas, um quê de rivalidade com muito ódio disfarçado e prepotência de sobra para enlaçar o espectador. A música é um quê a parte, ela traduz cada traço de personalidade dos personagens.