Com uma mente criativa, várias histórias numa só, Jorge Amado, nos transporta para um mundo de prostitutas, banqueiros, pescadores e tantos outros com muita simpatia. Revela-nos personagens dos quais nos identificamos com sua dor, seu riso, dilemas, conflitos e seja lá mais o que for. Um sotaque único. O autor escancara ao mundo a linguagem da Bahia e deixa os leitores mais desatentos simplesmente curiosos. Em Tereza Batista cansada de guerra, temos vontade de tomar um avião, carro ou qualquer outro tipo de transporte para desvendar e conhecer essa Aracaju e Bahia que encanta com essa veracidade quase surrealista. Amado é único em sua escrita. Mesmo que algum dia alguém tente, jamais conseguirá alcançar a maestria de suas linhas e entrelinhas. Para ele dizer que um personagem não tem caráter, descreve-o em vários parágrafos com detalhes de quase uma poesia. Mas ao final deles, o leitor está tão envolvido e encantado com o mau caratismo do citado personagem que é difícil não ler todo o livro. Uma riqueza de vocabulário, hoje em dia diria que uma raridade. Não é à toa que conquistou o mundo e sempre vale à pena nos presentear com suas leituras ou releituras. Reli e amei! Na narrativa, órfã de pai e mãe, a menina Tereza é vendida pela tia Felipa a Justiniano Duarte da Rosa, o capitão Justo. Nas terras dele, é tratada como propriedade, inclusive do ponto de vista sexual. Mas Tereza irá lutar até o fim contra as dominações a que se vê submetida. Surpreendida pelo capitão ao lado do amante Daniel, Tereza é obrigada a se defender das violências de Justiniano com uma faca. Presa, ela será libertada por Emiliano Guedes, usineiro rico e antigo admirador. Na vida de Tereza muitos amores e guerras. O espírito do inconformismo, da luta e da sedução garantem o lugar de Tereza Batista entre as grandes protagonistas de Jorge Amado.