Foto: Mauro Kury
Paulo Betti é generoso ao dividir com sua audiência relatos simples, mas
embasados com um amor tão profundo que delineou toda sua história em “Autobiografia
Autorizada”. Não à toa, prova do ser humano interessante que se consolidou. Com
um texto leve e cativante, o ator nos relata seus deliciosos momentos de
infância até os dias atuais, com sua sólida carreira. Personagens encantadores
arrebatam nossas emoções e ficamos desejosos de conhecer um a um: seja pela sua
mãe benzedeira, seja por sua avó e seus ensinamentos pitorescos. O cenário é despretensioso,
pois o foco é a narrativa. Contudo, ele é de uma eficácia e bom gosto singular.
Sem falar nas fotos antigas que dão o toque final, como se fossem a cereja do
bolo. A narrativa que por vezes convida o espectador a pura imaginação é recheada
com detalhes primorosos que nos perdemos (ou nos encontramos) em nossas
próprias infâncias. O texto tem força, mas também candura. Um luxo!
Betti interpreta histórias que viveu e ouviu na infância e adolescência.
São passagens que ficaram registradas em sua memória e em anotações que fazia
sobre tudo que acontecia à sua volta, em busca de compreender a própria vida.
Os textos eram anotados em grandes blocos onde também fazia colagens de fatos
da época. Este “livro” de memórias compõe a cena do espetáculo. A história dele
começou no mundo rural onde o avô, um imigrante italiano, trabalhava como
meeiro para um fazendeiro negro, em Sorocaba (SP). Paulo é o décimo quinto
filho, temporão, com 10 anos de diferença do irmão mais novo. Um espetáculo que
realmente vale à pena ser visto!
“Autobiografia Autorizada” fica no Teatro Vivo (Av. Dr.
Chucri Zaidan, 2460. Vila Cordeiro. São Paulo/ SP) até o dia 1º de outubro
todas às sextas (21h30), sábados (21h) e domingos (18h).