Foto: Eliana Souza
O espetáculo inédito no Brasil O Orgulho da Rua Parnell, do
dramaturgo inglês Sebastian Barry, estreia no dia 14 de janeiro às 20h na Verniz Galeria. A direção é de Darson Ribeiro.
A peça é uma compilação de monólogos interconectados – interpretados por Alexandre Tigano e Claudiane Carvalho - onde um
casal relata minuciosamente o resultado caótico de uma relação de amor que foi
ceifada por um ato medonho de violência por parte do marido. A encenação
utiliza a ambientação natural da galeria como cenário e plateia e narra 10 anos dessa
complicada e também bela história de amor. Em movimentos delicados – quase
paralisados – as personagens descrevem entre lágrimas, risos, tesão e orgulho
tudo o que os levou à situação atual. São lembranças pesadas e até insanas, mas
permeadas de um amor sem igual. A peça revela o grau de perigo, quase sempre
perniciosamente velado, que existe na paixão e o estrago que isso pode
provocar, caso esse sentimento seja sublimado ou potencializado em substituição
às vontades próprias, fazendo do egoísmo uma arma fatal. Na obra de Barry
as limitações e o controle das emoções vêm no formato de prosa, ao mesmo tempo
áspera e macia. Joe Brady é um ladrãozinho insignificante que tem o apelido de
“homem-meio-dia”. Ele e sua esposa Janet vivem na periferia de Dublin, na
Irlanda, e apesar da vida marginalizada mantêm orgulho de seu lifestyle,
como ocorre com a maioria das personagens de Sebastian Barry. No enredo, a
derrota que marcou a desmoralizante desclassificação da Irlanda na Copa do
Mundo de 1990, na Itália, cobrou seu preço. E parece que para o casal Joe e
Janet a cobrança veio com juros altíssimos. O déficit desses dois foi maior do
que o da seleção naquela noite. Alguns anos se passaram e agora eles revelam a
intimidade de um amor eterno, mas também a ruptura desastrosa do casamento. Sobre
o tema “violência contra a mulher”, o diretor ressalta os altos índices e o
número de prisões e de mortes que vêm aumentando em vários países, incluindo o
Brasil, culminando no dilaceramento familiar. “A sociedade dá pouca atenção
para o fato. O teatro tem a função de alertá-la. Desta forma, o Conselho Estadual
de Defesa da Mulher, por meio de sua Presidente Rosmary Correa foi o primeiro a
credenciar esse projeto”, comenta Darson.