16 de maio de 2016

Machu Picchu


O livro Machu Picchu, de Tony Bellotto é uma poesia repleta de testosterona. Sua leitura quebra paradigmas aos olhos mais tradicionais, mas envolve do inicio ao fim. Um jeito por vezes delicado em sua robustez de fatos e acontecimentos na história. Personagens interessantíssimos e verossímeis. Na narrativa, o Rio de Janeiro vive o maior congestionamento de sua história. Em meio às filas intermináveis de carros, Zé Roberto e Chica, cada qual num canto da cidade, tentam voltar para casa, onde vão comemorar seus dezoito anos de casamento. É a oportunidade perfeita para ambos repassarem os últimos meses de suas vidas. Para Zé Roberto, isso significa pensar em W19, a garota que conheceu no Facebook e com quem vem praticando sexo virtual há algum tempo. Sem nunca tê-la encontrado pessoalmente, ele nutre uma saudável obsessão pela menina, com quem agora quer se encontrar. Chica não é muito afeita às redes sociais, de modo que seu caso com Helinho, colega de trabalho, se dá entre lençóis e não por uma câmera de computador. Mas ela está confortável: em casa, o marido que ama, a família e a vida que escolheu; no escritório, o amante divertido e bom de cama, que pode ou não estar apaixonado por ela. Junte a isso um filho maconheiro, uma ex-mulher psicótica, uma filha ausente e meio perdida e uma afilhada misteriosa. Essas são as peças de que Tony Bellotto precisa para armar uma comédia de costumes incomum e perfeita para os nossos tempos. O autor simplesmente transforma o jantar de aniversário de casamento num acerto de contas cômico e frenético, bem próximo de todos nós. Uma boa leitura, diria!