
27 de fevereiro de 2009
O Lutador

Os Incompreendidos

O filme era para ser um curtametragem chamado “A fuga de Antonie”, mas deu tão certo que acabou virando este longa. O orçamento, naquela época, não foi gasto mais do que 90 mil dólares. Dá pra alguém avisar isso aos caras lá de Hollywood?! É óbvio que um longametragem no mesmo compasso do que seria a Nouvelle Vague: “um movimento de juventude, protagonizado por uma geração que começou a escrever e a fazer filmes adolescentes, com a irresponsabilidade política dos ‘vinte e poucos anos’, mas com um raro acúmulo cultural para jovens dessa idade (Antoine de Baecque)”. Mas e daí, o filme é muito bom. Vale à pena assisti-lo e ponto final.
25 de fevereiro de 2009
Capítulo 5
Um pouco mais acima já quase no final da ladeira, Sofia avistou um homem com a fantasia de babá empurrando um carrinho de bebê. O charme da fantasia dele era o tamanho dos peitos, enormes. Sofia pegou Kaí no braço e correu para tirar uma foto com o folião. Subiram mais um pouquinho e avistaram um grupo que se preparava para fazer uma coreografia. Decidiram pegar mais uma cerveja e esperar o que iria acontecer. O grupo estava vestido de roupas de banho imitando as ginastas olímpicas. Um deles tinha um barrigão, era a ironia da coisa, onde uma ginasta iria ter um corpo daqueles, só no carnaval mesmo. De repente uma lycra enorme imitando a cor da água da piscina tomou conta de toda a rua. O tecido tinha alguns buracos. Os foliões vestidos de ginastas se posicionaram dentro destes buracos enquanto que outros foliões seguravam a lycra nas beiradas e balançavam-na para dar a sensação de que o pano era a água da piscina se movendo com o movimento deles. A banda começou a tocar e lá foram as ginastas fazendo a coreografia sincronizada e andando pela rua. Era hilária aquela apresentação. Kai bateu foto de toda a turma e de tudo quando era jeito.
Um bloco grande, com um batuque pra lá de indeciso, descia a rua e ia espremendo as pessoas para as calçadas. As pessoas para acompanharem tal bloco formavam filas e seguiam-no. Na verdade eles eram muito mais empurrados por uma multidão do que propriamente acompanhavam por livre e espontânea vontade. Os amigos formaram uma fila, Manuela quase ia à frente quando se lembrou o que Sofia fez com ela no primeiro carnaval que eles foram passar em Salvador, na Bahia. Sofia atrás de Manuela apertava a bunda de um homem e esse moço olhava para traz sorrindo. Manuela que era a própria “miss simpatia” com as pessoas sorria de volta para o moço. E então ficava aquele circulo vicioso: Sofia apertava a bunda do moço, o moço sorria para Manuela e Manuela sorria para o moço. Até quando Kai percebeu toda aquela movimentação e juntamente com Sofia caíram na risada. Manu, então, tinha prometido a si mesma de que Sofia, daquele carnaval em diante, lideraria qualquer fila indiana que o grupo tivesse que fazer para que ninguém corresse riscos lamentáveis como aquele. Então, Sofia fazia verdadeiros zig-zags por entre a multidão e os amigos para acompanhá-los tinham que segurar fortemente nos cós das bermudas ou nas cinturas uns dos outros.
Sofia diminuiu à marcha ao perceber que tinha um “Pão” em sua frente, como Mahya dizia toda vez que achava algum amigo de Sofia bonitão. Sofia propositalmente e num lapso de vingança, pois sabia que Kai era o último da fila e com certeza desta vez não iria atrapalhar, apertou levemente a bunda do rapaz. Ele olhou pra trás e sorriu, Sofia sorriu de volta. Ele comentou algo com os amigos e Sofia deu outra investida na bunda do moço. Ele olhou pra trás e disse: “ao invés de você ficar apertando minha bunda, contendo o seu desejo mais intrínseco, porque você não me dá logo um beijo e agente acaba logo com esse negócio?”. Sofia puxou o colarinho da camiseta do moço, agarrou-o e beijou-o. Os amigos dele deram salvas com palmas e gritos. Manuela ficou estarrecida sem entender nada do que estava passando. Heitor cochichou no ouvido de Manu algo e ambos deram risadas. Kai limitou-se a dizer aos amigos que, enfim, Morrice já podia se considerar oficialmente um corno, e, então, deu uma risada meio sem graça.
O rapaz então começou a acompanhar o grupo de amigos aonde eles iam, sempre de mãos dadas a Sofia. Entre beijos e conversas, Sofia descobriu que ele se chamava Vinicius, era um legítimo pernambucano, engenheiro e que apesar de sua família declaradamente matriarcal nordestina, morava sozinho. Vinicius levou o grupo de amigos para ver o pôr-do-sol do lugar mais alto de Olinda e prometeu a eles que, se quisessem, no dia seguinte, levaria todos para conhecer a praia de Carneiros, uma das praias mais bonitas do litoral pernambucano. Kai foi o primeiro a aceitar o convite com uma ressalva de que ele teria que levar uma amiga junto, pois ele já estava cansado de segurar velas. Promessa é dívida! O sol já tinha sumido, a noite vigorava com toda força e a energia daquele povo rolava solta pela rua. Eles desceram a ladeira e Vinicius levou todos no hotel. Sofia não queria descer do carro, mas também não podia deixar Vinicius “se achando” tanto assim, então, ao fazer intenção de sair do carro, deparou-se com a mão de Vinicius em suas pernas. Você fica! O som daquelas duas palavras soaram tão fortes e tão decididas que Sofia voltou mais que depressa para o banco, piscando, então, o olho para Manu. Manuela subiu as escadas do hotel, enquanto o carro de Vinicius se afastava, e então teve a certeza de que só iria ver a amiga no dia seguinte pela manhã.
23 de fevereiro de 2009
Ida Gomes

Milk – A voz da igualdade

A história trata-se da biografia de Harvey Milk (Sean Penn), primeiro candidato gay oficialmente eleito no estado da Califórnia. Nos anos de 1970, Milk e, o prefeito de São Francisco, George Moscone foram assassinados pelo supervisor da prefeitura Dan White. O filme mistura a linguagem de documentário com cinema, o que, na minha modéstia opinião, dá um toque especial quando, por exemplo, não existe nenhuma atriz que faça a personagem de Anita Bryant, cantora americana, ela aprece apenas em reportagens e cenas documentais. Essa leitura ficou maravilhosa.
É um filme sensível pela causa que trata em questão e nos traz bons elementos visuais, tais como o personagem Scott nadando nu na piscina ou mesmo numa das cenas finais quando a multidão vem andando pelas ruas com velas na mão, em homenagem a Milk. Traz-nos também uma boa recordação da moda para quem viveu os anos 70 com aquelas calças boca de sino, os bigodinhos meio cafajeste, as famosas músicas gays que hoje ainda fazem sucesso nas danceterias ou baladas, ou ainda o jeito meio hippie de ser. Sean Penn está único, delicado e humano. A sua atuação foi enorme e, por isso merecido o seu Oscar de melhor ator.
22 de fevereiro de 2009
Jenifer

E para quem quiser saber um pouco mais da moiçola, o site dela é http://www.jenifer.com.fr/.
20 de fevereiro de 2009
Festival do Minuto
Família Las Vegas, de Márcio Fernando Moreira.
Uma família e um controle remoto de TV... Premiado como melhor vídeo de humor em janeiro 2009 . Humor?! Você na verdade dá risada de tão ruim que é o filme. Sem comentários.
Matilde, corações não são para voar, de Marina Chevrand Campos.
Por causa do seu grande coração, coisas voláteis acontecem na vida de Matilde. O título é bem sugestivo e a idéia é boa. Lembra um pouco o "Red Bull te dá asas"... Premiado em abril/maio 2008 .
Ato Falho, de Diogo Diniz Garcia Gomes.
Do ano de 2007, quem já não cometeu um ato falho em sua vida? Aquela ação mais inconsciente e "bum", quando viu, já foi: não conseguimos deter. Este é o melhor de todos: simples, direto e bem produzido. Sensacional!
Cine Holiúdy – O Artista contra o Cabra do Mal
Veja quantos prêmios o caba da peste já ganhou:
Melhor Filme - Júri Popular no Amazonas Film Festival 2005
Melhor Filme - Júri Oficial no Festival de Cinema de Campo Grande 2005
Melhor Ator no Festival de Cinema de Maringá 2005
Melhor Cenografia no Festival de Cinema de Maringá 2005
Melhor Música no Festival de Cinema de Maringá 2005
Melhor Filme - Júri Oficial no Festival de Curtas de Natal 2005
Prêmio da ABD&C no Festival do Rio BR 2004
Melhor Roteiro no Festival Latino Americano de Curtas de Canoa Quebrada 2005
Melhor Direção de Arte no Festival Mercosul 2005
Melhor Filme 35mm - Juri Eletrobras no Festival Mercosul 2005
Melhor Roteiro no Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba 2005
Menção Especial do Juri no Festival de Goiania 2004
Melhor Filme - Júri Oficial no Mostra do Filme Livre 2005
O casamento de Rachel

19 de fevereiro de 2009
Capítulo 4
José subiu as escadas correndo e avistou no topo Carlinhos. Abriu os braços e deu um abraço no amigo. José era um negro simpático e puro sorriso, tinha uns olhos graúdos e castanhos que brilhava em qualquer tempo, horário do dia ou estação do ano. Sofia esperava-o logo na porta de sua sala. Ela se abaixou e o moleque correu para seus braços. Deu um beijo em Sofia daqueles bem morosos. Ele sempre dizia que adorava a demora quando beijava Sofia. Porque atrasou, moleque? Meu pai resolveu aparecer lá em casa, mamãe tá muito nervosa, Sofia. O pai de José era um bêbado que vivia abandonando a família, mas a mãe dele não conseguia dar um basta na situação e então eles permaneciam naquele vai-e-vem de relacionamento, ou melhor, se dizer de sexo, pois era o único argumento que o fazia voltar de tempos em tempos e, principalmente, da mãe de José aceitá-lo de volta. Ainda bem que sua mãe já ligou as trompas, senão corríamos o risco de ter vários molequinhos atazanando nossas vidas... O moleque deu uma gargalhada bem alta e disse: “isso tudo aí é amor pelo neguinho aqui, deixa só que eu tô ligadão em você, viu Sofia”. José colocou a pasta em cima da mesa de Sofia e de dentro dela tirou os lápis coloridos, olhou desolado para Sofia e sinalizou que estava faltando papel. Sofia abriu o armário e tirou um monte deles. Pronto, agora não há mais desculpas. José continuou a olhar para Sofia como quem ainda sentisse falta de algo. Sofia colocou a mão na cabeça e ligou para Laura pedindo-lhe que trouxesse até sua sala uma jarra com água gelada. Como diz Morrice: À chaque fou as marotte. O moleque olhou para Sofia e com um desdém que lhe era natural disse que devia ter perdido alguma aula de português na escola, pois não tinha entendido absolutamente nada do que ela falara. Ah! Moleque isso significa em francês: cada louco com sua mania. Em francês?! Sim, em francês. E onde tu aprendeu isso? Tu aprendeste, moleque, e não tu aprendeu... Todas as sextas-feiras à tarde, Sofia dedicava quase que duas horas do seu tempo ensinando a José os traços de um desenho perfeito e todas as técnicas para se criar um bom sapato. Hoje eu posso criar um tênis, Sofia?! Sofia não criava muito tênis no seu dia-a-dia, não era o seu forte. O que ela gostava mesmo era criar sapatos com saltos altos totalmente estilizados ou sapatilhas com toque pra lá de engraçadas.
José olhou irrequieto pra Sofia e soltou: você embromou, embromou e não me disse quem é este tal de Morrice. Sofia olhou para o moleque, levantou levemente as sobrancelhas e deu uma risadinha. É o namoradinho da vez, moleque. Outro?! Sofia riu da espontaneidade da pergunta de José e questionou-lhe se ele não estava sendo folgado demais. Já me basta Kai me perseguindo com os meus namoradinhos. Ela se levantou, abriu o armário e tirou um desenho. Mostrou para José. Era um sapato com plataforma dianteira, e na parte de cima tinha um pequeno recorte na frente meio que de lateral. O salto lembrava a Torre Eiffel. O moleque achou bonito, parecia que o salto era feito de aço. O engraçado era que, ao contrário dos outros saltos que Sofia desenhava, parecia que estava de cabeça pra baixo. O moleque só entendeu mesmo depois que Sofia mostrou-lhe uma foto da torre em Paris e disse-lhe que era proposital que o salto imitasse o monumento.
Laura entrou na sala com a jarra de água gelada e colocou-a em cima da mesa com os copos. Sofia toda vez que você arranja um namorado novo, você cria um sapato em homenagem a ele? Sofia deu uma risada gostosa. Aquele moleque era, na maioria das vezes, tão irônico e com um tempo de piada tão bom que sempre a divertia. Um dia você vai ter uma coleção grande, Sofia! A união faz a força, moleque, ou, como dizem os parisienses L’union fait la force. O menino achou que Sofia estava metida demais falando aquela língua. E ela ainda fazia biquinho mesmo com a boca carnuda que tinha, dava para ver uma parte dos dentes da frente. Sofia prometeu para José que assim que o carnaval passasse, ele conheceria Morrice. Combinado, então? Combinado. Sofia deu um beijo na testa de José, entregou-lhe um saquinho com pães de queijo e ele saiu correndo em direção à estação de metrô.
Diário de Sofia
Diariozinho,
Kai ficou puto por eu ter levado Morrice para almoçarmos. Bobeira dele, mas enfim, agora é oficial, acho que tô namorando aquele francês gatinho. Ah! E se quer saber, já dei pra ele também. Foi bom, melhor do que eu esperava, mas sem detalhes sórdidos, ok?! Esse namoro vai ser muito bom pro meu currículo. Imagina: Sofia namorando um francês legítimo... Só rindo para não chorar. E o melhor de tudo é que ele não fede.
O moleque continua mandando bem nos desenhos, será que eu descobri um talento?
Sofia.
17 de fevereiro de 2009
Hamlet

O tempo da peça é coisa de louco, são quase 4 horas, mas você se quer sente, apenas na hora do intervalo que pode parecer suicídio, mas não se pensa em outra coisa a não ser fazer xixi. Nestas horas, penso que os banheiros das mulheres deveriam ter mais cabines que o dos homens. Será que os engenheiros nunca pensaram nisso na hora de construir banheiros femininos públicos?! Mesmo assim, Hamlet de William Shakespeare com Wagner Moura vale à pena. Está em cartaz na FAAP.
O leitor

O rumo da sua história fica ainda mais surpreendente quando descobrimos que a vida do garoto continua, porém, as ironias do destino trazem Hanna de volta à sua vida, mas em outras circunstâncias. Condição esta que, nem o telespectador pode imaginar e, por isso, nos causa surpresa.
As cenas de nudez nos fornecem elementos visuais maravilhosos, são bem dosadas. Uma delas, inclusive, nos revela um contraste fabuloso, quando os dois nus na banheira, o garoto ao ler para ela um trecho de um livro que se trata exatamente de uma cena de sexo, ela simplesmente repudia tal fragmento, como se ela não o tivesse desejo pelo ato sexual.
Diria que o tema circunda muito mais no analfabetismo, do que no holocausto, que serve apenas como pano de fundo para exercitar um conflito dentro da história. E, digo, um analfabetismo em todos os sentidos: o do amor, o da escolha, o da vergonha e também do não saber ler e escrever.
Não é à toa que o drama "O leitor", recebeu tantas indicações para o Oscar. A atriz inglesa Kate Winslet recebeu sua sexta indicação à estatueta e desponta como a favorita na categoria de melhor atriz. Ela está única como Hanna e empresta uma humanidade incrível para um personagem mega complexo. Kate está com a corda toda, além de sua atuação maravilhosa em “Foi apenas um sonho”, nos presenteia com mais este papel. Além desta categoria, o filme concorre com melhor filme, diretor, roteiro adaptado e fotografia. Vou torcer pelo roteiro, pois está excepcional.
16 de fevereiro de 2009
Monstros S.A.

Na empolgação, separei um pequeno filme intitulado “Novo carro de Mike” com a participação dos personagens Sulley e Mike. Reparem Sulley ajustando o banco, até parece gente grande quando entra em qualquer carro novo. E Mike, com sua personalidade pra lá de irritada serve de escada pra Sulley. Este filmete não faz parte do longa-metragem.
E já que eu falei da Bu, veja este pequeno trecho do filme original para se certificar de que a pequena menina é realmente encantadora.... Atentem-se aos olhinhos de sono dela. Muito bom!
15 de fevereiro de 2009
Presto
11 de fevereiro de 2009
Paula

10 de fevereiro de 2009
L'Effet Papillon
9 de fevereiro de 2009
Hipopótamo
7 de fevereiro de 2009
Capítulo 3
Pegou a bicicleta e foi trabalhar. Não era ecochata, dizia, mas se tenho a possibilidade de deixar minha bunda mais dura, então, o que haveria de mal nisso. Sofia morava e trabalhava na Vila Madalena, bairro Cult e cheio de novidades. Putz, quando chegar ao escritório, eu preciso ligar pro Kai, senão vai achar que tô esnobando ele. Ela tinha montado seu escritório há dois anos em parceria com Carlinhos numa rua sem saída que acabara transformando-se em uma pequena vila comercial. Carlinhos, um arquiteto, Sofia, uma designer de sapatos, para quem estava começando, não precisava de muito espaço, apenas de tranqüilidade para criarem seus projetos. Jesus do céu, eu preciso finalizar as criações da fábrica do ceará ainda hoje... Sofia abriu a porta e dirigiu-se ao quintal para deixar sua bicicleta. Era um sobrado charmoso com um jardim na frente em que o artista principal era um pé de goiaba. Na parte de baixo do escritório, a sala tinha virado uma bela recepção moderna com várias intervenções do passado. Em cima, os quartos viraram escritórios, cada um teria, então, sua privacidade. A cozinha virou copa e o quintal uma sala de reunião bem louca e extremamente aconchegante. A mesa de vidro enorme tinha um recorte redondo bem no meio, deixando, então, espaço para que o tronco da mangueira pudesse fazer parte daquela decoração. Além de Sofia e Carlinhos, trabalhava Lauricéia. Ela era uma espécie de secretária, recepcionista e copeira, mas preferia ser chamada de Laura.
Laura estava no fundo limpando a mesa de vidro quando Sofia chegou. E Carlinhos? Já está lá em cima brigando no telefone com o namorado, respondeu Laura. Sofia balançou a cabeça e deu risada. Subiu e ouviu Carlinhos brigando no telefone e batendo a mão na mesa. Puta que pariu, bicha adora bafafá, é por isso que toda mulher que se preze, precisa de um amigo bicha. No mínimo, ele vai te tirar da rotina. Sofia abriu a janela e suspirou. Meu Deus, vá ser gostoso lá em casa! A sala de Sofia tinha sido tirada num sorteio entre ela e Carlinhos. No começo ela não tinha gostado muito da idéia. Ela preferia o quarto do fundo que dava para o quintal, pois era mais tranqüilo e sem o barulho da rua. Ela precisava ter sossego para suas criações, mas, no dia em que viu o vizinho da frente estacionando e descendo do seu carro, encontrou a paz que queria, então, decidiu deixar como estava mesmo: sorte é sorte, fico, então, com a sala que dá pra rua. O vizinho acenou pra ela e Sofia mais do que depressa sorriu. Não, hoje eu preciso me concentrar, de verdade Sofia e sem brincadeiras. Mas, Sofia não teve coragem e acabou deixando a janela aberta mesmo. A janela do vizinho ficava bem em frente a sua, logo ele iria subir e abri-la. O celular tocou. Morrice, que grata surpresa, como tem passado? Morrice disse-lhe que passou o domingo pensando nas expressões bem brasileiras que tinha aprendido com Sofia e, mais que diretamente, como são todos os gringos, perguntou a Sofia se ele podia jantar hoje à noite com ela. É... Ele está querendo me comer, mas eu só posso dar pra ele no terceiro encontro. Sofia tinha algumas manias, mas a mania de só ter relações amorosas no terceiro encontro era uma regra seguida à risca quando se queria ter algo sério com um cara. Bem, podemos considerar que o parque foi nosso primeiro encontro, então, faltam mais dois. Morrice, hoje à noite eu já tenho um compromisso, mas que tal se você viesse almoçar comigo, daí aproveito e te mostro meu escritório. Morrice concordou. Pronto, deixamos o jantar para depois de amanhã...
O vizinho abriu a janela e mais uma vez sorriu pra Sofia. É, meu filho, se você não fosse casado, já tinha feito uma festa daquelas lá no seu apê. Essa era a segunda regra de Sofia: homem casado para ela era mulher. Sofia aprendeu com Mahya que só se deve fazer com o outro aquilo que gostaríamos que fizessem conosco. Como já tinha sido corneada na adolescência, sabia muito bem a dor que sentira, então, não queria causar aquele sofrimento para ninguém. Mas olhar, não tira pedaço, e, afinal ela também admirava mulheres bonitas. Sofia sorriu de volta para o vizinho. Sua fraqueza mesmo eram os homens bonitos ou charmosos.
Sofia passou a mão no telefone e ligou pra Kai. Estou com saudades de você, Kai! Então porque não ligou, podíamos ter ido ao cinema ontem, Sofia. Kai era mais charmoso do que bonito. Estou ligando porque a saudade só bateu agora, Kai. Kai ouviu o suspiro de Sofia do outro lado do telefone. Aposto que tem gente nova no pedaço, não é Sofia? Kai, era irritante, parecia que conhecia mais Sofia do que ela própria. Era um sentimento dúbio: ao mesmo tempo em que isso irritava Sofia, às vezes amava esse jeito dele, como se fosse uma forma de Kai demonstrar o carinho que sentia por ela. Vem almoçar comigo hoje, Kai que eu te conto qual é a novidade...
A manhã passou tão rápida que Sofia só sentiu que era quase meio dia quando Carlinhos bateu na porta dela e disse: hoje tenho almoço com um cliente, vou ter que te abandonar. Já está na hora do almoço?! E Sofia ouviu dois toques suaves da campainha, era Kai, com certeza. Desceu correndo, pulou em cima do amigo com as pernas entrelaçando a cintura dele e o abraçou. Ela o beijou na bochecha, no cabelo e no nariz. Nossa, Sofia, isso é que é saudade, hein?! Quero saber de tudo, qual é a boa nova, fechou contrato com aquela indústria cearense? Sofia tinha que postar ainda hoje toda a sua coleção de sapatos para fábrica no Ceará. Porra, nem me lembre disso, tenho que finalizar a coleção depois do almoço e mandar pros caras, vamos tomar um cafezinho da Laura?! Kai admirava Sofia em tudo. Parecia uma menininha com aquele cabelo curto, liso e repicado. Ela era tão magrinha e parecia-lhe tão frágil que ele sempre tinha o desejo de proteger-lhe. Sim, mas me conte e a novidade? Laura entrou na copa e disse: Morrice pra você, Sofia. Sofia agradeceu, olhou para Kai com ar sapeca e foi-se dirigindo para a recepção. Vem, Kai, gostaria de apresentar a novidade para você. Kai olhou meio sem graça para a novidade de Sofia: um gringo. E ainda por cima francês, deve ser fedido. Os três foram almoçar juntos.
6 de fevereiro de 2009
Antes...


“Antes do amanhecer” e “Antes do pôr-do-sol” são excelentes filmes. Recomendaria assistir primeiro o romance “Antes do amanhecer” e na seqüência o “Antes do pôr-do-sol”. Um é continuação do outro, mas uma continuação passada depois de longos 9 anos. E com o mesmo diretor e atores. Os dois romances foram dirigidos por Richard Linklater e contracenados pelos atores Ethan Hawke e Julie Delpy.
Em “Antes do amanhecer”, Jesse e Celine se conhecem num trem na Europa, mas fazem todos os momentos valerem à pena. Aqui, Ethan Hawke e Julie Delpy interpretam jovens nos seus vinte e poucos anos que se identificam imediatamente e decidem explorar Viena juntos. Nessa pegada, o amor é o destino deles.
Já em “Antes do pôr-do-sol”, a magia está no reencontro desses personagens. De tanto tempo afastado, eles não parecem mais estranhos se encontrando por acidente, e sim, agora em Paris, tendo uma chance de descobrir se o primeiro encontro acidental teria dado certo. O único problema é que eles têm apenas algumas horas para decidir se devem ficar juntos. No final do filme, tem aquele gostinho de quero mais. E agente fica com aquela certeza de que mais uns 10 anos e seremos presenteados por mais uma terceira versão.
Os filmes são histórias românticas atemporais de dois corações e duas mentes hesitantes, cuja poderosa conexão desafia o tempo e o espaço. Não é um filme fácil de encontrar, mas vale à pena encomendar e comprar.
4 de fevereiro de 2009
Sem Ana
O roteirista parece que escreveu tendo em mente todas as virtudes do cinema, onde o público vê apenas aquilo que ele escolheu, mudando tempo e espaço com muita facilidade. O roteirista, Eduardo Gameiro, oferece uma nova experiência ao público...Sem Ana. Um curta que brinca com o tempo de maneira inteligente e audaciosa. Um roteiro bem embasado, daqueles que sabe o que quer e para o que veio.
Charly Braun e os seus curtas
Em “Quero Ser Jack White”, qual o adolescente que em plena perda da virgindade não conseguiu achar o buraco certo rapidinho? Essas coisas a gente aprende rápido, não?!
Veja o curta: Quero Ser Jack White
E em “Do mundo não se leva nada”, temos certeza de que se tem um lado bom de saber que o mundo vai acabar é que a gente não se prende mais nas coisas do futuro, de fato.
Veja o curta: Do mundo não se leva nada
Maahi Rock Video
2 de fevereiro de 2009
Foi apenas um sonho

Um homem chamado Jesus

1 de fevereiro de 2009
Capítulo 2
Quando Mahya viu a filha acordar foi logo perguntando se tinha bicho na cama. Mahya, não me deixe irritada, está muito cedo pra isso, cadê papai? Desde cedo, Sofia tinha sido acostumada pela mãe de chamar-lhe pelo nome. Ela era muito jovem quando Sofia nasceu e, narcisista que era tinha medo de envelhecer, por isso nunca deixou que a filha lhe chamasse de mãe. Se ela me chamar pelo nome, vamos parecer irmãs. E pareciam. Seu pai, pra variar, está lavando aquele carro, respondeu Mahya num tom de deboche. Mahya e Pedro sempre se deram muito bem. Apesar de terem se casado apenas porque Sofia vinha ao mundo e precisava de uma dita estrutura familiar, eles eram a exceção à regra: continuavam se amando. O único assunto que tirava Mahya do sério era aquele amor exacerbado que Pedro tinha pelo carro e, também, pelo futebol. Jurava que um dia, se tivesse coragem, ia pegar um machado e meter no carro. Mahya, se isso te irrita tanto, dê um filho pra papai que o amor dele se desvia. Pedro sempre quis ter um filho, mas os anos foram se passando e nada aconteceu. Sofia, então, pra recompensar o irmão que não teve, comportava-se muitas vezes como moleque. E, exatamente nestas horas, o pai se aproximava mais dela, talvez como uma forma de gratidão. Sofia deu uma olhada pela janela e acenou para o pai. Pedro, um tanto surpreso, deu de ombros como se quisesse perguntar o que tinha acontecido e Sofia rapidamente com um gesto deu-lhe uma banana. Ele gargalhou.